AFP
Tatuadora chilena Daniela Pabst: nas areias das praias cariocas, corpos
torneados pela academia, e outros nem tanto, desfilam os mais variados
desenhos
Rio de Janeiro - Ao ver os cariocas que passam pelas ruas do
Rio de
Janeiro, é difícil não perceber que, além do suor provocado pelas
temperaturas escaldantes de quase 40 graus, muitos levam na pele o desenho de
uma tatuagem.
Do morador da favela à senhora de 70 anos, passando por surfistas, juízes,
médicas e donas-de-casa; levar uma imagem no corpo caiu no gosto do carioca.
"[A tatuagem] é o ornamento perfeito para quem mora num lugar onde é
imperativo andar com pouca roupa", explica a antropóloga Alessandra Santa Rosa,
autora de uma pesquisa que mapeou a cultura da tatuagem no Rio de Janeiro.
"Quando muitos se vestem para expressar uma parte de sua personalidade, o
carioca faz isso mostrando o corpo".
No Rio, a tatuagem escapou da boemia dos cais e dos marinheiros em meados da
década de 1970 para ganhar as ruas de Copacabana, Ipanema e Leblon.
"Chegava à cidade a cultura do surfe, e nascia o fenômeno do 'menino do
Rio'", diz Santa Rosa.
Caio Freire foi um dos primeiros tatuadores a se instalar em Ipanema, no
início dos anos 1980.
Na galeria River, reduto de surfistas e esqueitistas, ele viu crescer o amor
dos cariocas pela arte corporal. "Hoje fico impressionado com a quantidade de
pessoas querendo se tatuar, gente de todas as idades e classes sociais",
conta.