Rio, cidade de sujeira e de mendigos
João Pequeno, JB Online
RIO - Apontada por 35% dos 600 entrevistados de uma pesquisa da UniverCidade, a sujeira apareceu pela primeira vez como maior problema do Rio para turistas que visitaram a cidade em julho, enquanto a mendicância veio logo atrás (30%), deixando a questão da segurança em terceiro (20%). O estudo é feito regularmente há oito anos.
A boa avaliação da qualidade dos serviços, como bares, restaurantes e hotéis, foi a melhor surpresa, segundo os professores responsáveis pela pesquisa, Bayard Boiteux e Mauricio Werner, ficando em segundo lugar entre os fatores apontados como positivos (30%). A população anfitriã seguiu a tradição hospitaleira carioca, fator mais elogiado, por 40% dos entrevistados.
Espanhol, morando atualmente em São Paulo, o advogado David Muñoz, de 27 anos, não lembra de ter visto uma porta de entrada com tanta sujeira quanto a Linha Vermelha, por onde chegou ao Rio, de ônibus, após já ter passado por Itália, Estados Unidos e Porto Rico. O que mais chamou sua atenção, no entanto, foi a sujeira do Centro.
– Em todo o mundo, os centros das cidades costumam ser bem cuidados, até por serem locais de atração turística – notou.
Amiga de Muñoz, a economista irlandesa Annie Lavin, também de 27 anos, classifica como “terrível” a quantidade de mendigos nas ruas.
– Há pessoas nas ruas em toda cidade grande, inclusive em Dublin, mas não tanto quanto aqui. Acho necessário, ver a realidade, mas evito dar dinheiro a crianças, que não deveriam estar pedindo ou vendendo chicletes – opina.
Morador de Petrópolis, e acostumado a ser abordado no Rio, o contabilista inglês Stewart Smith, 33 anos, desenvolveu o hábito de dizer “não” automaticamente aos pedintes. – Antes, eu conversava muito, eles insistiam. Já o engenheiro espanhol Gerardo Embáran, também de 33, contou seis abordagens em 40 minutos tomando cerveja com colegas em um quiosque na Praia de Copacabana.
A proliferação de pombos na areia indica sujeira para os irmãos Colette e Jim Angel, de 21 e 20 anos, naturais de Chicago, nos Estados Unidos – país do maior número de turistas em julho, segundo a pesquisa (30%), seguido por Portugal (25%), Alemanha (20%) e França (10%). Colette confirmou que até em Chicago, os pombos têm o mesmo apelido daqui.
– Flying rats (ratos com asas, em inglês) – dispara.
Para Bayard Boiteux, coordenador-geral da Faculdade de Turismo da UniverCidade, não há uma explicação científica para os americanos terem sido mais numerosos em julho, “embora, tradicionalmente, os europeus se interessem mais por traços culturais, como o Carnaval”.
– Quanto aos mendigos, não dá para disfarçar a carência com choque de ordem – avalia.
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