EU REPORTER

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Desordem

Moradora de Ipanema reclama de música alta, ambulantes e mijões no carnaval de rua no Rio

Texto da leitora Adriana Camargo

RIO - Como recém-moradora de Ipanema, Zona Sul do Rio, fiquei chocada com a contradição que observei entre o veiculado pela mídia e o que presenciei, da minha janela, durante os infindáveis quatro dias de carnaval. Feita refém dentro do meu apartamento, fui agredida por um som colocado na calçada por um estabelecimento comercial na Rua Farme de Amoedo em volume absolutamente inaceitável para um espaço aberto (rua) e cercado de prédios residenciais, apesar de ali também haver vários restaurantes e espaços de entretenimento. O limite de decibéis ultrapassava qualquer bom senso, sendo, repito, uma agressão aos moradores dos edifícios e aos frequentadores dos outros bares e restaurantes das redondezas.

O tipo de som e o volume talvez seriam adequados para uma boate. Vai a uma boate quem quer. E é voluntário estar em uma boate. Não é compulsório. Mesmo com todas as janelas fechadas, ar condicionado ligado, era enlouquecedor e uma tortura permanecer dentro de casa. Sem contar que o estilo das músicas era degradante. Nada a ver com o resgate do carnaval do Rio que a mídia, a Sebastiana e outros órgãos tentam promover, o carnaval de rua brincalhão de outrora.
Música eletrônica de festas rave e funks com letras da mais baixa categoria.
Vi entrevista da Associação Comercial na Rede Record festejando aumento nas vendas e atribuindo o sucesso à falta de chuva e à "música na rua". Mas isso não é justo nem decente, pelos fatos que relatei. Não se justifica e não sei se há amparo legal para torturar pessoas dessa maneira em nome de "aumento nas vendas", sem a menor fiscalização.

As notícias veiculadas na televisão, nos jornais, em toda a mídia davam conta dos esforços do poder público em coibir o "xixi na rua". Pois na Rua Farme de Amoedo não houve uma detenção sequer, e o mictório em paredes, portas de prédios e portões de garagens, inclusive onde moro, parecia instituído e liberado. Fiscalização para isso, zero. Como zero foi a fiscalização para os ambulantes, que, vendo a oportunidade de faturar um "extra", se apropriaram das calçadas, sendo que alguns deles dormiram pelo menos três dias na porta do prédio em que moro, se revezando e guardando o "ponto" para a chegada da tarde e da noite, quando vendiam, além de bebida alcoólica, toda sorte de alimentos que, imaginamos, não sejam garantidas quanto à higiene ou qualidade.

Há anos visito familiares que residem na Farme de Amoedo, nesta época de carnaval. Acabo de ser transferida, pelo meu trabalho, para o Rio de Janeiro e de me mudar para a mesma rua. Nunca vi um espetáculo tão deprimente quanto o deste ano. Precisamos agir para que não se instale esse absurdo de "terra de ninguém". Os moradores da Farme de Amoedo pedem ajuda para civilizar a brincadeira e para que haja respeito e direitos para todos. Por enquanto, estou me sentindo ultrajada e humilhada pelo descaso da prefeitura neste carnaval de 2010.

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