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Moradores pagam por policiamento na Zona Sul

Mário Hugo Monken, JB Online


RIO - Com a violência crescente na Zona Sul, a população da região vem apelando para ajuda financeira à polícia como forma de melhorar as condições de trabalho dos policiais e garantir produtividade.

Em vários bairros, moradores e comerciantes fornecem aparelhos Nextel aos PMs e até a guardas municipais. Custeiam alimentação, água e energia elétrica, além de bancarem reformas em cabines.

No Leblon, a Associação Comercial fornece dois rádios Nextel para a PM, três para a Guarda Municipal e um para a Polícia Civil. Cada um custa R$ 100 mensais. Os aparelhos integram uma rede de comunicação que inclui também seguranças particulares que circulam pelas ruas.

A presidente da Associação Comercial, Evelyn Rosenzweig, disse que a iniciativa existe há um ano e tem tido êxito.

– Recentemente, conseguimos identificar uma dupla que praticava saidinha de banco na Ataulfo de Paiva. A polícia foi comunicada e prendeu os suspeitos – elogiou

Em Botafogo, também há ajuda. A Associação de Moradores da Lauro Muller doou dois rádios para os policiais miltares que trabalham na cabine em frente ao Shopping Rio Sul.

– A polícia não nos pediu nada. Foi sugestão nossa. Os pares de olhos dos moradores são uma extensão da atuação da Polícia Militar – disse Abílio Tozini, presidente da entidade.

Abílio afirmou que todos os moradores da Lauro Muller e adjacências têm o número do rádio usado pelos PMs. Segundo ele, toda vez que acontece alguma irregularidade, eles são acionados.

Na Lagoa, a presidente da Associação de Moradores da Fonte da Saudade, Ana Simas, afirmou que a entidade doou um filtro de água para PMs que ficam em uma cabine. Disse ainda que os moradores pagam a energia elétrica do posto policial. Já os comerciantes custeiam a alimentação.

A Associação de Moradores da Praça Cardeal Arcoverde, em Copacabana, é responsável pela manutenção da cabine policial na praça. Segundo a diretora, Vera Távora, a associação fica encarregada da pintura, da mobília e de outros serviços.

– Às vezes, temos problemas com as raízes de árvores que crescem e atingem o vaso sanitário. Com isso, temos que contratar um serviço especializado para desentupir – contou.

Telefone

A presidente da Associação de Moradores do Catete e Praia, Maria José Galvão, afirmou que, nos próximos dias, vai realizar uma reunião para arrecadar fundos para a instalação de um telefone na cabine da PM que fica na Praça José de Alencar. Disse ainda que vai procurar saber se no posto do Largo do Machado há telefone. Caso não haja, adiantou que poderá ajudar também.

– Temos que ajudar quem precisa. Soubemos de uma história de que uma mulher circulava sem roupa na praça e os policiais militares não fizeram a ocorrência porque não tinham telefone para se comunicar com o batalhão – informou.

Em São Conrado, o presidente da Associação dos Moradores (Amasco), José Britz, afirmou que a entidade conseguiu que uma empresa de automóveis bancasse a reforma de uma cabine na Estrada das Canoas.

Cupins atacam

Na Urca, a ex-presidente da Associação de Moradores, Ana Luiza Rodrigues, afirmou que a entidade fica responsável pelo custeio de qualquer problema estrutural na cabine policial. Da última vez, teve que realizar uma obra porque colunas foram atacadas por cupins.

O vice-presidente da Associação de Moradores do Leme, Francisco Chagas Nunes, afirmou que a entidade pretende custear uma geladeira, um ventilador e a reforma interna de uma cabine policial na Avenida Atlântica. Vai solicitar ainda a instalação de um telefone público em frente ao posto:

– Nossa idéia é fazer uma rifa no bairro, correr a sacolinha.

A mesma ideia têm os moradores de Ipanema. A presidente da associação comunitária, Maria Amélia Loureiro, disse que está à espera de recursos para poder ajudar no fornecimento de rádios Nextel

– A Guarda Municipal já nos falou que poderia realizar um melhor trabalho se tivesse mais rádios – declarou.

Tem gente que é contra a ajuda. É o caso do presidente da Associação de Moradores da Glória, Mauro Vidal.

– Quem tem que fazer isso é o governo – reclamou.

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