CRIADOR DO OBELISCO

À procura do criador do Obelisco

Felipe Sáles, Jornal do Brasil


RIO DE JANEIRO - Criador do Obelisco, o arquiteto e urbanista Paulo Hamilton Casé preferiu não comentar a enquete do do JB Online, sobre derrubada ou não do monumento, idealizada após a entrevista do prefeito Eduardo Paes publicada no último domingo. Procurado durante toda a semana em seu escritório em sua casa, Casé não quis falar e desligou o telefone celular antes mesmo de ouvir a palavra “Obelisco” do repórter do JB.

O assunto já lhe rendeu boas dores de cabeça ao longo dos últimos 13 anos, desde que coordenou o Rio Cidade, de que fazem parte o Obelisco e a passarela. Um desafio a mais para um homem de 77 anos, descrito como comedido, amistoso e bon vivant.

Casé é filho do radialista Ademar Casé e tio da atriz Regina Casé. Segundo amigos próximos, um homem capaz de conversar sobre qualquer assunto. Colegas de profissão o definem como um pensador do urbanismo.

Casé é tão querido que os amigos mais chegados, como o poeta Ferreira Gullar, preferem nem comentar a polêmica em torno do Obelisco. E mesmo o prefeito Eduardo Paes demonstra respeito ao autor da obra que desagrada os moradores de Ipanema:

– Não gostaria de desagradá-lo, o Paulo é um apaixonado pela cidade, uma alma carioca.

Nos últimos dias, nem mesmo o porteiro de seu edifício, no Jardim Botânico, o tem visto. Seu Nunes, há 35 anos dono do bar Central da Ponte – onde Casé às vezes passa para tomar um café ou um chope – o define como uma pessoa de poucas palavras. O contrário do que diz o arquiteto Demetre Anastassakis, que o conhece há mais de 40 anos e de quem foi aluno na Escola Nacional de Belas Artes.

– Sempre falamos mais de trabalho, é uma pessoa muito amigável – comentou. – Certamente, ele não gosta de ser criticado, mas de forma alguma sua carreira será marcada por isso. Ninguém acerta em tudo sempre. Eu, particularmente, gosto do Obelisco, mas não da passarela, que leva nada a lugar nenhum.

Maia, agora, defende Obelisco

Em 19 de setembro, o então prefeito Cesar Maia disse que apoiava a demolição, mas consultaria antes o arquiteto. Nada foi feito e, agora, o alcaide parece mudar de idéia – depois de, em 1996 considerar a obra “a consagração do Rio Cidade”.

– O Obelisco marca a história da região – argumentou o ex-perefeito sexta-feira por e-mail. – Tirá-lo será um crime contra a memória de Ipanema. Deve ser ideia de gente de outro bairro.

Maia refere-se ao principal argumento de Casé. O arquiteto – que em 2003 afirmou que o Obelisco merecia ser tombado – defende que sua construção foi elaborada porque o local marca o ponto final dos bondes que passavam pela Zona Sul.

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