Butique à beira-mar: moda praia ganha ‘vitrine’ no Posto 9
- Orla Rio, que explora quiosques, alega vender artigos de conveniência
RIO - “No posto 9, coração de Ipanema, onde muitos dos grandes encontros acontecem”. Com essa descrição e uma foto do mar, o site da novíssima loja Orla Rio Concept anuncia seu endereço comercial, em que vende artigos de moda praia há 20 dias. O detalhe que falta informar é que a grife, ligada à concessionária Orla Rio (responsável pela exploração dos quiosques e postos de salvamento das praias cariocas), comercializa seus produtos dentro do posto de salvamento, unidade da prefeitura, com direito a vitrines e prova de roupas nos banheiros públicos, atraindo críticas de moradores, frequentadores da praia e comerciantes.
Em julho de 2010, a Orla Rio assumiu da Comlurb a operação e manutenção dos 27 postos da orla e também a tarefa de reformá-los. Agora, três anos depois, com apenas quatro postos reformados, a concessionária instala a lojinha no Posto 9. A Secretaria municipal da Casa Civil diz que atividade está prevista numa cláusula do termo aditivo 61/2010 do contrato de concessão. O trecho em questão define que nos quiosques e postos é permitido o “comércio de alimentos, bebidas, cigarros, instalação de 40 (quarenta) terminais de autoatendimento bancários, artigos e serviços de conveniência”.
O texto sobre a marca no site da Orla Rio Concept trata de reforçar a ideia de conveniência — “seus produtos foram pensados para facilitar a vida de turistas e cariocas que frequentam a praia” — e informa que há venda de itens como fralda, protetor, canga, biquínis, sungas e roupas para o pós praia. As vitrines da Orla Rio Concept, no entanto, estão longe de lembrar uma loja de conveniência: apenas peças de moda praia e bijuterias são expostas. Há de pulseiras de R$ 95 a maiôs de R$ 137. O endereço na internet não deve nada a similares das melhores marcas de roupa carioca, exibindo os produtos da coleção — todos de vestuário — e catálogo com ensaio fotográfico.
Em nota, a Orla Rio argumenta que se trata de uma loja de conveniência. O lugar é tratado como “espaço de artigos de conveniência Orla Rio Concept”, que “surge da proposta de dar visibilidade a produtos tipicamente cariocas e brasileiros, além de itens de uso pessoal”. A concessionária afirma ainda que busca “garantir a facilidade e a conveniência de (o frequentador da praia) comprar produtos como protetores solares, biquínis, chinelos e cangas, entre outros”. Ainda segundo a Orla Rio, a prova das roupas é feita nos boxes de banho do posto e não há previsão de abertura de novas lojas. Na unidade de salvamento, informa-se que a dona da loja é a mulher do vice-presidente da Orla Rio, João Marcello Barreto. A concessionária nega.
Associação cobra explicações
O empresário Carlos Monjardim, presidente da Associação Comercial de Ipanema e Leblon e da Associação de Moradores e Amigos de Ipanema, enviou uma reclamação sobre a loja à Secretaria especial de Ordem Pública:
— Somos totalmente contra. Acreditamos ser um favorecimento injusto e irregular à Orla Rio. Se os comerciantes têm que seguir o código de posturas municipais e uma série de exigências, gostaríamos que a prefeitura nos esclarecesse com base em que licenciou essa loja na orla. Pelo que sei, não pode haver loja na praia.
Segundo Monjardim, nas áreas mais nobres de Ipanema (vias próximas à praia, e nas proximidades das ruas Garcia D’Ávila, Vinícius de Moraes e Farme de Amoedo, por exemplo), o aluguel de uma loja de cerca de 35 metros quadrados não sai por menos de R$ 15 mil mensais. O comerciante tem ainda que negociar o ponto, pagando luvas no valor que varia entre R$ 150 mil e R$ 200 mil.
O comércio no posto chama a atenção de quem se interessa pelos produtos na vitrine, mas também de quem não entende a presença da loja em pleno calçadão.
— Não podem fazer da praia um shopping nem comprometer a paisagem ou a passagem das pessoas — afirmou a moradora e advogada Sabrina Gonçalves, que caminhava na orla na noite de segunda-feira com o consultor de empresas Daniel Carvalho.
Ele também estava surpreso:
— Se estão pagando preço de mercado para vender roupas aqui, até seria ok. Mas, se estão usando uma concessão para ganhar dinheiro, é absurdo.
O secretário especial de Ordem Pública, Alex Costa, disse que desconhecia a existência da loja e iria checar a informação. Ele afirmou, após verificar a documentação, que o uso comercial foi autorizado com base no aditivo do contrato de 2010:
— A empresa tem o direito de requisitar o que está no contrato. Está prevista a venda de produtos de conveniência relacionados à praia. Se o comércio acha ruim e se o contrato será revisto, caberá à Superintendência de Patrimônio. Depois que vi a foto do local, não acredito que se trate de uma loja. Uma loja é bem diferente daquilo. É uma base para vender alguns produtos.
O que pode-se esperar de um bairro que não tem representatividade:
ResponderExcluirSem associação e todos vendidos, porque o dinheiro fala mais alto!!!
É a burguesia sofreando pelos próprios propósitos da mesma!
Realmente não se pode esperar nada dessa gente que só quer se promover e levar vantagem !
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