Prefeitura retira butique de moda praia de posto de salvamento na orla de Ipanema
- Vitrines da grife funcionavam há 20 dias dentro do espaço no Posto 9
- Alvará da loja será cancelado e concessionária receberá multa
LUDMILLA DE LIMA(
RIO - Agentes da Secretaria municipal de Ordem Pública e da Secretaria de Conservação desmontaram, na manhã desta quarta-feira, a boutique Orla Rio Concept, que funcionava até esta terça no Posto 9, em Ipanema, na Zona Sul do Rio. Funcionários da Orla Rio, concessionária que administra os quiosques e postos de salvamento das praias cariocas, retiraram biquínis e outras peças que eram vendidas pela grife. Os funcionários da prefeitura também desmontaram as estruturas fixas da loja instaladas sob a escada do posto de salvamento. A loja vendia artigos de moda praia há 20 dias dentro do posto, com direito a vitrines e prova de roupas nos banheiros públicos, atraindo críticas de moradores, frequentadores da praia e comerciantes.
O secretário municipal de Ordem Pública, Alex Costa, disse que o alvará da butique será cancelado e que a concessionária Orla Rio receberá um multa que ainda está sendo calculada. A suspensão da autorização para funcionamento será publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial. Alex Costa afirmou que a Orla Rio tinha autorização para comercializar produtos, mas não poderia ter transformado os vidros que protegem o posto em vitrine. Para ele, a empresa usou de artimanhas para induzir a prefeitura ao erro, já que, segundo ele, a fiscalização só tinha conhecimento do uso do espaço sob a escada.
— A estrutura que foi montada não condiz com a estética da orla. Os postos de salvamento são de vidro justamente para permitir a visão da praia e a vitrine impedia isso. É um verdadeiro absurdo e diferente do que nos foi apresentado — disse o secretário.
A remoção da loja do local aconteceu após o prefeito Eduardo Paes afirmar, em seu perfil no Twitter, que as vitrines seriam retiradas e proibidas. A instalação da loja de moda praia foi mostrada pelo GLOBO na edição desta quarta-feira.
“Essas absurdas vitrines nos postos de salvamento da Orla mostradas no Jornal O Globo de hoje (quarta-feira) não deveriam estar lá. Serão proibidas e retiradas”, afirmou o prefeito na rede social.
O texto sobre a marca no site da Orla Rio Concept trata de reforçar a ideia de conveniência — “seus produtos foram pensados para facilitar a vida de turistas e cariocas que frequentam a praia” — e informa que há venda de itens como fralda, protetor, canga, biquínis, sungas e roupas para o pós praia. As vitrines da Orla Rio Concept, no entanto, estão longe de lembrar uma loja de conveniência: apenas peças de moda praia e bijuterias são expostas. Há de pulseiras de R$ 95 a maiôs de R$ 137. O endereço na internet não deve nada a similares das melhores marcas de roupa carioca, exibindo os produtos da coleção — todos de vestuário — e catálogo com ensaio fotográfico.Em julho de 2010, a Orla Rio assumiu da Comlurb a operação e manutenção dos 27 postos da orla e também a tarefa de reformá-los. Agora, três anos depois, com apenas quatro postos reformados, a concessionária instala a lojinha no Posto 9. A Secretaria municipal da Casa Civil diz que atividade está prevista numa cláusula do termo aditivo 61/2010 do contrato de concessão. O trecho em questão define que nos quiosques e postos é permitido o “comércio de alimentos, bebidas, cigarros, instalação de 40 (quarenta) terminais de autoatendimento bancários, artigos e serviços de conveniência”.
Em nota, a Orla Rio argumenta que se trata de uma loja de conveniência. O lugar é tratado como “espaço de artigos de conveniência Orla Rio Concept”, que “surge da proposta de dar visibilidade a produtos tipicamente cariocas e brasileiros, além de itens de uso pessoal”. A concessionária afirma ainda que busca “garantir a facilidade e a conveniência de (o frequentador da praia) comprar produtos como protetores solares, biquínis, chinelos e cangas, entre outros”. Ainda segundo a Orla Rio, a prova das roupas é feita nos boxes de banho do posto e não há previsão de abertura de novas lojas. Na unidade de salvamento, informa-se que a dona da loja é a mulher do vice-presidente da Orla Rio, João Marcello Barreto. A concessionária nega.
O presidente da Associação Comercial de Ipanema e Leblon e da Associação de Moradores e Amigos de Ipanema, empresário Carlos Monjardim, enviou uma reclamação sobre a loja à Secretaria especial de Ordem Pública. Segundo Monjardim, nas áreas mais nobres de Ipanema (vias próximas à praia, e nas proximidades das ruas Garcia D’Ávila, Vinícius de Moraes e Farme de Amoedo, por exemplo), o aluguel de uma loja de cerca de 35 metros quadrados não sai por menos de R$ 15 mil mensais. O comerciante tem ainda que negociar o ponto, pagando luvas no valor que varia entre R$ 150 mil e R$ 200 mil.
O comércio no posto chama a atenção de quem se interessa pelos produtos na vitrine, mas também de quem não entende a presença da loja em pleno calçadão.
o.
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