CONVITE








É possível ...

Às vésperas do próximo evento, em Copacabana no dia 12 de Outubro, e em face das diferentes interpretações a respeito da concentração em protesto à corrupção, ocorrida no último dia 20, na Cinelândia, levando-se em consideração apenas a presença ao evento, estimada entre 2.500 e 5.000 pessoas, parece-nos oportuno uma reflexão sobre aqueles movimentos contra a corrupção, desde suas criações.

Assim como o copo d’água pode ser considerado meio cheio, ou meio vazio, dependo do ponto de vista do observador, o público presente foi aquém da expectativa para alguns e satisfatório para outros.

Os que consideram pequena a participação têm como referência as tradicionais concentrações organizadas por partidos políticos, sindicatos, movimentos grevistas, etc. Assim, suas comparações baseiam-se apenas na quantidade, e, restritos a esse foco, comparam eventos iguais, na aparência, porém bastante distintos na essência.

A diferença capital está na estruturação desses acontecimentos. Nos primeiros, cabe a profissionais organizar e arregimentar as “massas”, que, na prática, é composta de “voluntários” atraídos por transporte grátis e um passeio à capital, para os residentes no interior; lanches; dispensa do serviço (no dia do evento, e, não raro, em dias posteriores). Até pagamento em dinheiro a essas “claques” são práticas comuns nesses comícios.

Por outro lado, a concentração contra a Corrupção e a Impunidade ocorrida na Cinelândia é uma manifestação “amadora”, organizada por idealistas sem qualquer vínculo, ou experiência, com tais práticas. O Movimento 31 de Julho e o “Todos Juntos Contra a Corrupção” nasceram, espontânea e simultaneamente, de conversa casual entre amigos, em Julho deste 2011. A primeira manifestação pública ocorreu no dia 31 de Julho, origem de um dos nomes. Reuniu menos de 200 os participantes. Talvez a história algum dia o considere um movimento “pé descalço”. Descalço e, por isso mesmo, pé no chão!

O gesto, despretensioso na aparência, por simbolizar o desejo crescente em milhões de pessoas de bem, que, se sentem enojadas com a desfaçatez da malversação do erário público, ecoou por toda parte, inspirando outras manifestações como a ocorrida em Brasília no dia 7 de setembro, diante do poder central.

Aos pouco observadores, deve ter passado despercebido que o ato na Cinelândia foi registrado por todas as emissoras de TV do Rio de Janeiro, uma inequívoca prova de reconhecimento pela mídia do fato da sociedade ter esgotado sua (imensa) tolerância à corrupção e estar pronta para exigir a restauração da moralidade, da honestidade e da transparência hoje banidas da administração pública.

O efeito maior e mais contundente é o crescimento, dia após dia, do engajamento de cidadãos às passeatas silenciosas realizadas via Internet, que têm produzido petições públicas ultrapassam um milhão de assinaturas em dias, assim como, antes, ocorreu com o Projeto da Ficha Limpa.

Sabem os organizadores e colaboradores desses movimentos que a luta contra a corrupção se constitui, talvez, no maior desafio de todas suas vidas e está apenas começando. Mas o apoio da população e os resultados até aqui registrados, nesse curto período tempo de menos de dois meses, ainda que tímidos, têm um significado muito especial:

é possível!

Carlos Alberto Orofino

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