Moradores e vizinhos de ex-favelas discordam de critérios da prefeitura
Diego Barreto
RIO - Saneamento incompleto, obras inacabadas e urbanização precária. Para moradores de comunidades consideradas ex-favelas pela prefeitura do Rio a realidade destas áreas ainda permanece distante da encontrada no asfalto. Reportagem publicada na edição de ontem do GLOBO mostrou que estudos feitos pela Secretaria municipal de Habitação (SMH) e pelo Instituto Pereira Passos (IPP) apontaram 44 ex-favelas, onde serviços básicos seriam semelhantes aos oferecidos em bairros de fato.
Embora apontem avanços, sobretudo onde foram implantados projetos sociais e Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), moradores acreditam que comunidades ainda não atingiram o status de bairro. Considerada uma das comunidades cariocas com mais alto grau de urbanização, o Morro Dona Marta, em Botafogo, continua favela para seus moradores.
— Continuamos sendo favela. No alto do morro ainda temos barracos de madeira quase caindo. Faltam muitos servi$ços, e o saneamento não atinge todos os moradores — afirma Antonio Guedes, 47, nascido e criado no Dona Marta.
Enclave entre Ipanema e Copacabana, o Morro do Cantagalo recebeu nos últimos cinco anos um conjunto de obras que incluíram a construção de elevadores de acesso à comunidade, um mirante panorâmico e melhorias urbanísticas. Uma UPP também foi instalada no local. Mas tanto para quem vive na comunidade quanto para quem é vizinho, o Cantagalo ainda não se transformou em bairro.
— Foram feitas muitas obras, e o processo de regularização fundiária através de títulos de propriedade está avançado. Mas nós ainda temos muitas carências que nos impedem de chamar o Cantagalo de bairro — diz Luiz do Nascimento, presidente da Associação de Moradores do Cantagalo.
A presidente da Associação de Moradores de Ipanema, Maria Amélia Loureiro, concorda:
— O Cantagalo é privilegiado por ter recebido muitos projetos sociais, mas dizer que não é favela é difícil, porque ainda não tem saneamento completo. Ainda faltam in$para ser considerado um bairro.
Presidente da Sociedade Amigos de Copacabana, Horácio Magalhães faz comentário semelhante sobre o Morro Pavão-Pavãozinho, outro na lista de ex-favelas.
— Numa das encostas da comunidade, próximo à Rua Djalma Ulrich, existe um lixão que gera diversos problemas. Por isso, não concordo com essa classificação de ex-favela.
Rocinha é considerada bairro desde 1992
Endereço de três agências bancárias, centenas de empresas registradas e com uma população de 69.365 habitantes, segundo o Censo de 2010 do IBGE, a Rocinha apresenta números superiores aos de muitos municípios do país e é considerada bairro pela prefeitura do Rio desde 1992.
— A importância da Rocinha é enorme, trata-se de um grande fornecedor de prestação de serviço para toda a região. Embora já tenha amadurecido, a comunidade ainda precisa avançar na questão de reorganização urbanística para se consolidar como bairro. As obras do PAC não representam nem um terço $que é preciso fazer — analisa José Britz, presidente da Associação de Moradores de São Conrado.
Para Augusto Boisson, presidente da Associação de Moradores e Proprietários de Prédios do Leblon, houve precipitação por parte da prefeitura ao classificar comunidades como Vidigal e Cantagalo como ex-favelas:
— O trabalho feito nas comunidades com a implantação das UPPs, obras e projetos sociais está no caminho certo. Mas dizer que deixaram de ser favela foi precipitado, uma visão otimista demais. Os serviços ainda não chegaram com amplitude.
Moradora do Morro do Borel, na Tijuca, outra das 44 ex-favelas, Roberta Ferreira, que preside a associação de moradores local, acredita que ainda serão necessários muitos projetos para transformar o morro em bairro.
— O programa Favela Bairro trouxe asfalto e melhorias para alguns pontos, mas convivemos com risco de deslizamento de encostas, esgoto correndo a céu aberto e outros problemas. Para deixarmos de ser favela ainda vai demorar — atesta Roberta.
Diego Barreto
RIO - Saneamento incompleto, obras inacabadas e urbanização precária. Para moradores de comunidades consideradas ex-favelas pela prefeitura do Rio a realidade destas áreas ainda permanece distante da encontrada no asfalto. Reportagem publicada na edição de ontem do GLOBO mostrou que estudos feitos pela Secretaria municipal de Habitação (SMH) e pelo Instituto Pereira Passos (IPP) apontaram 44 ex-favelas, onde serviços básicos seriam semelhantes aos oferecidos em bairros de fato.
Embora apontem avanços, sobretudo onde foram implantados projetos sociais e Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), moradores acreditam que comunidades ainda não atingiram o status de bairro. Considerada uma das comunidades cariocas com mais alto grau de urbanização, o Morro Dona Marta, em Botafogo, continua favela para seus moradores.
— Continuamos sendo favela. No alto do morro ainda temos barracos de madeira quase caindo. Faltam muitos servi$ços, e o saneamento não atinge todos os moradores — afirma Antonio Guedes, 47, nascido e criado no Dona Marta.
Enclave entre Ipanema e Copacabana, o Morro do Cantagalo recebeu nos últimos cinco anos um conjunto de obras que incluíram a construção de elevadores de acesso à comunidade, um mirante panorâmico e melhorias urbanísticas. Uma UPP também foi instalada no local. Mas tanto para quem vive na comunidade quanto para quem é vizinho, o Cantagalo ainda não se transformou em bairro.
— Foram feitas muitas obras, e o processo de regularização fundiária através de títulos de propriedade está avançado. Mas nós ainda temos muitas carências que nos impedem de chamar o Cantagalo de bairro — diz Luiz do Nascimento, presidente da Associação de Moradores do Cantagalo.
A presidente da Associação de Moradores de Ipanema, Maria Amélia Loureiro, concorda:
— O Cantagalo é privilegiado por ter recebido muitos projetos sociais, mas dizer que não é favela é difícil, porque ainda não tem saneamento completo. Ainda faltam in$para ser considerado um bairro.
Presidente da Sociedade Amigos de Copacabana, Horácio Magalhães faz comentário semelhante sobre o Morro Pavão-Pavãozinho, outro na lista de ex-favelas.
— Numa das encostas da comunidade, próximo à Rua Djalma Ulrich, existe um lixão que gera diversos problemas. Por isso, não concordo com essa classificação de ex-favela.
Rocinha é considerada bairro desde 1992
Endereço de três agências bancárias, centenas de empresas registradas e com uma população de 69.365 habitantes, segundo o Censo de 2010 do IBGE, a Rocinha apresenta números superiores aos de muitos municípios do país e é considerada bairro pela prefeitura do Rio desde 1992.
— A importância da Rocinha é enorme, trata-se de um grande fornecedor de prestação de serviço para toda a região. Embora já tenha amadurecido, a comunidade ainda precisa avançar na questão de reorganização urbanística para se consolidar como bairro. As obras do PAC não representam nem um terço $que é preciso fazer — analisa José Britz, presidente da Associação de Moradores de São Conrado.
Para Augusto Boisson, presidente da Associação de Moradores e Proprietários de Prédios do Leblon, houve precipitação por parte da prefeitura ao classificar comunidades como Vidigal e Cantagalo como ex-favelas:
— O trabalho feito nas comunidades com a implantação das UPPs, obras e projetos sociais está no caminho certo. Mas dizer que deixaram de ser favela foi precipitado, uma visão otimista demais. Os serviços ainda não chegaram com amplitude.
Moradora do Morro do Borel, na Tijuca, outra das 44 ex-favelas, Roberta Ferreira, que preside a associação de moradores local, acredita que ainda serão necessários muitos projetos para transformar o morro em bairro.
— O programa Favela Bairro trouxe asfalto e melhorias para alguns pontos, mas convivemos com risco de deslizamento de encostas, esgoto correndo a céu aberto e outros problemas. Para deixarmos de ser favela ainda vai demorar — atesta Roberta.
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