Banheiros públicos pagos apresentam problemas
Sanitários têm porta travada. Quando abrem, imundície impede o uso
POR DIOGO DIAS
Rio - Os banheiros públicos da cidade se transformaram em verdadeiros caça-níqueis, com raras chances para os ‘apostadores’. Quem não tiver a ‘sorte’ de conseguir destravar portas quase sempre emperradas dos equipamentos fica no aperto e ainda corre o risco de perder o valor depositado, que varia de R$ 0,50 a R$ 2. Para os sortudos que abrirem a cabine, o jogo também é duro: precisam encarar um ambiente nada agradável. Muitos desistem de se aliviar mesmo depois de pagar.
Turistas alemães tentam o banheiro público no Mirante do Leblon Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
O DIA testou a qualidade do serviço, sob concessão da empresa Clear Channel desde 1999 após licitação da prefeitura, percorrendo seis banheiros públicos nas Zonas Norte e Sul: nenhum abriu as portas com a moeda. Metade reteve o valor depositado.
Instalado em ponto turístico do Rio, o banheiro público do Mirante do Leblon não tem deixado boas recordações para os visitantes. Segundo o vendedor ambulante Celso Moreira, 40 anos, que trabalha há duas décadas no local, é cada vez mais raro ver o equipamento funcionando.
“Este banheiro está com problema. De vez em quando, tem fila de turista tentando fazer xixi, mas ninguém consegue abrir a porta. Eles perdem o dinheiro e depois reclamam da cidade”, comenta.
A vendedora Michele de Paula, 29 anos, que também trabalha no local, faz coro. “Estamos perdendo clientes. As pessoas vêm aqui para consumir, mas não conseguem usar o banheiro. Quando a porta abre, está imundo. Eu mesma limpo para não espantar os fregueses”, afirma.
O banheiro instalado no Largo do Machado também ficou com a moeda e não funcionou. O equipamento da Praça Afonso Pena, na Tijuca, está com o mesmo defeito. Para o aposentado José Dantas, 76, o problema estimula a falta de educação: “O cartaz pede para as pessoas fazerem xixi e elas fazem, mas na rua”.
Nas praças Saens Peña, na Tijuca; Santos Dumont, na Gávea; e General Osório, em Ipanema, os banheiros também não abriram. Nestes pontos, porém, os equipamentos devolviam ou não aceitavam o valor depositado
Em cada banheiro, há uma placa com o telefone da Clear Channel. Segundo a empresa, os usuários que tiverem a moeda retida no aparelho devem ligar e comunicar o ocorrido. Um funcionário irá ao local para ressarcir a pessoa.
Instalação até em locais sem rede de esgoto
Dos 34 banheiros instalados pela Clear Channel, dois ainda não entraram em funcionamento por causa de problemas na rede de esgoto. Segundo a Cedae, a empresa construiu equipamentos sem consultar a disponibilidade de fornecimento de água.
Gerente de operações da empresa, Marcelo Cavalcanti garante que o problema está quase solucionado.
“O único banheiro que não tinha condição de ligar fica no Estácio, mas já estamos resolvendo o problema. Na Praça 15, foi a Cedae que não fez a ligação. Os outros estão OK”, afirma.
Já a prefeitura diz que trabalha com a Cedae e Clear Channel para resolver casos pontuais onde a ligação à rede de esgoto ainda não foi viabilizada. A secretaria de Conservação fará verificação dos problemas junto à empresa concessionária.
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