Ilmo Prefeito da cidade do Rio de Janeiro
Sr. Eduardo Paes,
Passado o período de carnaval, chegou a hora da avaliação: Ipanema sofreu.
O Projeto de Segurança de Ipanema, movimento voluntário e apartidário de moradores, e o Quadrilátero do Charme de Ipanema, associação comercial que representa mais de sessenta comerciantes e empresários do bairro, verificaram que apesar dos esforços do poder público, patrocinadores e organizadores dos blocos, o carnaval deste ano foi “quase igual àquele que passou”- pouca coisa mudou.
Os moradores, como sempre, não foram ouvidos e, como são eles que sofrem e vivenciam de perto toda a problemática, ficaram impossibilitados de dar uma rica contribuição aos responsáveis pela festa.
Neste sentido, seria redundante falar dos notórios problemas como mijões, sujeira, barulho, desordem, desrespeito ao meio ambiente etc... - já exaustivamente debatidos. Portanto, apontamos algumas medidas que indiscutivelmente poderão fazer a diferença na festa para o próximo ano:
- Atualmente o poder público se reúne com os patrocinadores e as associações de organizadores de blocos de carnaval para definir o modelo da festa. Pedimos que para o carnaval de 2012 os moradores sejam ouvidos através de suas associações e movimentos.
- Garantia do direito de ir e vir. Só poderão ser autorizados desfiles em ruas que não impeçam o acesso dos moradores. Caso seja impossível, os mesmos deveriam ter algum tipo de contrapartida tal como redução no IPTU.
- Cumprimento rigoroso dos horários para o começo e fim dos desfiles e sua dispersão, e proibição da permanência dos ambulantes no espaço público antes e depois do evento, com tolerância de 15min.
- Rigor no respeito à legislação vigente que determina que a venda de bebida alcoólica seja controlada e proibida para menores de dezoito anos. Ambulantes só poderão vender água, refrigerantes, mate, sucos etc.
É triste o quadro de crianças e adolescentes bêbados pelas ruas, assim como o dos mesmos trabalhando na venda de bebidas alcoólicas. Causa muito espanto a conivência do poder público com este tipo de ilegalidade. O Rio é uma cidade que tem pago um preço muito alto pela ação do tráfico de drogas. É do conhecimento de todos que a bebida é a primeira porta de entrada para drogas mais pesadas.
- Redução do número de blocos no bairro, limitado a um por dia, não permitindo o gigantismo dos mesmos. Ipanema só tem 50.000 moradores e não comporta blocos com mais de 20% de sua população. Excepcionalmente, devido à antiguidade, os dois blocos tradicionais - Banda de Ipanema e Simpatia é Quase Amor - que já se descaracterizaram como blocos de bairro-, só poderiam desfilar apenas uma vez - limitando seus foliões a no máximo 40 mil pessoas.
- Os outros blocos deveriam ser transferidos talvez para o Centro, onde há ampla oferta de estacionamento e transporte público, espaço ocioso, além de condições ideais de segurança e fiscalização.
Sabemos das dificuldades de diminuir o gigantismo dos blocos uma vez que a sua característica, que não deve ser perdida, é justamente o desfile livre pelas ruas – o que impossibilita qualquer estimativa e limite do número de pessoas que afluem aos mesmos.
Outra dificuldade é a divulgação pelos patrocinadores, e pela web. Não se tem controle sobre a web.
Portanto, fica patente a necessidade de local apropriado para o desfile dos blocos, em zonas não residenciais, onde a população não se transforme em vítima e refém da festa.
Gostaríamos de lembrar que quando o Sambódromo foi construído a crítica que se fazia era exatamente a mesma que atualmente fazem os defensores dos blocos livres pela cidade:
- as escolas de samba seriam um patrimônio da cultura popular, a atividade comunitária de preparação dos desfiles contava com o envolvimento total das respectivas comunidades, e a organização tiraria a espontaneidade do evento. Ora, o que ocorreu foi justamente o contrário. Com o advento do Sambódromo as escolas assumiram um lado comercial que estava implícito (como nos blocos), cresceram e se transformaram no maior evento do gênero no mundo, adquirindo um brilho deslumbrante e não perdendo em nada da sua alegria e muito menos da sua essência como manifestação da cultura popular.
Concluindo, a combinação de multidão com bebida alcoólica é bombástica e incontrolável.
As pessoas alcoolizadas baixam suas censuras e fazem coisas vexatórias que normalmente seriam incapazes. Campanhas de conscientização são muito bem vindas sempre e em qualquer época do ano, mas são insuficientes diante da perda de controle da multidão. Este ano vivemos um clássico neste sentido que foi a campanha pelo xixi nos banheiros químicos. O número dos mesmos aumentou, eles estavam limpos, as filas organizadas etc., mas o número de infratores triplicou em relação a 2010.
Além do preocupante risco de acidentes, as ocorrências danosas ao patrimônio público e privado são constrangedoras para os moradores e empresários do bairro que o cuidam com tanto carinho e têm imenso orgulho de mostrá-lo aos seus visitantes.
Certos de contar com a sua atenção, estamos à inteira disposição para eventuais contatos,
Atenciosamente
Ana Luiza Archer, Ignez Barretto e Rogério Esteves – Projeto de Segurança de Ipanema
projetodeipanema@terra.com.br –
Bruno Pereira – Quadrilátero do Charme de Ipanema
charmedeipanema@yahoo.com.br -
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como moradora de Ipanema,sugiro que apenas desfile um bloco por dia no bairro.A conflência dos mesmos tb gera o caos.
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