AÇÕES DA PM - 23ºBPM


Assaltantes motorizados

Batalhão do Leblon realiza ações para reprimir uso de motos em crimes na região

Fernanda Baldioti

RIO - O assalto ao cirurgião Paulo Athayde Salaverry Lopes, de 54 anos, que foi abordado por dois homens que estavam numa moto quando chegava em casa, em Ipanema, chamou atenção para um tipo de crime que é comum na Zona Sul do Rio. O alto índice do uso de motocicletas por bandidos que praticam roubos e furtos na região fez com que o 23º BPM (Leblon) começasse, desde a segunda quinzena de julho, a realizar operações diárias para combater essa prática, que dá ao criminoso maior possibilidade de fuga. Em agosto, 343 motos foram apreendidas pelos policiais. E, somente na primeira semana de setembro, o número chegou a 98 veículos.

As ações são realizadas das 8h às 20h. Uma viatura da PM fica baseada e dá suporte ao patrulhamento feito por cinco policiais que circulam em motocicletas e abordam motoristas suspeitos. As operações acontecem em pontos alternados da Lagoa, de Ipanema, do Leblon, da Gávea, de São Conrado e do Jardim Botânico, bairros que compõem a área do batalhão.

Segundo o comandante do 23º BPM, coronel Sergio Alexandre Rodrigues, o objetivo principal das operações é prevenir assaltos e não reprimir irregularidades de trânsito. Mas, ele reconhece que problemas com documentação acabam sendo a maior razão de apreensões. O comandante ressalta, no entanto, que as ações já têm surtido efeito. Apesar de os números com relação ao roubo com motos ainda não terem sido contabilizados, dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), fornecidos pelo batalhão, mostram que o roubo de veículos na região caiu 40% em agosto deste ano, com relação ao mesmo período do ano passado. O mesmo aconteceu com relação ao roubo a transeuntes, que caiu 32,5% em um mês agosto com relação a julho e 45% em um ano.

O coronel ressaltou, no entanto, que o roubo ao médico, que aconteceu após às 21h, se deu depois do término da operação e que o batalhão já estuda reajustar os horários para confundir os infratores:

- Em conversa informal com as delegadas das áreas, elas nos informaram que já houve redução no número de roubos com moto. Na grande maioria, os que ocorreram, como o caso do médico em Ipanema, aconteceram fora do horário das nossas operações. Por isso, estamos pensando em modificar esse horário de atuação. Nossa maior dificuldade é porque temos limitação de efetivo com policiais habilitados para dirigir motos - afirmou o coronel.

Bandidos usam motos para praticar diversos crimes
A ideia das ações para reprimir os crimes com motos surgiu após relatos dos policiais do 23º BPM e de encontros do comandante do batalhão com as delegadas Bárbara Lomba Bueno, da 15ª DP (Gávea), e Tércia Amoêdo, da 14ª DP (Leblon).

- Essas ações já estão surtindo efeito considerável. A presença da PM nas ruas reflete na delegacia - afirmou Tércia.

O coronel explica que as motocicletas são usadas por bandidos para diversos tipos de crimes que vão desde a saidinha de banco à assaltos a motoristas que estão presos no engarrafamento. Segundo o chefe da Seção de Operações e Instrução do batalhão, major Lacerda, as mulheres são as principais vítimas da prática:

- Em geral, elas deixam a bolsa no banco de carona. Isso chama atenção dos bandidos, que, na maioria dos casos, atuam em dupla. O que está na carona usa um instrumento de metal para quebrar o vidro e pegar a bolsa - explicou Lacerda.

A delegada Bárbara Lomba Bueno ressalta que é fundamental que todas as pessoas que sofrem esse tipo de crime prestem queixa na delegacia para que seja possível quantificar os delitos e identificar os criminosos:

- Infelizmente, ainda tem gente que resiste a dar seu depoimento. Se um grupo é assaltado, algumas pessoas vêm depor e outras não. Sem o registro, não temos a dimensão do crime, o que foi roubado e o perfil de atuação - afirmou a delegada.

Para Bárbara, tão importante quanto depor é que as vítimas voltem à delegacia para reconhecer os autores.

Nesta terça-feira, a base da operação foi no Parque dos Patins, na Lagoa, região que, segundo Lacerda, costuma acontecer assaltos a motoristas que enfrentam retenções nos horários de rush com destino ao Túnel Rebouças.

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