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Cansado de assistir a roubos, morador pega assaltante e o leva à DP

  • ‘Quando vi o turista ser atacado pelo ladrão, eu não aguentei’

VERA ARAÚJO (
 

Da janela, morador observa rua
Foto: Márcio Alves / O Globo
Da janela, morador observa rua Márcio Alves / O Globo
RIO — Da janela do apartamento onde mora, no Arpoador, o matemático Paulo Souza, de 56 anos, perdeu as contas do número de vezes em que ouviu gritos de socorro ou “pega ladrão”. Na tarde da última segunda-feira, ele decidiu dar um basta à carreira do “ladrão da bicicleta” Anderson Silva.
O que fez com que você ganhasse coragem para enfrentar um assaltante?
Desde que voltei ao Brasil, pois fiquei 30 anos nos Estados Unidos e na Inglaterra, passei a trabalhar em casa, com o computador em frente à janela. Há oito meses, eu vejo o mesmo bandido de bicicleta atacando as pessoas. Na segunda-feira, por volta das 15h, vi o assaltante agarrado no cordão de um turista argentino, de 72 anos. A joia não tinha elo e não se rompia. Vi o idoso sendo chacoalhado de um lado para o outro, praticamente sendo enforcado. Quando vi o turista ser atacado pelo ladrão, eu não aguentei. Desci rapidamente. Os dois já estavam no chão. Fui lá e segurei ele. O pessoal de uma obra ali perto também me ajudou. Eu não desci para confrontar o bandido, mas para ajudar o pobre coitado.
O turista chegou a fazer o registro de ocorrência na delegacia?
Ele não queria registrar o caso. As pessoas ficam desconfiadas com o trabalho da polícia brasileira. Ele achava que o passaporte ficaria retido.
O que você fez?
Consegui convencê-lo da importância de fazer o registro como um ato de cidadania, responsabilidade e legalidade. Expliquei que não iriam apreender o passaporte. Deu um estalo nele, e ele resolveu cumprir com a obrigação. Depois do tumulto, passou uma patrulha da PM. Eles foram gentis conosco, mas as outras testemunhas não quiseram ir.
Como foi na delegacia?
Demorou duas horas. Aqui no Brasil é tudo muito demorado, burocrático. Nos Estados Unidos, por exemplo, um caso desses é registrado em meia hora, e ainda pode ser feito por telefone ou pela internet. Além disso, não consigo entender uma delegacia voltada para turistas (Delegacia Especial de Apoio ao Turismo) sem um policial que fale espanhol. Eu tive que ser o intérprete.
Você já tinha procurado a polícia antes por causa do ladrão da bicicleta?
Vi centenas de assaltos da minha janela. Eu e os vizinhos já tínhamos denunciado (o ladrão) à polícia e à prefeitura. Mas ninguém se mexeu.
Você tem receio de sofrer represálias?
Não, e nem me arrependo. Ajudaria da mesma forma. Não dá para ficar inerte.



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