BLOCO DA BANDALHA




Com a fiscalização voltada para o carnaval, orla é tomada pela desordem

Publicada em 14/02/2010 às 23h44m
Luana Soares, com colaboração de Isabela Bastos

RIO - Enquanto as atenções dos órgãos públicos estavam voltadas para a fiscalização do Sambódromo e dos blocos de rua, quem aproveitou o domingo de carnaval nas praias da Zona Sul se deparou com um desfile de irregularidades. Em pleno feriadão e com as praias lotadas de turistas, banhistas que procuraram Ipanema e Copacabana sentiram falta dos agentes da operação Choque de Ordem, assim como dos guardas municipais. O GLOBO percorreu ontem as duas praias e não viu sinal da fiscalização. Sem guardas à vista, a bandalha se espalhou à vontade. Vendedores ambulantes usavam caixas de isopor e serviam, tranquilamente, camarão frito e queijo coalho em bandejas levadas até a areia. À beira mar, banhistas jogavam frescobol ignorando a proximidade de crianças e, na rua, motoristas abusavam das filas duplas. Mas a desordem não ficou restrita à orla. Mesmo com a maior parte da fiscalização com os olhos voltados para a festa momesca, os foliões do Cordão do Bola Preta, que desfilou no sábado, no Centro, não deixaram apenas o tradicional rastro de sujeira: ontem, na Cinelândia, um pedaço do monumento em homenagem ao Marechal Floriano Peixoto, de 1910, em ferro fundido, estava no chão.

Dois meses e meio após o início da Operação Verão, e com a demanda extra do carnaval, a prefeitura destacou 117 guardas municipais para a orla, 9% de um efetivo de 1.200 homens reservados pela corporação para atuar em toda cidade em atividades desvinculadas do carnaval. Outros 1.423 agentes estão trabalhando diariamente em pontos de folia, como o Sambódromo, o Centro e bairros com desfiles de blocos.
- Duas coisas podem ter acontecido: ou eles estão de folga por causa do carnaval, ou estão aproveitando em algum bloco por aí. Aqui na praia eu não vi ninguém - reclamou a dona de casa Paula de Freitas, de 47 anos, que estava na Praia de Ipanema.

O inspetor Marcelo Souza, do Grupamento Especial de Praia (GEP), garante que os agentes estavam trabalhando na orla e que, inclusive, houve apreensões de mercadorias. Segundo a Guarda Municipal, ontem, foram registradas 82 ocorrências em Ipanema e Copacabana, sendo 78 relativas a crianças perdidas. O restante foi apreensão de mercadoria.
- Os guardas deviam estar em horário de almoço, ou então em algum atendimento. O posto da Guarda não é fixo. Talvez eles estivessem em patrulhamento e ninguém viu - justificou o inspetor.
Já a Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop) informou que 400 fiscais vêm trabalhando em regime de dois turnos para fiscalizar a orla e os blocos que desfilam nas proximidades das praias. A Seop destacou ainda outros 360 fiscais para trabalhar no entorno do Sambódromo e no Centro durante a folia. Procurado para explicar a ausência dos agentes nas praias, o secretário da Ordem Pública, Rodrigo Bethlem, não atendeu à imprensa ontem. Mas, segundo sua assessoria, ele cobrou explicações da Coordenadoria de Fiscalização de Praias pelas deficiências na fiscalização.

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