BANDA DE IPANEMA


Banda de Ipanema arrasta 40 mil foliões para o bairro

Já o bloco Imprensa que Eu Gamo cantou o que foi manchete

LUDMILLA DE LIMA
LEANDRA LIMA


Multidão ocupa a Avenida Vieira Souto durante o desfile da Banda de Ipanema

MARCELO CARNAVAL / O GLOBO

RIO - A dois fins de semana do carnaval, os mais animadinhos não têm do que reclamar da alegria. A Banda de Ipanema, que desfila pelo 47º ano e presta uma homenagem ao Cacique de Ramos, reuniu 40 mil pessoas, segundo estimativas da RioTur. O cálculo foi realizado a partir de imagens aéreas.
A prefeitura disponibilizou 175 banheiros químicos e 18 conteinêres pelo percurso do desfile. De acordo com as informações da Secretaria de Ordem Pública, 35 pessoas foram detidas urinando na rua, e foram encaminhadas para a delegadia. Além do efetivo da Unidade de Ordem Pública (UOP) e dos agentes das praias, 120 guardas municipais trabalharam na manutenção da ordem.
Marcado para sair às 18 horas, a Banda antecipou a saída do desfile em meia hora. O grupo saiu da Praça General Osório e seguiu pela Avenida Vieira Souto até a Rua Joana Angélica e Visconde de Pirajá, de onde retornaram para a praça.
Atrás do bloco, um grupo de seis amigos curtia a folia. Três deles, Rodolfo Monteiro, Paulo Ribeiro e Ana Cecília Basto, frequentam o bloco há 15 anos, e dizem que a alegria das fantasias os faz retornarem todos os anos.
- As fantasias são muito caricatas, e sempre achei divertido ver a criatividade dos travestis na hora de montar a fantasia - diz o psicólogo Paulo.
Rodolfo percebe uma maior diversidade de foliões nos últimos carnavais:
- De uns tempos para cá, o público hétero tem comparecido mais - comenta Monteiro.
- Todo nós moramos aqui na Zona Sul e este é um dos fatores que pesa na hora de escolher o bloco para curtir, além de toda a irreverência - acrescenta Ana Cecília.
O bloco de Ipanema homenageou também Nelson Rodrigues, Herivelto Martins, Luiz Gonzaga, Jorge Amado e J. Cascata, que completariam 100 anos este ano. Para Nelson Rodrigues Filho, que desfilava no carro dos organizadores, o carnaval estava maravilhoso:
- Essa multidão está animada e feliz há mais de três horas. O brasileiro sabe muito bem se organizar para a festa. Esse é o espírito do carnaval do Rio, a maior e melhor festa popular do mundo.
O bloco Cacique de Ramos é um dos mais tradicionais do Rio de Janeiro. O diretor do bloco César Borges considera a homenagem do Banda de Ipanema "exepcional".
- Estamos num momento em que as pessoas estão reconhecendo a grande dedicação que há 50 anos temos com o público do Cacique. A homenagem da Banda [de Ipanema] feita hoje e a que a Mangueira prepara para a Sapucaí é algo, para nós, excepcional. Ficamos extremamente felizes.
Imprensa que Eu Gamo canta o que foi manchete
O desfile do bloco Imprensa que Eu Gamo começou às 15h30m deste sábado no Mercadinho São José, em Laranjeiras. Segundo a estimativa da Polícia Militar, a diversão contou com 3 mil pessoas. Organizado por jornalistas, o bloco foi embalado por um samba cuja letra é um manancial de referências a assuntos que dominaram a imprensa nos últimos tempos, da Luiza que voltou do Canadá aos ministros demitidos do governo Dilma.
Os autores da música, aliás, já são quase compositores cativos do bloco: é a terceira vez consecutiva que vencem o concurso da escolha do samba. No quesito organização, tudo correu bem: a prefeitura enviou um efetivo de dez fiscais do controle urbano e 60 guardas municipais para monitorar o desfile.

Desliga da Justiça por ‘um carnaval mais família’

O bloco Desliga da Justiça se concentrou, no início da tarde deste sábado, na Praça Santos Dumont, no Baixo Gávea. Eram esperadas 2.500 para o desfile, segundo a Riotur. Este ano, o bloco resolveu sair mais cedo - a concentração começou às 11h - e acabou atraindo menos pessoas. A estrutura montada pela Riotur foi aprovada por foliões.

Na Gávea, o Desliga da Justiça seguiu ocupando a Praça Santos Dumont sem grandes transtornos no início da tarde. Dezenas de ambulantes trabalham na área do bloco, mas a maioria é cadastrada. Houve dezenas de banheiros químicos na praça, sem grandes filas. Equipes de limpeza e segurança organizaram o uso dos sanitários.

- O bloco era mais tarde, mas o nosso objetivo é fazer um carnaval família, sem muvuca. Por isso, passamos a concentração para o fim da manhã - diz Marcelo Erthal, um dos fundadores do Desliga.
Este é o terceiro ano do bloco, que no desfile do ano passado atraiu cinco mil foliões. A bateria foi formada por 60 integrantes de diferentes blocos e oficinas de batuque do Rio. O bloco é famoso por ter muita gente fantasiada. Os integrantes da bateria usam roupas de super-herois.

- Aqui não pode entrar com latinha nem garrafa - conta um dos funcionários contratados para monitorar os banheiros.

A irreverência também é uma marca do Desliga. Alexandre Morand, que toca surdo no bloco, foi para a pracinha fantasiado de super OB.

- Não basta ser OB, tem que ser usado - brincou o folião.

O administrador Lucas Bellis brincava ao som do Desliga da Justiça vestido de Capitão Asa. Para enfrentar o calor da fantasia, ele instalou um pequeno ventilador debaixo da roupa. Um canudinho acoplado ao macacão matava a sede do folião, com vodca e energético.

- Vou para Dubai no carnaval e por isso estou aproveitando o pré-carnaval. O bloco não está muito cheio e a estrutura está bem boa - avaliou.

O empresário Beto Warwar levou as filhas gêmeas, Juliana e Carolina, de 7 anos, para o bloco. As duas aproveitavam o carnaval bem próximo ao cercadinho que protegia a bateria.
- Moro na Gávea, e aqui o carnaval é bem família, bem tranquilo. Nunca teve problema. E a infraestrutura está aprovada - disse Beto.

Spanta Neném ganha corda para separar foliões dos carros

Na Lagoa, o Spanta Neném fez o seu desfile a partir do Parque do Cantagalo. O bloco, num acordo com a prefeitura, saiu mais cedo do que o previsto. O início do desfile estava marcado para 13h, mas o grupo começou a andar às 12h30m. A novidade este ano é que o bloco contratou, por conta própria, homens de apoio para segurar uma corda que separa os foliões, na ciclovia e na calçada, das pistas de trânsito. No ano passado, muita gente foi para o meio da rua, atravancando o tráfego. Agentes da CET-Rio organizam o trânsito - que flui sem problemas - durante a passagem do bloco. E fiscais do Choque de Ordem da prefeitura retiraram do meio dos foliões os ambulantes com carrinhos, mesmo os credenciados. Com isso, quem foi atrás do bloco pôde dançar e brincar o carnaval sem obstáculos. O clima no Espanta foi basicamente jovem, mas isso não impede que crianças estejam no grupo, caindo na folia.

- A gente saiu um pouquinho mais cedo para não gerar transtornos - diz Diogo Castelão, um dos fundadores do bloco, explicando que o desfile vai até o Clube Caiçaras.

A universitária Marcela Tavares explicou porque vai ao Espanta todos os anos:
- Eu venho todos os anos porque é um dos blocos mais famosos, e o que tem a melhor letra de samba - avaliou Marcela, acrescentando que o bloco tem ainda um clima de paquera. - É um bloco Zono Sul, por isso encontro muita gente conhecida, e a paquera rola muito.
Amiga de Marcela, a também universitária Raissa Py garantiu:


- Aqui tem muita gente bonita.

O desfile do Espanta teve o apoio de dois carros de som. Apesar dos banheiros químicos instalados pela prefeitura e pelo próprio bloco, os foliões encontraram longas filas nos sanitários.
O Spanta Neném esteve no seu 10º desfile e apresentou um samba próprio, além de também tocar sambas clássicos nos momentos das paradinhas da bateria. Esta é formada por cem ritmistas, a maioria proveniente de oficinas de batuque da escola de samba São Clemente e do projeto social do Spanta no Morro Dona Marta. Outra iniciativa do bloco foi instalar, em parceria com patrocinadores, cerca de 40 banheiros químicos no trajeto do desfile, que se somam aos colocados pela prefeitura. Foliões continuam chegando à Lagoa, e o bloco tem um clima bem familiar, com muitas crianças.


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