HISTÓRIA DE VIDA



Ex-Miss vira pedinte desdentada pelas ruas de Ipanema


Sonia Schuller ficou em segundo lugar no Miss Guanabara, em 1965


Ex-Miss vira pedinte desdentada pelas ruas de Ipanema - Reprodução


Quase todo mundo ouviu falar no caso de pedintes de rua que um dia já foram professores, médicos e outras profissões. Mas uma mulher que já  foi miss, isso é inédito.
Pois a coluna Gente Boa, do jornal O Globo, publicou a triste e decadente história de Sonia Schuller, que foi candidata à Miss Guanabara, em 1965, representando o bairro de Botafogo, e acabou em segundo lugar:
 “Ela era ensolarada, cheia de energia e tinha um sorriso lindo”, disse ao jornal o advogado Daslan Mello Lima, criador de um blog sobre misses. “Foi um frisson incrível quando essa moça apareceu no palco”, lembrou ele.
Vera Lucia Couto, hoje uma funcionária da Riotur, contou que Sonianão levando o título, mas, segundo a revista Manchete da semana seguinte, a catarinense que veio para o Rio ainda criança recebeu “uma das maiores ovações da história do Maracanãzinho”.
Quarenta e oito anos se passaram e hoje aquela linda mulher da passarela foi reduzida a uma pessoa sem dente na arcada superior e com a inferior em frangalhos. A coluna conta ainda que Sonia tem dificuldades até para comer o pastel chinês que o dono de um bar no Jardim de Alah, na zona sul carioca, que a serve diariamente e que é sua única refeição.
A ex-vicecampeã do Miss Guanabara e Sereia das Praias Cariocas de 1965 virou uma pedinte nas ruas de Ipanema, bairro onde mora:
“Sonia sofre de esquizofrenia”, informo à publicação seu irmão, Cláudio Schuller. Ele conta que “a desgraça da vida dela começou em 1986”, depois que uma moto a atropelou, perto da Praça General Osório.
 “Naquele dia, ela perdeu os dentes e a autoestima”, disse Cláudio.
O filho mais velho da ex-miss, Bruno, de 46 anos, confirmou: “Dali pra frente tudo desandou.”
Bruno, que há 19 anos mora em Curitiba, é fruto do curto relacionamento de Sonia com Sergio Petezzoni, um dos fundadores do Clube dos Cafajestes, de Copacabana.
O jornal conta que Bruno nasceu e foi criado no apartamento 404 de um prédio da Rua Barão da Torre, em Ipanema, onde vivia com a mãe e a avó, a fisioterapeuta Antonia Schuller.
E no último andar fica a famosa cobertura de Rubem Braga, com quem, diz o jornal, Sonia teve um affair:
“Era uma admiração mútua, ela vivia na casa dele”, conta Cláudio. “Eu ia lá para ler jornal, pegar uns livros”, conta a ex-Sereia.
Durante a entrevista para a coluna, Sônia, segundo a repórter que  entrevistou, alterna momentos de extrema lucidez com comentários que fazem pouco sentido e incluem ciborgues, androides e assuntos como “uma nova tecnologia que suga a energia e te deixa seca como uma ameixa”.
Sonia não fez faculdade. “Achei que esse negócio de sereia era suficiente”, diz, coçando o dedão do pé esquerdo, com unhas enormes e empretecidas. “Minha mãe também achava. Mas olhaí, virei uma sereia desdentada”, disse a ex-miss.
O cigarro, segundo Sônia, é sua perdição. É por ele que Sonia sai de casa todos os dias. Vai para as ruas pedir dinheiro para comprar pelo menos um maço.
“Peço um real e vou juntando. Quando consigo comprar um maço, volto para casa”.
Cláudio, que mora em Friburgo e vem ao Rio com frequência. É ele também quem paga o condomínio do apartamento onde a irmã mora.
A derrocada da ex-Sereia, conforme conta a publicação, começou mesmo quando ela perdeu o emprego de executiva de marketing no BarraShopping, no início dos anos 80, pouco depois da morte do pai.
“Lembro dela nesta época do shopping, linda, saindo de carro, salto agulha e tailleur”, diz o vizinho Mario Vicenzio Cardillo.
No final dos anos 90, Sônia ficou duas semanas internada no Instituto Pinel, onde foi diagnosticada a esquizofrenia. Como não tomou os remédios, voltou à estaca zero. Daí, vive de caminhar, mulambenta, pelas ruas de Ipanema. Faz colagens com papéis e revistas que recolhe nos lixos e quer publicar um livro. “Mas sem ninguém dizer como tem que ser. Livro artesanal mesmo.”
E ainda na matéria, levanta-se a hipótese de que Sonia piorou quando a mãe morreu, há dois anos. Ela estaria mais triste, ficando mais tempo fechada no apartamento, entulhado de coisas que pega na rua. No lugar ela mora com o filho mais novo, o estudante de Direito Igor, nascido um ano depois do acidente

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