FIM DAS FESTAS

Zona Sul pede fim de festas

Moradores se organizam para impedir megaeventos na orla e têm o apoio da Zona Norte

POR DIOGO DIAS

Rio - Moradores da Zona Sul declararam guerra aos megaeventos na orla. Vítimas do caos gerado no trânsito e fartos da depredação do espaço público, eles se mobilizam para limitar o número de festas à beira-mar. A iniciativa tem apoio de quem mora na Zona Norte, vai virar dossiê e será enviado ao Ministério Público pelo Movimento Rio Para Todos.

A proposta é manter só as festas oficiais e pulverizar outras por toda a cidade. O grupo, que reúne dezenas de associações de moradores de toda a cidade, tentará audiência com o prefeito Eduardo Paes. “Os eventos na orla são importantes, mas é preciso ter limites. Outras regiões do Rio podem e precisam de grandes eventos”, defende Augusto Boisson, presidente do Movimento Rio Cidade Legal.

Os últimos eventos na Zona Sul não deixaram boas recordações a muitos moradores. No Natal, o show de Roberto Carlos na Praia de Copacabana impediu famílias de se encontrar porque as vias foram interditadas para carros. Em abril, culto religioso reuniu 1 milhão de fiéis na orla de Botafogo e provocou engarrafamento em 13 bairros.

Para o presidente da Associação de Moradores do Entorno do Engenhão, Aníbal Antunes, que representa 23 bairros da Zona Norte, a região tem condições de sediar megaeventos. “Não temos o privilégio de receber o Roberto Carlos ou a Cláudia Leitte. Se na Zona Sul cria problemas, o show deveria ser aqui”.

Sujeira e danos ao ambiente incomodam

Os problemas gerados na orla da cidade por causa dos grandes eventos foram debatidos durante a semana no 1º Fórum de Discussão sobre a Realização de Sucessivos Eventos nas Praias da Zona Sul. A preocupação é que a presença de milhares de pessoas cause danos ao meio ambiente e ao mobiliário urbano.

“Temos que preservar nossa orla marítima, que é uma área de preservação ambiental. O evento acaba, mas o lixo e o cheiro de urina ficam”, comenta Augusto Boisson.

Para o vice-presidente da Associação de Amigos e Moradores do Leme, Francisco Nunes, a falta de banheiros públicos pode contribuir com a contaminação da areia. Ele critica também a quantidade de lixo jogado na praia.

“Depois dos eventos, a praia fica tomada por lixo. A urina infiltra na areia por causa do número insuficiente de banheiros públicos, e o cheiro fica insuportável. Isso pode transmitir doenças”, ressalta Nunes.

Procurada, a Prefeitura do Rio não se pronunciou.

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