LIXO


Cartão postal do Rio tem coleta de esgoto feita à mão e sem proteção

Reportagem do G1 flagrou morador de rua fazendo limpeza por R$ 5.
Funcionários pediram para que imagens não fossem registradas.

Gabriel Barreira Do G1 Rio

Concessionária administra os postos de salvamento e cobra para uso do banheiro e do chuveiro (Foto: Gabriel Barreira/G1)Concessionária que administra postos cobra para uso do banheiro e do chuveiro (Foto: Gabriel Barreira/G1)
Os banhistas que tiram o sal do corpo após um mergulho na praia de Ipanema, na Zona Sul do Rio, deixam muito mais do que os resíduos da água do mar nos ralos dos chuveiros dos postos de salvamento à beira-mar. Tábuas de madeiras sob as duchas escondem o encanamento e um rastro de esgoto, transformado em sólido por uma areia preta, que não é absorvido pela tubulação. Como não há vassouras nem pás que caibam no ralo, o que sobra é retirado com as mãos, como flagrou a reportagem do G1 na última quinta-feira (22).
Funcionários da Orlario, concessionária responsável pelos postos, não quiseram se identificar, nem dar entrevistas, mas admitiram a usuários a falta de condições necessárias para a limpeza. Sequer há luvas, disseram. Divididos entre o nojo e a tarefa, pediram a um morador de rua para realizar o serviço.
Enquanto um visitante filmava as condições precárias do "bico", uma funcionária tentava amenizar dizendo que a responsabilidade não era da Prefeitura e que o faxineiro improvisado sequer era da Comlurb. Ela pedia para que as imagens não fossem registradas.
Na areia podre, foram encontradas algumas moedas que se somaram ao valor simbólico de R$ 5 pagos a ele por concluir a tarefa, depois de quase uma hora. Com as mãos nuas e de chinelos.
Alheia à reportagem, uma funcionária sussurrava a outra banhista: "Está vendo estas luvas aqui? Tenho que trazer de casa. Se eu pego uma bactéria dessa, tenho que gastar um mês de salário". O G1 entrou em contato com a empresa Orla Rio, mas até a publicação desta reportagem não tinha obtido retorno.
Apesar das condições, o serviço é pago. Usar o banheiro custa R$ 1,70. O chuveiro, R$ 1,10. O valor, aumentado em 2011, chegou a ser de R$ 2,50 e só diminuiu após críticas populares. A Comlurb cobrava R$ 1.
Água acumulada se mistura a areia. Por conta da falta de equipamentos, é retirada com as mãos e jogada diretamente no lixo (Foto: Julia Karam/Arquivo Pessoal)Água acumulada se mistura a areia. Por conta da falta de equipamentos, é retirada com as mãos e jogada diretamente no lixo (Foto: Julia Karam/Arquivo Pessoal)

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