POLÊMICA

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Rede de lojas italiana pede desculpas por campanha publicitária que mostra mulheres revistadas de forma abusiva

Publicada em 02/02/2009 às 17h46m

Luisa Valle e Madalena Romeo


RIO - A rede de lojas italiana Relish divulgou, nesta segunda-feira, em seu site, uma nota em que pede desculpas pela campanha publicitária que mostra duas mulheres sendo revistadas de forma abusiva por dois policiais em Ipanema, na Zona Sul do Rio. De acordo com a nota assinada pelo CEO da empresa, Alessandro Esposito, a campanha foi inspirada no filme "Thelma e Louise" e tinha um ponto de vista irônico. A campanha da Relish gerou polêmica na Itália, em Nápoles, onde está sendo veiculada em outdoors. Organizações feministas e até a prefeitura da cidade se manifestaram contra as fotos.

A Relish disse que não pretendia representar a mulher como um objeto, nem incentivar a violência contra ela. E acrescentou que a campanha foi planejada no ano passado e foi ao ar em dezembro, antes dos casos de violência contra a mulher. A empresa disse lamentar que a campanha tenha gerado reações e, por isso, não poderia deixar de pedir desculpas.
O CEO da Relish explica ainda que o uso de imagens fortes é um elemento frequentemente utilizado na moda e, por isso, muitas campanhas geram polêmica e controvérsia. Segundo ele, é evidente que as imagens possuem um alto grau de ironia. As modelos não estão alarmadas ou assustadas, como seria normal representar uma situação dramática de verdade.

O governador Sérgio Cabral considerou uma tolice a polêmica. Para o governador, é liberdade de expressão:
- Acho uma tolice ficar polemizando com isso. Acho que uma cidade do tamanho do Rio de Janeiro, uma cidade cosmopolita... Que bom estão falando do Rio. Imagine se Nova Iorque fosse reagir a toda propaganda ruim... O Rio é uma cidade internacional - comentou durante a inauguração do Centro de Referência da Juventude de Vila Paciência, na Zona Oeste. - É uma bobajada. É um debate tupiniquim, totalmente sem cabimento - acrescentou.

A Polícia Militar disse que as fardas dos modelos são falsas . A PM também chamou a campanha de desrespeitosa e afirmou ainda que os homens que aparecem nas fotos são modelos, e não policiais. ( Leia a íntegra da nota ). O secretário Especial de Turismo e presidente da Riotur, Antonio Pedro Figueira de Mello, repudiou veementemente a propaganda e disse que esse tipo de publicidade desrespeita não só a corporação da Polícia Militar como compromete a imagem do Rio de Janeiro e a dos próprios cariocas. A nota da rede italiana não se refere à Polícia Militar e à imagem da cidade do Rio.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, afirmou no sábado que vai trabalhar para melhorar a imagem da cidade no exterior. Ele disse que apoiará o secretário especial de Turismo e presidente da Riotur, Antonio Pedro Figueira de Mello, caso peça à Embaixada Italiana no Brasil a retirada dos outdoors em diversas cidades daquele país. Feministas querem que campanha seja retirada já
A criadora da comunidade 'Eliminare la publicità relish da Napoli' (algo como 'Eliminar a publicidade da Relish de Nápoles'), com mais de 500 membros, Lena Avolio, quer que a campanha seja retirada ainda nesta segunda-feira da cidade.

- Não é possível que esse tipo de publicidade seja feita. Nós entendemos que é preciso uma regulamentação sobre esse tipo de propaganda - afirmou a italiana, que lembrou que não chegaram a ser realizadas manifestações contra a propaganda na cidade durante o fim de semana.
No fim de semana, jornais e sites aumentaram a polêmica sobre a campanha. Segundo a mídia italiana, o escândalo faz parte da crise diplomática entre a Itália e o Brasil provocada pela concessão do status de refugiado político ao ex-militante de esquerda Cesare Battisti, foragido há 27 anos do país europeu e condenado à prisão perpétua. O site "Il Secolo XIX", da Itália, diz que a propaganda serviu para manter a alta tensão diplomática
O site da Relish continua exibindo o vídeo com o making of da campanha e as fotos. A Relish é uma rede de roupas femininas de linha jovem, com lojas em Nápoles, Bolonha e Milão.

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