Enviado por Mauro Ventura -
.Ao ar livre
Sexta-feira, 13h, espio a rua em Ipanema. Crianças chegam a um prédio. Uma senhora passa com carrinho de compras, vindo da feira. O tempo feio provoca a abertura de guarda-chuvas.
Um casal distinto caminha abraçado. Os dois têm por volta de seus 60 e poucos anos. Eles param diante de uma árvore, em frente a um prédio. Ela dá dois passos à frente e começa a ler as revistas expostas na banca de jornais ao lado.
Ele continua no mesmo lugar. Abre a braguilha, estica o pênis para fora e se põe a urinar na árvore. Não tem aquela atitude suspeita de quem sabe estar fazendo algo errado. Não tem igualmente qualquer preocupação em proteger suas intimidades da vista dos outros. Tem a naturalidade de quem está no banheiro de sua casa.
Termina o serviço, abraça o ombro de sua mulher e saem os dois caminhando despreocupadamente, como se aquele gesto de urinar ao ar livre, no meio de uma rua em Ipanema, no começo da tarde, diante dos pedestres, já estivesse incorporado a seu cotidiano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário