Edgard Catoira
13.04.2012
17:10
Cabral despreza a opinião pública
Na
expansão do Metrô rumo à Barra da Tijuca a Praça Nossa Senhora da Paz será
destruída, para desespero dos cariocas. Mas o governador do Rio não está nem
aí
Foi-se
o tempo em que governantes davam ouvidos e crédito à opinião pública, além do
interesse nas pesquisas pré-eleitorais, essenciais para chegarem ao poder.
Quando são candidatos, dizem o que o povo quer ouvir. Empossados, dão-lhe as
costas e fazem o que querem.
Caso
emblemático, sobre o qual já protestei em outro artigo, é o da forma como se
pretende expandir o Metrô do Rio rumo à Barra da Tijuca, num compromisso
assumido com o Comitê Olímpico Internacional, mas não com os maiores
interessados, os cariocas.
Pois
bem, os moradores do Rio, Ipanema em particular, não querem a destruição da
tradicional Praça Nossa Senhora da Paz. Antes de qualquer tipo de intervenção, o
carioca quer paz e manter o ambiente local tal como é, sob o argumento simples,
mas poderoso, de que não se mexe em time que está ganhando. Afinal, um
levantamento mostra que a praça possui 113 árvores, algumas
mais que centenárias, que deverão ser retiradas para a construção da estação de
metrô. Estação que – repito – ninguém quer ali, fora o governador Sergio
Cabral.
A
propósito das discussões a respeito da localização dessa rejeitada estação, a
vereadora Sônia Rabello escreveu, com a lucidez de quem ama a cidade: “Em seu
trajeto atual, o Metrô do Rio está circunscrito à Cidade do Rio de Janeiro. No
entanto, em audiência pública (13/02) para apresentação do Relatório de Impacto
Ambiental da chamada Linha 4, não havia nenhum representante da Prefeitura da
Cidade do Rio de Janeiro. Um espanto!”
Eu
não acho “espanto”. O prefeito Eduardo Paes quer se reeleger este ano e, para
não perder o apoio de Cabral, não enfrenta a polêmica. Calado, não decreta o
tombamento da bucólica praça, e deixa tombar as árvores que os moradores tanto
querem preservar. Se não fossem as explosões diárias ouvidas em Copacabana e
Ipanema, teríamos a impressão de que nada estaria acontecendo. Mas as obras e a
agressão continuam avançando.
A
Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, possui 113 árvores, sendo que algumas
delas são centenárias Foto: Os Rúpias
De
qualquer jeito, fica claro que o governador Cabral é obstinado, tal como o
folclórico Odorico Paraguassu, que queria inaugurar um cemitério a qualquer
custo – e a escavação do metrô vai muito além de sete palmos. Por que, antes de
fazer o que só ele quer, sabe-se lá com que interesse, o governador não consulta
a população? Ou, então, por que não se enterra de vez e deixa todos em paz, com
a Nossa Senhora da Paz tal como ela é.
A
bem da verdade, temos que ter em mente que Odorico é personalidade fictícia,
criada por Dias Gomes. Já Sergio Cabral, para nossa infelicidade, é real! O
primeiro é comédia, o outro é tragédia.
Mas
talvez a maior diferença entre Odorico e Cabral – sem contar o charme delicioso
do prefeito de “O bem amado” – seja o fato de que em Sucupira não dava nem para
se inaugurar um cemitério, não havia a violência que o Rio conhece tão bem e
que, com a tomada de áreas de litígio pelas Unidades de Polícia Pacificadora
está empurrando os bandidos para Niterói, Baixada Fluminense e Região dos Lagos,
onde a criminalidade aumenta assustadoramente. Não podemos esquecer, é claro,
que as áreas pacificadas, como também venho alertando aqui no site de CartaCapital,
estão voltando a ser ocupadas pelo tráfico.
Resta-nos
implorar:
–
Governador, nós, do Rio de Janeiro, queremos tanta coisa! Tente não começar
justamente por aquilo que ninguém quer. Antes de tudo, queremos paz. Com praça,
Nossa Senhora e tudo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário