CHOQUE DE ORDEM

Choque de Ordem percorre 10 bairros

Ana Paula Verly, JB Online

RIO - A operação Choque de Ordem percorreu 10 bairros no terceiro dia de trabalho. Entre eles, Copacabana, Ipanema, Barra e Tijuca. A ação causou alívio em moradores da Glória, como Mário da Silva, 44 anos, síndico do prédio 294 da Rua da Lapa. Em frente ao edifício, que divide a Lapa e a Glória, fiscais desmontaram uma cerca armada por moradores de rua e catadores para proteger toda a sorte de material recolhido das ruas, além de fogão, cama e sofá.

– Aqui servia de ponto de prostituição, lugar para guardar fiação roubada, consumo de droga e moradia. Outro dia, um camarada tentou matar o outro com um machado. Teve até uma senhora que deu à luz aqui. Até geladeira eu já vi desmontarem no meio da rua – contou Mário.
A preocupação de Mário é o problema voltar quando os fiscais virarem as costas. O subprefeito da Zona Sul, Bruno Ramos, prometeu que não.

– Pode ter certeza de que não vai ser esporádica – disse, sobre a operação.

A cerca de 10 metros de distância, na Rua da Glória, em frente à Praça Paris, os fiscais recolheram mercadorias usadas vendidas na calçada. Como na ação anterior, os infratores fugiram, deixando para trás livros, roupas, sapatos e brinquedos velhos. No Largo do Machado, cinco moradores de rua foram acolhidos e levados para abrigos: um casal com anotação criminal e o filho de três anos, sem documentos; um menor de idade que acabara de cometer o golpe conhecido como saidinha de banco e um idoso, que contou ser portador do vírus da Aids aos assistentes sociais da prefeitura. A fonoaudióloga Lúcia Silveira, 60 anos, moradora do bairro, aprovou a operação, com uma ressalva.

– Se continuar, ótimo. Se for só para mostrar serviço em início de governo, não acho bom – opinou Lúcia, preocupada com o patrimônio público – Qualquer casarão antigo vira depósito. Na Rua do Lavradio está cheio – alertou.

Para estudar os problemas e soluções para a Lapa e entorno, a comissão do LapaLegal, presidida pela secretária municipal de Cultura, Jandira Feghali, se reúne hoje com representantes de ambulantes, setor hoteleiro, líderes comunitários, comerciantes e empresários da região. Também hoje começam as ações no Centro, com “esforço maior”, segundo Rodrigo Bethlem.

– É a região que concentra o maior número e variedade de problemas, além de afetar metade da população. Vai ser uma batalha dura e demorada, que vai demandar um efetivo grande – calcula Bethlem.

Na tarde de terça-feira, o subprefeito do Centro, Marcus Vinícius Lima, foi agredido com um tapa na cara por uma mulher de cerca de 60 anos, durante uma operação na região da Central do Brasil.

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