OUVIDORIA DO CHOQUE

06/01/2009 02:40:00

Prefeitura vai criar 'Ouvidoria do Choque' População poderá dar queixas sobre a desordem por telefone e e-mail

Rio - O carioca vai ter à disposição um número de telefone e um e-mail para mandar reclamações, sugestões e denúncias referentes à desordem urbana. A novidade foi anunciada, ontem, entre as medidas para manter a ‘faxina’ na cidade em dia. As equipes de agentes públicos saíram cedo para as ruas da Grande Tijuca, Ipanema e Copacabana. Além de muita sujeira, eles encontraram pela frente resistência de comerciantes irregulares.

“Assim, sem lacrar, como eu não posso saber se tudo o que foi recolhido estará lá, quando eu puder retirá-lo?”, questionou a vendedora Ana Cláudia Santos, 35 anos, a guardas municipais, em Ipanema. Mesmo grávida de cinco meses, ela tentou subir no caminhão que levava seu material. Na orla de Copacabana, uma lona que servia de abrigo para o escultor Isaac Couto, 36 anos, foi apreendida. O artista reclamou da falta de apoio da prefeitura. “Está chovendo e não tenho onde me abrigar para fazer minhas esculturas. Queremos apoio para o nosso trabalho”, exigiu.

TIJUCA DEU TRABALHO

Na Grande Tijuca, a equipe de 130 agentes públicos foi cumprimentada pelo prefeito Eduardo Paes antes de iniciar os trabalhos. No Maracanãzinho, onde a ‘tropa de ordem’ estava reunida antes de sair, ele prometeu fechar o cerco na cidade nos quatro anos de governo. “As pessoas têm que aprender que não se pode fazer o que quer no espaço público”, afirmou.Logo na primeira parada, a equipe recolheu a moradora de rua Natália Brito de Araújo, 21. Natural de Vitória (ES), ela estava abrigada na encosta de um valão, no Maracanã. “Estou separada e resolvi sair de casa, na Mangueira, há uma semana”, disse ela. Também foram vistoriados pontos de táxi e ambulantes em frente à Uerj. O local considerado mais crítico na Grande Tijuca foi uma praça localizada entre o Maracanã e a Mangueira. No local, além de moradores acampados, os agentes rebocaram três carros e recolheram quase 50 pneus e material de desmanche.
Embaixo do Viaduto dos Marinheiros, onde o catador de lixo Natanael Gomes, 46, morava, foi retirado vasilhas, um armário e lixo. “Já fui mordido várias por rato aqui, mas não quero ir para abrigo”, disse ele.

BOTAFOGO, FLAMENGO, CATETE E GLÓRIA NA MIRA

Os próximos alvos da prefeitura são Botafogo, Flamengo, Glória, Largo do Machado e Catete. A previsão é que na quinta-feira esses locais recebam as ‘tropas de ordem’ para retirar entulhos, rebocar carros irregulares e, principalmente, remover das calçadas moradores de ruas, que têm transformado regiões desses bairros em albergues a céu aberto. “Uma coisa que eu posso afirmar é que não existe usucapião de calçada, nem praça. Portanto, não é digno, nem humano, que se permita que essas pessoas fiquem morando no espaço público”, afirmou o prefeito Eduardo Paes, no bairro do Maracanã, durante a tarde.

Não por acaso, a prefeitura adiantou que vai ampliar de dois para cinco o número de hotéis-albergues. Com as novas aquisições, vão ser 200 vagas a mais.Na sexta-feira, o choque de ordem urbana chega mais intenso à região do Centro. Um dos projetos é o Lapa Legal, que vai ‘arrumar’ o ponto boêmio da cidade, lotado de camelôs e flanelinhas. As ações vão acontecer, na maioria das vezes, no período da noite, quando aumenta o número de ambulantes.

Com reportagens de Amanda Pinheiro, Celso Oliveira, Christina Nascimento, Francisco Edson Alves e Natalia von Korsch

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