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Manobra radicalSaiba como Cidinho Pereira, criador da primeira loja de biquínis do país, resgatou o prestígio da Bumbum

Por Katia SimõesFotos Bruno de Lima

'Não tenho mais tempo para errar'Cidinho Pereira, criador da BumbumEntre as ruas Vinicius de Moraes e Garcia D'Ávila, o bairro carioca de Ipanema tem uma cadência diferente. Mais do que isso, tem muita história para contar. Foi ali que surgiu a bossa nova, que Tom Jobim eternizou a sua Garota e onde o paraibano Alcindo Pereira da Silva Filho, mais conhecido como Cidinho, fez da Bumbum a primeira grife de moda praia a ter uma loja exclusiva de biquínis em todo o país. Até então, eles eram vendidos aos punhadinhos nas butiques espalhadas pelo Brasil.
Já se vão 30 anos desde o dia em que Cidinho distribuiu entre as musas de Ipanema os primeiros biquínis com a marca Bumbum, nome pra lá de atrevido para a época. Nessas três décadas, a grife viveu períodos de grande euforia, quando lançava moda e seus modelos eram usados por nomes como Luiza Brunet e Monique Evans, e outros de um quase ostracismo ao longo dos anos 90, sufocada pela concorrência.
'Hoje, o cenário é outro', afirma o irreverente Cidinho. Aos 62 anos, usando jeans, sandália e boné, ele chega deslizando no calçadão de Ipanema em seu mais recente brinquedo: um skate. A julgar pela empolgação e pelo brilho nos olhos do velho garoto do Rio, é impossível não acreditar que os anos 2000 marcaram o renascimento da Bumbum. Os números confirmam. Com dez lojas espalhadas pelas cidades do Rio de Janeiro, Búzios, Salvador, Vitória e São Paulo, a empresa faturou em 2008 nada menos do que R$ 16,5 milhões, 10% a mais que em 2007. Recuperou musculatura, enxugou a estrutura, afinou a logística de criação e distribuição das coleções. Como se diz na linguagem empresarial, a Bumbum arrumou a casa e provou, na prática, que a marca é o ativo mais valioso de uma empresa.
Foi graças ao nome forte, admirado pelos consumidores, que a empresa conseguiu permanecer viva, apesar de uma década de má administração, poucos investimentos e nenhuma inovação. 'Foram onze anos perdidos nos negócios e, posso até dizer, na vida', afirma Cidinho. Abalado com a morte da mãe e descontente com o mundo dos negócios, ele deixou a empresa à deriva de 1989 a 2000.
O preço desse distanciamento não demorou a ser cobrado. Com o comandante fora de cena, a linha de criação perdeu a vitalidade e a administração, as rédeas. Das 13 lojas da rede sobraram apenas oito e, mesmo assim, com o movimento reduzido a menos da metade. A situação era tão caótica que um mesmo título de cobrança era pago mais de uma vez, enquanto outros iam a protesto. Para completar, a estrutura estava inchada e os processos de produção ultrapassados. Até os mais otimistas acreditavam que a Bumbum daria adeus a Ipanema.

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