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Rotina

Queda de poste sobre idosa em Ipanema é mais um exemplo de má conservação nas vias da Zona Sul

Lygia Freitas



RIO - A falta de manutenção nas vias da Zona Sul carioca tem colocado em risco a segurança do cidadão. Depois de bueiros estourados em Copacabana na semana passada, neste domingo foi a vez de um poste com um sinal de trânsito desabar sobre uma idosa que fazia alongamento antes de começar uma caminhada pela manhã, na altura do posto 9, em Ipanema. Por pouco a idosa e outras pessoas que passavam pelo calçadão no momento do acidente não sofreram ferimentos graves.
A aposentada Suely Jurberg, de 69 anos, pretendia se exercitar quando levou o susto. Com as mãos ao redor da pilastra que sustentava o poste, ela começava a alongar as pernas quando viu a estrutura ceder e cair sobre seu ombro. Ela chegou a escorar o poste, dando passos para trás, mas, pesada, a estrutura acabou caindo no chão.
A base de metal que sustentava o semáforo estava bastante enferrujada e acabou quebrando com o apoio da aposentada. Diversas pessoas, que se exercitavam no local, ficaram assustadas com a imagem do poste caído.
A despeito do susto, Suely, que afirma estar acostumada a se exercitar no local, não sofreu ferimentos graves nem precisou de atendimento médico.
- Tenho percebido melhorias aqui no calçadão; está tudo direitinho. Isso não passou de um acidente; uma fatalidade - resignou-se, acrescentando que iria continuar a caminhada.
Pouco depois do acidente, um agente de limpeza e dois guardas municipais chegaram ao local para ajudar a aposentada e afirmaram ter acionado a CET-Rio, responsável pela manutenção dos semáforos, para que fosse tomada uma providência. No entanto, uma conversa entre os três traçou um retrato de como está a manutenção da orla de Ipanema até o Leblon.
- Isso aqui está podre, ainda bem que não aconteceu nenhuma desgraça - comentou um guarda.
Basta um passeio pelo calçadão para constatar que outros acidentes como o ocorrido na manhã de ontem podem acontecer a qualquer momento. Ao longo das avenidas Vieira Souto, em Ipanema e Delfim Moreira, no Leblon, muitas estruturas metálicas de placas informativas estão deterioradas, assim como sinalizações, o calçadão e até mesmo o asfalto e postes de iluminação.
Uma das cenas mais impressionantes pode ser vista no calçadão do Leblon, na altura do posto 12, onde a estrutura metálica que envolve a fiação de um poste está enferrujada e amassada, trazendo risco a quem passa pelo local.
Sobre o poste, a Rio Luz, responsável pela manutenção, informou que ainda esta semana enviará uma equipe para fazer a vistoria e, se necessário, fazer a substituição da estrutura. Falta infraestrutura ao longo da orla
Os exemplos de falta de conservação de postes e calçamento podem transformar em atividade de risco uma das opções favoritas do carioca: os passeios por calçadões e ciclovias da orla. A opinião é dos próprios frequentadores das áreas de lazer.
A executiva Clarice Lamb, de 49 anos, por exemplo, teve que trocar a prática de corrida pelas pedaladas na bicicleta, devido a um acidente acontecido no calçadão $Ipanema na semana passada.
- O asfalto não é bom e as pedras do calçadão estão soltas. Eu estava correndo, acabei tropeçando e torci meu tornozelo, que ainda está dolorido. Se não fosse tão difícil e cheio de burocracia, eu teria processado a prefeitura - reclama a executiva.
" No final do Leblon, o calçadão está gasto, com buracos. Além disso, em toda a orla, há estruturas apodrecidas e até mesmo coqueiros mortos, que podem cair a qualquer momento "
A má conservação das pedras do calçadão também tem sido obstáculo para as costumeiras caminhadas da aposentada Maria Virgínia Barreto, de 62 anos. Ela conta que, normalmente, segue caminhando do Leblon até o Arpoador e se mostra descontente com o perigo que vem do chão.
- No final do Leblon, o calçadão está gasto, com buracos. Além disso, em toda a orla, há estruturas apodrecidas e até mesmo coqueiros mortos, que podem cair a qualquer momento - estima. Associações ouvem reclamações
Diante do acidente da manhã deste domingo, o presidente do Conselho Comunitário de Segurança Pública RISP-23, presidente da Associação de Moradores e Proprietários de Prédios do Leblon e coordenador do Movimento Rio Cidade Legal, Augusto Boisson, afirmou ter conhecimento de muitas reclamações de postes apodrecidos que não são substituídos.
- Acredito que, em toda a cidade, o número de postes como esse que caiu hoje seja incontável. Temos um histórico grande de postes abandonados em situação lastimável, principalmente na Zona Sul, porque aqui a maresia atua com intensidade e a tendência é apodrecer mesmo - reclama.
Ele acredita que seja necessário que a prefeitura faça uma vistoria em todos os postes da orla para identificar os problemas e evitar outras situações como a de hoje.
-Isso vai acontecer mais ainda se a prefeitura não vistoriar poste por poste - diz.
Além disso, Boisson reclama da estrutura do calçadão que, de acordo com ele, estão desgastadas em algumas áreas, na junção com as escadarias que dão acesso à areia da praia.
Já para Maria Amélia Loureiro, presidente da Associação de Moradores de Ipanema (Amipanema), as melhorias têm surgido aos poucos. Ela diz que, graças ao bom contato com o poder público, é possível manter um "padrãozinho" em Ipanema.
- As pessoas reclamam muito quando as coisas acontecem, porque saltam aos olhos. Apesar desse acidente, a infraestrutura tem melhorado e a minha esperança é que continue melhorando - afirma.
A CET-Rio, responsável pelo poste, informou que a peça foi retirada e será substituída durante a madrugada desta segunda-feira. Segundo a nota, se a inspeção identificar falha na manutenção, a empresa contratada para efetuar o serviço será punida. A empresa informa ainda que efetua rotineiramente a manutenção dos sinais da cidade, e que as vistorias são intensificadas na Zona Sul, em função da maresia. Para evitar problema semelhante, todas as colunas existentes na orla da cidade já começaram a ser revistas a partir da tarde de domingo.

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