‘Puxadinho’ do metrô é opção equivocada
O governo do Rio de Janeiro já está tocando as obras de extensão do metrô do Rio até a Barra da Tijuca, a partir de Ipanema, uma das mais importantes intervenções urbanísticas da agenda do poder público com vistas às Olimpíadas de 2016. Tanto quanto movimentar máquinas e operários, também avança a polêmica sobre o traçado escolhido para a nova rede, mobilizando forças da sociedade contrárias ou favoráveis à opção em curso.
A necessidade de aumentar a malha metroviária é um consenso, em razão das demandas de transporte da Região Metropolitana – que, se não forem atacadas com profundas e estruturais transformações na política para o setor, inviabilizarão de vez o sistema viário fluminense. Mas, se esse é um ponto em que há concordância geral da sociedade, o mesmo não se pode dizer do projeto escolhido para esticar a malha da Zona Sul à Zona Oeste. As críticas ao programa de expansão são consistentes e deveriam ser levadas em conta.
Recentemente, o Clube de Engenharia integrou-se à lista de críticos do projeto. Em carta ao governador Sérgio Cabral, a entidade defendeu a ideia de se fazer a expansão com vistas ao futuro aproveitamento da estação da Gávea, a ser construída, como cruzamento entre a atual Linha Um e a Linha Quatro, tal como previsto inicialmente.
A proposta do Clube reflete uma preocupação que se baseia numa realidade visível na rotina de superlotação e atrasos do metrô carioca. Mas, em lugar de conceber o desenvolvimento da rede metroviária a partir da criação de novas malhas, com a estação Gávea construída em dois níveis, o governo estadual optou por fazer uma espécie de “puxadinho” da atual Linha Um até a Zona Oeste. Ou seja, quando começarem a rodar no novo trecho, os vagões do metrô, em vez de desafogar um sistema sobrecarregado, agregarão mais passageiros, pressionando a atual demanda, que já compromete a eficácia da rede em operação.
Perde-se assim a oportunidade única de, graças às bilionárias inversões financeiras na infraestrutura da cidade, estimuladas pelos Jogos de 2016, o Rio promover em seu sistema metroviário melhorias substanciais, projetadas para superar deficiências presentes e suportar previsíveis pressões de aumento no número de passageiros no futuro. Isso sem falar no aperfeiçoamento global do sistema de transportes, no trânsito e no crescimento ordenado da cidade, prometidos legados das Olimpíadas e preocupação primordial do movimento que levou à candidatura carioca junto ao COI.
O documento do Clube de Engenharia, formulado por uma entidade que congrega especialistas na matéria, sugere que se abandone a opção equivocada e se volte ao projeto original. Do ponto de vista técnico, é viável alterar a concepção do plano de expansão do metrô. E, do ponto de vista dos interesses da cidade, a mudança é um imperativo. Caso contrário, a extensão da rede até a Barra poderá passar como mera intervenção para atender a vinte dias de competições esportivas em 2016, e não para enfrentar demandas de pelo menos mais vinte anos à frente.
O Globo/AC
O governo do Rio de Janeiro já está tocando as obras de extensão do metrô do Rio até a Barra da Tijuca, a partir de Ipanema, uma das mais importantes intervenções urbanísticas da agenda do poder público com vistas às Olimpíadas de 2016. Tanto quanto movimentar máquinas e operários, também avança a polêmica sobre o traçado escolhido para a nova rede, mobilizando forças da sociedade contrárias ou favoráveis à opção em curso.
A necessidade de aumentar a malha metroviária é um consenso, em razão das demandas de transporte da Região Metropolitana – que, se não forem atacadas com profundas e estruturais transformações na política para o setor, inviabilizarão de vez o sistema viário fluminense. Mas, se esse é um ponto em que há concordância geral da sociedade, o mesmo não se pode dizer do projeto escolhido para esticar a malha da Zona Sul à Zona Oeste. As críticas ao programa de expansão são consistentes e deveriam ser levadas em conta.
Recentemente, o Clube de Engenharia integrou-se à lista de críticos do projeto. Em carta ao governador Sérgio Cabral, a entidade defendeu a ideia de se fazer a expansão com vistas ao futuro aproveitamento da estação da Gávea, a ser construída, como cruzamento entre a atual Linha Um e a Linha Quatro, tal como previsto inicialmente.
A proposta do Clube reflete uma preocupação que se baseia numa realidade visível na rotina de superlotação e atrasos do metrô carioca. Mas, em lugar de conceber o desenvolvimento da rede metroviária a partir da criação de novas malhas, com a estação Gávea construída em dois níveis, o governo estadual optou por fazer uma espécie de “puxadinho” da atual Linha Um até a Zona Oeste. Ou seja, quando começarem a rodar no novo trecho, os vagões do metrô, em vez de desafogar um sistema sobrecarregado, agregarão mais passageiros, pressionando a atual demanda, que já compromete a eficácia da rede em operação.
Perde-se assim a oportunidade única de, graças às bilionárias inversões financeiras na infraestrutura da cidade, estimuladas pelos Jogos de 2016, o Rio promover em seu sistema metroviário melhorias substanciais, projetadas para superar deficiências presentes e suportar previsíveis pressões de aumento no número de passageiros no futuro. Isso sem falar no aperfeiçoamento global do sistema de transportes, no trânsito e no crescimento ordenado da cidade, prometidos legados das Olimpíadas e preocupação primordial do movimento que levou à candidatura carioca junto ao COI.
O documento do Clube de Engenharia, formulado por uma entidade que congrega especialistas na matéria, sugere que se abandone a opção equivocada e se volte ao projeto original. Do ponto de vista técnico, é viável alterar a concepção do plano de expansão do metrô. E, do ponto de vista dos interesses da cidade, a mudança é um imperativo. Caso contrário, a extensão da rede até a Barra poderá passar como mera intervenção para atender a vinte dias de competições esportivas em 2016, e não para enfrentar demandas de pelo menos mais vinte anos à frente.
O Globo/AC
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