OBELISCO-SAI OU NÃO SAI ??



Obelisco: a pedido dos moradores, funcionários limpam passarela

Carlos Braga, Jornal do Brasil

RIO - Os funcionários do Edifício Astória podem não saber, mas prestam serviço terceirizado para a prefeitura do Rio. Localizado no número 639 da Rua Visconde de Pirajá, em Ipanema, o Astória situa-se em frente ao polêmico obelisco de Ipanema, cria da gestão Cesar Maia. Segundo o zelador Roberto Davi Lemos, quase todos os condôminos foram contra sua construção e a favor de que ela venha abaixo. Mas, já que a indesejada estrutura está ali mesmo, cuidam para que a decadência não se instale completamente. E pedem aos faxineiros do prédio que de vez em quando limpem a passarela inacabada – pela qual ninguém passa.

– Às vezes o síndico pede para a gente varrer lá a passarela. Aquilo ali acumula lixo que as pessoas jogam lá de cima e água. E também tem a sujeirada danada que os pombos fazem ali dentro – conta o zelador, que julga a obra de Cesar um gasto supérfluo.

Sujo e mal conservado

O síndico Almir Mattos Barbosa confirma que volta e meia ordena a funcionários que façam uma faxina caprichada na passarela. Foi contra a construção da estrutura e é a favor de que a retirem de lá. Mas, enquanto está por ali, prefere evitar que o monumento se degrade ainda mais. Da janela do seu apartamento no terceiro andar, o síndico vai arrolando os problemas que, segundo ele, o obelisco trouxe para aquele pedaço do bairro.

– Tem uma moradora que reclama à beça dos cocôs dos pombos. Na verdade, virou uma morada dessas aves, que nascem, vivem e morrem ali. A lâmpada da cúpula ficou mais de um ano queimada – reclama o síndico. – Só no Ano Novo vieram aqui trocar. O obelisco é muito mal conservado. A cor amarela da calçada se confunde com o amarelo com que pintaram o asfalto. De vez em quando acontecem acidentes por causa dessa má sinalização.

Ana Maria Segneri vai frequentemente ao Astória para visitar sua prima, Elizabeth Correa Meyer. As duas testemunharam o surgimento e a decadência do Obelisco. Não gostavam dele quando novo e ainda menos sujo e mal conservado. Para elas, a obra conjuga ausência de beleza com falta de utilidade.

Apoiam a retirada do monumento e até se surpreendem quando são informadas de que há pessoas a favor da permanência da obra.

– Ele impede o fluxo do trânsito, além de enfear o lugar – opina Elizabeth. – Sou a favor da retirada da obra do “Cesar Mala”. Nem que fosse bonito deveria ficar. Onde há trânsito não pode ter nada atrapalhando. Até apelidamos o obelisco com uma palavra que não podemos falar.
Do dia da inauguração, a professora universitária aposentada Stela Poian se lembra das pessoas subindo na passarela, antes da cerimônia de abertura, para ficar espiando os moradores dos apartamentos, quase colados com a obra. Ela lembra que a escada que levava à passarela não durou muito e foi retirada duas horas antes do evento.

– Não é uma construção bonita nem funcional. É um nada. É pior que nada, aliás. É feio e agride. Virou abrigo para mendigos, em dias de chuva, e condomínio de pombo – criticou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário