PM APOSENTA GUARITAS

.PM aposenta guaritas na Zona Sul

Nara Boechat e Mario Hugo Monken, JB Online

RIO - Vazias e por vezes atacadas por vândalos, as cabines da Polícia Militar entre os bairros de Ipanema, Leblon, Lagoa, Gávea, Jardim Botânico e São Conrado estão próximas de desaparecer. A corporação anunciou que desativará definitivamente 21 dos 25 postos na região policiada pelo 23º Batalhão (Leblon).

Essas 21 cabines já não estavam funcionando e serão retiradas em breve. Apenas quatro serão mantidas, segundo o comandante do 23º BPM, tenente-coronel Sérgio Alexandre do Nascimento. São elas a da Praça General Osório, em Ipanema; a da esquina entre as Ruas Visconde de Pirajá e Garcia D'Ávila e a do Arpoador, no mesmo bairro; além de outra em São Conrado.

– Essas cabines que já não estavam funcionando não atendem ao interessse público. Não estava valendo a pena manter oito policiais em cada uma delas. Já distribuímos o efetivo em policiamento motorizado e a pé – disse.

Segundo o oficial, as cabines que serão mantidas são de extrema importância. Ele adiantou que o posto no Arpoador, reformado recentemente, receberá o reforço de mais quatro PMs e uma viatura.

– A Praça General Osório tem grande circulação, além de comércio e terminais de ônibus. A da Garcia D'Ávila fica no coração de Ipanema – justificou

Ontem pela manhã, o Jornal do Brasil percorreu algumas das cabines que já não funcionavam e constatou o abandono. Uma delas, na Lagoa, teria até sido roubada, de acordo com o depoimento do porteiro de um prédio no bairro.

Apesar de desativada, uma cabine em Ipanema tem um relógio funcionando e um bebedor.

O servente do prédio em frente a uma das guaritas da Avenida Epitácio Pessoa, Marcelo Leandro, diz que viu um policial no posto pela última vez no sábado passado.

– Há cerca de dois meses, o síndico do prédio pediu para nós limparmos a cabine, pois já estava juntando muita sujeira no local – lembra.

O síndico do mesmo prédio, Rodrigo Pimentel, ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM, diz que o posto foi feito com a doação de moradores locais. Ele afirma que há policiamento, mas só durante o dia.

– Agora ficam dois policiais, mas chegou a ficar um ano sem ninguém – relata o ex-policial.

Elza Costeira, arquiteta e moradora da Lagoa há mais de 20 anos, confirma o relato de Pimentel e lembra que foi uma das pessoas que contribuíram com a construção da cabine.

– Eu já vi até ambulantes utilizando a cabine para guardar mercadorias – ressalta a arquiteta.


Janelas quebradas

A situação estava ainda pior em outro posto policial na Lagoa, próximo ao Corte do Cantagalo. As janelas estavam quebradas, os fios, soltos, e não havia cadeiras. Segundo Antonio Rodrigues, porteiro de um edifício em frente à cabine, os moradores sempre reclamam do grande número de assaltos.

– Uma vez, liguei para o 190 (telefone de emergência da PM) e pedi uma viatura, porque uma moradora do prédio foi assaltada em frente e levaram tudo. A polícia só vem aqui quando a pessoa é famosa – afirma Antonio, que já viu mendigos usando o local como banheiro e pessoas roubando objetos.

Na Avenida Vieira Souto, na Praia de Ipanema, o JB visitou duas cabines, uma no Posto 9 e outra no Arpoador. Estavam fechadas.

A presidente da Associação Comercial do Leblon, Evelyn Rosenzweig disse que vai pedir ao comandante que mantenha também a cabine que fica no final da Avenida Ataulfo de Paiva.

– É uma área com muitos restaurantes e vida noturna agitada. Mas a maioria das cabines não tem utilidade e mantê-las vazias é uma desmoralização – disse.

Já o presidente da Associação de Moradores de Ipanema, Carlos Monjardim, quer que o posto do Jardim de Alah continue.

– Ali é área de pontos de ônibus e se a autoridade não estiver presente, vira baderna – declarou.