PRAIA SEM LEI




Terra sem lei para o novo Xerife

Nas praias, série de irregularidades será desafio para o futuro secretário da Ordem Pública

Carlos Braga

Espaço de lazer que o carioca considera o mais democrático e barato da cidade, a praia tem se tornado cada vez mais uma terra sem lei. Para aproveitar o sol e o mar, o banhista tem que vencer uma série de obstáculos que vão dos jogadores de frescobol, que não se restringem à faixa de areia que devem ocupar, aos cachorros, que nadam e brincam com seus donos sem serem molestados pela polícia ou a Guarda Municipal. Caso insista em se divertir, precisará ainda descobrir uma área na areia que não esteja coberta pelas 221 toneladas de lixo que a Comlurb retira das praias aos sábados e domingos da alta temporada (que vai de dezembro a março).
Este é o quadro que está à espera do futuro secretário Municipal da ordem Pública, Rodrigo Bethelm, já apelidade de novo xerife da cidade. Bethlen, no entanto, não retornou à reportagem do JB para falar sobre o caso.
O loteamento das praias para abrigar uma infinidade de atividades, esportivas ou não, também está no rol de queixas de seus frequentadores. Este assunto foi discutido durante a reunião realizada ontem à noite, em um hotel de Ipanema, cuja pauta era a desordem pública que acomete o Rio de Janeiro. O debate, organizado pela Ong Projeto Segurança de Ipanema, teve a participação de vereadores eleitos e de representantes de associações de moradores. Evelyn Rosenzweig, que preside Câmara Comunitária do Leblon, pôs o tema da ocupação desenfreada das praias em pauta.
– A orla é loteada para ambulantes, escolinhas de toda a sorte, vôlei, futebol e academias de ginástica. Aquele lazer democrático acabou. Falta de fiscalização é o principal problema. Também precisa ser definido o que é possível ou não fazer na praia e de que modo.
A falta de educação de quem freqüenta a praia é o que tem contribuído para estragar um dos programas preferidos do Rio, diz a estudante de direito Indhira Soares, 18 anos. Ela aposta em uma maciça campanha de educação para solucionar parte do problema.
– As pessoas que vêm à praia não respeitam nada. A prefeitura tem que criar uma campanha para que as pessoas não sujem tanto a areia. Já vim com amigas minhas com sacos de lixo para recolher o que deixam no fim do dia – conta.
Para Eduardo Queiroz, 55, dono de um quiosque perto do Posto 9, em Ipanema, a praga que tem inviabilizado as praias cariocas é o ambulante ilegal. Além de não pagarem impostos, esse vendedores, diz Queiroz, comercializam produtos proibidos, com a condescendência da Guarda Municipal.
– Eles vendem churrasco, salsichão, sem um mínimo de higiene. E os guardas municipais consomem esses produtos e apreendem meu isopor de cerveja – acusa

Terça-Feira, 04 de Novembro de 2008 - 02:00


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