A PRAÇA É NOSSA !


 
A PRAÇA É NOSSA

Há um conceito de irresistível apelo, que foi  transformado no título de um antigo programa de televisão e até numa canção popular, a de que a praça é nossa. Amplio essa visão conceitual: não só a praça é nossa, como todas as ruas da cidade também. "Não moro em Ipanema, o que é que eu tenho a ver com essa questão do metrô, da remoção de árvores, etc?" - essa indiferença de alguns me incomoda bastante. Gosto de saber, por exemplo, que meu antigo reduto de encontro com Cartola, Zica, Carlos Cachaça  e Dona Neuma, no Buraco da Quente da Mangueira, tornou-se de novo frequentável após a instalação de uma UPP na Estação Primeira. (Pergunto, apenas,  se a birosca da Efigênia do Balbino continua de pé).

Como poeta, vivi na Praça Nossa Senhora da Paz  uma das grandes emoções da minha vida, ao saber que Pixinguinha acabara de falecer no adro da igreja ali existente. E eu o visitara, na companhia do fotógrafo Walter Firmo, algumas horas antes.  Então, essa praça é também minha - e uma discussão ampla e democrática sobre o seu futuro não pode ficar apenas na decisão de um governante. Falam em remover árvores que, no futuro, seriam replantadas no mesmo lugar de onde pensam retirá-las. Não sou especialista em botânica e biologia, mas tenho amigos meus especialistas na matéria que me orientam nas ações que faço aqui no bairro onde vivo, Botafogo, que nunca eu o vi abordado pelos tais "Zeladores de rua" e nem visitado pelos calceteiros que teriam vindo de Portugal para ensinar seu ofício aos  operários brasileiros  que trabalham na fixação das pedras vascainas em nossas desniveladas calçadas. Nossos canteiros eram lixeiras a céu aberto, as calçadas repletas de cocô. Conseguimos, com a ajuda de vizinhos, reverter essa situação. Se a praça é nossa, vamos então discuti-la em profundidade - e em paz. Mas, se for preciso, em pé de guerra. No bom sentido, é claro. Essa mobilização me sensibiliza muito.

Herminio Bello de Carvalho  

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