VANDALISMO NA ORLA

Vandalismo na orla

Foliões quebraram vidro de prédio e destruíram vegetação de restinga em Ipanema

Isabela Bastos

RIO - Se é consenso que a organização dos blocos apresentou avanços , como O GLOBO mostrou na terça-feira, a festa ainda está longe de passar em brancas nuvens para os moradores da rota dos desfiles e para o patrimônio público. Um prédio da Avenida Vieira Souto, em Ipanema, teve o vidro da portaria quebrado na passagem do Simpatia É Quase Amor, no sábado, conforme noticiou a coluna Gente Boa, do GLOBO. Outros edifícios da orla tiveram os jardins danificados pelos foliões, que pisotearam plantas e flores. Nem mesmo a vegetação de restinga da Praia de Ipanema escapou. Quatro dos nove canteiros de plantas nativas reintroduzidas nas dunas pelo Instituto E, em parceria com a prefeitura, foram destruídos por foliões do Empolga às 9 e do Bloco da Preta, ambos no domingo.

(Foliões pisoteiam restinga em Ipanema)

(Redes sociais inflaram blocos de carnaval recém-criados que tumultuaram desfile na Zona Sul)
Segundo a diretora do Instituto E, Nina Braga, o replantio da vegetação de restinga começou a ser feito em março do ano passado, em parceria com diversos órgãos da prefeitura. O projeto pretende criar 18 canteiros de vegetação nativa na orla de Ipanema e em parte do Leblon. Nove canteiros já haviam sido introduzidos nas dunas, sendo que os quatro que foram destruídos eram os mais novos. Eles ficavam no trecho entre a Rua Farme de Amoedo e o Jardim de Alah:

- Pisotearam em poucas horas um trabalho de meses. Fizeram das plantas parte do asfalto. Danificaram um patrimônio que é de todos. As mudas são produzidas por um horto apenas, na Zona Oeste. As plantas demoram meses para chegar a um tamanho bom para o replantio. Os danos ficarão visíveis por muito tempo - reclama Nina.

Os estragos se estenderam aos jardins dos prédios da orla e até mesmo às vidraças de um edifício. Preocupados, moradores de alguns condomínios se precaveram e cercaram os jardins com grades de madeira e fitas. Mas, em alguns casos, não adiantou. Segundo Ignez Barretto, do Projeto Segurança de Ipanema, que reúne cerca de 600 moradores do bairro, o vidro da portaria do prédio 364 da Avenida Vieira Souto foi chutado várias vezes por foliões, que só pararam quando o blindex rachou. Os jardins dos edifícios foram usados como ponto de descanso e de acomodação de geladeiras de isopor pelos ambulantes.