MENDIGOS NA ZONA SUL

..
COMO SEMPRE NA VINÍCIUS,A RUA DO LIXO !



Moradores da Zona Sul observam aumento e perfil mais agressivo da população de rua


Por Thamine Leta (thamine.leta@oglobo.com.br)

Agência O Globo - 1 hora 3 minutos atrás



 Há algumas semanas, a aposentada Márcia Bruce Kohout, moradora da Rua Duvivier, em Copacabana, viu a calçada do seu prédio ser ocupada por mendigos, que desde então vêm usando o lugar como dormitório: chegam ao anoitecer e só saem de manhã. Alguns são agressivos e usam drogas. Assim como Márcia, outros moradores do bairro, de Ipanema e do Leblon têm notado o aumento da população de rua na Zona Sul. Além disso, está havendo uma mudança no perfil dessas pessoas que vivem ao desabrigo na região, como a própria Secretaria municipal de Assistência Social começa a descobrir. Muitas teriam migrado de favelas ocupadas pela polícia, são viciadas em crack e cometem crimes.

Na Rua Duvivier, Márcia Bruce Kohout diz que a presença de pedintes ali não é recente. No entanto, a aposentada garante que o número de famílias que vivem nas ruas tem aumentado.

- Eu moro aqui há 60 anos e tive que mudar a minha rotina. Deixei de acordar cedo para ir à padaria, pois teria que pular os mendigos para conseguir seguir meu caminho. E existem dois tipos: aqueles que trabalham nas ruas e usam a calçada para dormir, e os que são delinquentes. Muitos usam drogas, ficam agressivos. Eles ameaçam, muitas vezes jogam pedras. Fora o medo, existe o constrangimento também. Eles espalham lixo, urinam, defecam, fazem sexo debaixo da minha janela. É assustador - conta Márcia.

O presidente da Sociedade Amigos de Copacabana e do Conselho Comunitário de Segurança do bairro, Horácio Magalhães, diz que, nos últimos três meses, a população de rua na região aumentou consideravelmente. Ele especula que, com as recentes ocupações policiais de favelas, muitos usuários de crack migraram para a Zona Sul:

- É um problema crônico. Nós nos deparamos cada vez mais com moradores de rua. E dá para ver que muitos estão usando crack. Isso não afeta apenas a ordem social, há também um reflexo na segurança pública. A distância que separa a delinquência da indigência é bastante complicada.

O aumento do número de mendigos é percebido também em Ipanema e no Leblon. Numa ronda feita por repórteres do GLOBO na Avenida Ataulfo de Paiva, no Leblon, por volta das 19h30m do último domingo, foram contados nove moradores de rua em seis quadras.

- É horrível ver aquelas pessoas vivendo num abandono geral - diz Evelyn Rosenzweig, presidente da Associação de Moradores do Leblon. - E a população não contribui para que isso acabe. Muitas vezes dá esmolas, mas essa generosidade não é a postura ideal, já que estimula o crescimento do número de pedintes. E vemos três guardas municipais em cada esquina do Leblon (em outubro de 2011, o bairro ganhou uma Unidade de Ordem Pública). Por que eles não abordam os moradores de rua e dizem: "Aqui o senhor não pode dormir"? Claro, depois a assistência social precisa fazer o seu trabalho .

Antecedentes não podem mais ser checados

A Secretaria municipal de Assistência Social informou que, por causa das migrações de moradores de rua na cidade, começa a estudar um novo perfil desse grupo. Além dos que já dormiam nas calçadas, passaram a viver nas ruas da Zona Sul viciados em crack e criminosos.

- Com a instalação das Unidades de Polícia Pacificadora, houve migração de moradores de favelas que usavam e vendiam drogas - diz Daphne Braga, assistente social e diretora de média complexidade dos Centros de Referência Especializada da secretaria. - Eles se misturaram aos antigos moradores de rua. Essas pessoas vendem drogas e cometem delitos. Elas procuram fazer isso na Zona Sul porque sabem que a renda dos moradores dessa região é maior. Antes, acolhíamos as pessoas e íamos à delegacia verificar se tinham fichas criminais. No ano passado, 280 ficaram presas após verificarmos seus históricos. Mas, por uma ação do Ministério Público, não podemos mais fazer isso. Assim, todas são encaminhadas aos centros de acolhimento, onde podem ter acompanhamento. Mas, se quiserem, podem deixar o local.

De acordo com a Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop), os guardas municipais recebem duas orientações: além de pedir aos moradores de rua que deixem o local, por estarem perturbando quem passa pela área, devem alertar a Secretaria de Assistência Social. Este órgão, por sua vez, informou que faz abordagens diariamente, de manhã. Disse ainda que está se articulando com outros órgãos para intensificar as operações, pois nesta época, devido à proximidade das festas de fim de ano, o número de moradores de rua aumenta na Zona Sul.

Segundo a Secretaria de Assistência Social, Copacabana é o bairro da Zona Sul com maior número de queixas em relação à presença de população de rua. As praças Serzedelo Correia e do Lido são pontos identificados como tendo indícios de tráfico, assim como Corte do Cantagalo e Rua Tonelero (incluindo o Túnel Major Rubens Vaz). Em Ipanema, os pontos com maior número de mendigos são Jardim de Alah, Epitácio Pessoa, Visconde de Pirajá, Praça General Osório, Vinicius de Moraes e Nascimento Silva. Já no Leblon são Ataulfo de Paiva, Humberto de Campos, Bartolomeu Mitre, Borges de Medeiros, General Artigas, Almirante Pereira Guimarães, Dias Ferreira e Carlos Góes.



..

Nenhum comentário:

Postar um comentário