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Grupo "Projeto de Segurança de Ipanema" contraria respostas do Governo sobre Linha 4 do Metrô

Após conseguir derrubar, na segunda-feira, a liminar da juíza Neusa Alvarenga Leite, da 14ª Vara de Fazenda Pública do Rio, que impedia o prosseguimento das obras do Metrô da Linha 4, na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, ação cautelar feitas por seis moradores do bairro, o Governo do Estado divulgou nesta terça-feira, uma nota esclarecendo como serão feitas as obras na região. Na semana passada, o "Projeto de Segurança de Ipanema", fez uma manifestação e apontou vários problemas que as obras irão causar.

Entre as respostas do Governo, está uma das ideias da coordenadora do grupo, a moradora do bairro Ignez Barretto , que disse que “ seria preferível fazer a estação do metrô da Praça Nossa Senhora da Paz sem abrir um buraco na praça”. O Estado esclareceu, entre outros pontos, que o método de "vala aberta", ao contrário do afirmado pelo grupo de Ipanema, não será utilizado na Zona Sul. Em treplica, o grupo respondeu cada item do Governo

A liminar concedida pela juíza da 14ª Vara de Fazenda Pública do Rio aconteceu, menos de uma semana depois, do início da instalação dos tapumes na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, para a construção de uma das estações da Linha 4 do metrô. Na sexta-feira passada, acatando a decisão da Justiça, o consórcio Rio Barra, responsável pelo projeto que vai ligar a estação General Osório, em Ipanema, à Barra da Tijuca, retirou todos os operários do canteiro. Na semana passada, o grupo fez uma manifestação na praça, quando pediram que o consórcio e o governo apresentem um projeto e métodos alternativos para a construção da estação.

Sobre as obras da estação Nossa Senhora da Paz, o Governo explicou na nota que a estação será escavada pelo método "cut and cover invertido, com escavação sob laje", que minimiza o prazo de interdição da área, pois permitirá que a maior parte do serviço seja realizada sob a laje, de maneira subterrânea.

A resposta para este item, do “Projeto de Segurança de Ipanema” foi que “ o mesmo o método invertido ocasiona o sacrifício de árvores centenárias, pois em um primeiro momento os métodos são semelhantes, por acontecer a vala aberta

A segunda explicação do Governo sobre o método "Arco Cellulare", proposto pelo grupo de moradores, descrito com sendo "subterrâneo", foi analisado e não se mostrou recomendado por várias razões. Os moradores alegaram, nesta terça-feira, que não foi proposto métdo nenhum.

Para o Estado, a sua utilização demanda a escavação de poços de acesso nas extremidades da praça para execução do tratamento do solo e inserção de estacas horizontais. Tais poços, segundo a nota do Governo, estariam localizados exatamente nos locais com maior incidência de árvores de grande porte, que, no método adotado pelo Estado, não têm que ser retiradas. A solução proposta pelo grupo de Ipanema geraria, portanto, maior impacto ambiental.

Para esta explicação do Governo, a coordenadora do grupo Ignez Barretto disse que “ um poço poderia ser localizado no centro da praça onde se encontra o monumento, facilmente deslocável e sem nenhuma árvore; outros poços menores poderiam ser feitos nas extremidades, por fora da praça,sem sacrifício de nehuma árvore, para servir de acesso à estação final ".

Segundo, ainda, o Governo, a sua utilização é mais recomendada em solos coesivos (argilas com baixíssima permeabilidade), situação que não ocorre na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde existe a presença de areias (solo não coesivo, granular e com alta permeabilidade).

Além disto, segundo o Governo, qualquer falha no tratamento do solo nestas areias, poderia gerar rupturas no terreno da praça, o que recomendaria a manutenção do fechamento da praça. O método do grupo de Ipanema, portanto, não permitiria que a praça continuasse aberta ao público durante a construção da estação.

Para Ignes Barreto, a ruptura nas areias pode se dar em qualquer parte do traçado, em Ipanema e no Leblon, tanto no local das estações como nos túneis escavados com o TBM.

O terceiro item da nota, diz que considerando o solo do local, a adoção dessa tecnologia demandaria mais prazo de interdição da praça e a execução de serviços adicionais para compatibilizá-lo com o método de escavação dos túneis, utilizando o Shield (“tatuzão”). A coordenadora disse, novamente, que “não foi proposto método nenhum”.

O ultimo item do Governo diz que a utilização do método proposto pelo grupo de Ipanema, implicaria maior prazo e maiores custos para a obra da Estação.

Para o grupo, “ os prazos maiores podem acontecer em qualquer das estações e no próprio túnel pois, além dos riscos da ruptura das areias, ao longo do traçado devem ocorrer bolsões de argila mole, que implicam em tratamentos adicionais. antes da escavação. Ignes Barreto explicou, ainda, que “ quantos aos custos, achamos que a maior parte das compensações ambientais orçadas na liçensa de instalação (R$1.569 milhão) serão gastos nas estações, com essa metodologia. esta quantia cobre amplamente o custo de qualquer estação”.

Na semana passada, durante a manifestação, o grupo Projeto de Segurança de Ipanema”, fez um apelo para que o Governador e o Secretário de Transportes adiassem o início da construção da estação de metrô na Praça Nossa Senhora da Paz e que aceitasse o diálogo sobre o projeto alternativo que preserva a Praça intacta com todas as suas atuais árvores e ainda mantém a nova estação de metrô na região da Praça. Foram colhidas 20 mil assinaturas pedindo a preservação total da Praça. Para o grupo, a proposta é fazer a estação fora da Praça, com o objetivo de evitar que se transforme numa imensa calçada agitada, com pessoas indo e vindo apressadas





Um comentário:

  1. Caso o Governo do Estado alegue que seria inevitável a retirada de várias árvores da Praça N. Sra. da Paz para a construção da estação de metrô, existe projeto alternativo, atestado por engenheiros, para que a estação seja feita no quarteirão logo seguinte, entre as ruas Maria Quitéria e a Garcia D'Ávila, no subsolo da Rua Visconde de Pirajá poupando, assim, a Praça. Lembrem-se de que a estação "Jardim de Alah" (que é outra grande praça) na verdade não será no Jardim, mas sim no subsolo da Av. Ataulfo de Paiva.
     
    Porque os moradores de Ipanema deveriam aceitar um projeto predatório, que diz que supostamente as árvores da Praça serão preservadas? Engenheiros florestais já afirmaram que muitas delas não sobreviverão ao replantio. As dezenas de pequenas mudas novas levarão décadas para crescer, e recuperar o aspecto bucólico da Praça.

    A pressa para aprontar a cidade para as Olimpíadas atropela a preservação ambiental, e não fará a menor diferença no prazo para execução da obras se o Governo aguardar mais alguns dias para analisar e aceitar o projeto alternativo.

    Como um absurdo destes pode acontecer justamente agora que terminamos de realizar a Conferência Mundial do Meio Ambiente Rio+20?

    Hélio Bandeira

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