AREIAS DE IPANEMA

Turistas estrangeiros elegem as areias a perfeita tradução do Rio

Bruna Talarico, Jornal do Brasil

RIO - Era o início da manhã de terça-feira quando a cabelereira namibiana Heike Korner, 26 anos, tomava o café-da-manhã – de óculos escuros por conta da ressaca da noite anterior – na beira da piscina do albergue em Ipanema que escolheu para passar a temporada de férias no Rio de Janeiro. Do seu lado, a designer argentina Silvana García Varela, 27, procurava na bolsa florida o protetor solar, enquanto a fisioterapeuta irlandesa Lisa Brady, 25 anos, dava uma última garfada de melão para se juntar às novas colegas em mais um dia de gringas na Cidade Maravilhosa.
Só que, ao contrário do roteiro previsto, as três jovens substituíram, em seus planos de viagem, o Cristo Redentor pelo Shopping Center, o Pão de Açúcar pela praia de Ipanema e o Maracanã pelas boates do Leblon – Heike, Silvana e Lisa são só três dos milhares de visitantes que preferem curtir o clima relaxado da Zona Sul “como verdadeiros cariocas”, ao invés de percorrer a maratona de pontos turísticos oferecidos aos montes em agências de viagem.
– Eu acho que você não precisa estar todo o tempo fazendo tours para conhecer os lugares – aponta Lisa. – Existem lugares nos quais você simplesmente quer estar, sentir a vibração, observar o ritmo das pessoas, se misturar ao cotidiano da cidade. E o Rio é um desses lugares. Para mim, só estar aqui já vale a viagem.
O dia-a-dia das três mochileiras é mais ou menos o mesmo – não importa se faz sol ou chuva, se faz calor ou frio. Elas deixam, logo pela manhã, o número 485 da Rua Barão da Torre rumo ao Leblon, a pé, “para conhecer melhor a àrea”, rumo a uma garimpada visual no que as lojas brasileiras oferecem de melhor. E depois de um par de horas – dois pares, durante a presença do JB – de reservas de roupas e experimentos têxteis, é hora de uma pausa para a comida, seguida por uma hora ou duas de descanso nas redes do albergue e, então, pela tarde na praia. Leia-se o Posto 9, em Ipanema.
– Li na Vogue que o divertido no Rio é ir à praia no Posto 9 e ver o pôr-do-sol no Hotel Fasano. Na verdade, eu realmente espero conhecer algum garoto – resume Heike. – Meus planos eram, basicamente, passar o dia tirando fotos e posando, é divertido e eu nunca poderia fazer isso na Namíbia.
No fim do dia, a pedida é clara e unânime. Quase todos os 50 hóspedes abrigados no hostel estavam na beira da piscina, caipirinhas ou cervejas em punho, conversando enquanto esperavam o sol baixar para dar início à última etapa de diversão. À noite, os jovens e não tão jovens assim colocam os melhores vestidos floridos e bermudas coloridas para dançar, ao som de samba remixado, em boates da Zona Sul.
– Tudo aqui inspira uma liberdade diferente – justifica Silvana. – A energia do mar, o clima, poder comer frutas e relaxar. É muito distante da vida de uma cidade sem praia como Buenos Aires.

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