METRÔ

Prezado Carlos Saturnino,

em primeiro lugar espero que você tenha tido boas festas e desejo que 2012 seja de muita paz, saúde e realizações para você e sua família.
Recebi uma mensagem com as preocupações que se seguem para sua apreciação, de uma voluntária do PSI. Não posso medir o grau de pertinência delas, mas acho que você julgará melhor o que fazer com estes questionamentos. São preocupações de uma sociedade que não é informada sobre as pretensões do governo, quais os riscos e impactos que uma obra deste porte pode ter sobre o bairro e a praça N. Sra. da Paz.
Um abraço,
Ignez


Há poucos estudos sobre a formação do solo da Zona Sul do Rio de Janeiro, eles contemplam mais as regiões rochosas do Estado. Mas há fatos.


1 - No princípio, a Lagoa Rodrigo de Freitas não existia, a região era a ponta de uma baía.
2 - Há cinco mil anos o nível do mar baixou e a Lagoa se formou, separada do mar por um cordão litorâneo arenoso, não rochoso.
3 – Sobre esse terreno arenoso Ipanema foi construída.


Com a exposição cronológica podemos entender que o solo de Ipanema é feito de camadas de areia e argila. Segundo os geólogos, um solo “extremamente sensível”. Não à toa, imagino, todos os túneis do Rio de Janeiro vêm sendo construídos em maciços rochosos.


Segundo informação da Casa Civil do Estado, divulgada pela imprensa, o trabalho de perfuração em Ipanema será feita com o Shield, conhecido como Tatuzão. Até agora os autores não divulgaram os estudos geológicos que terão sido a base do projeto que desviou o metrô do seu traçado original, Gávea/JBotânico/Botafogo, para Ipanema/Leblon.
O governo aprova a obra, os empreiteiros aprovam a obra. E os geólogos? O que eles pensam dela? Somente com a liberação do estudo geológico do projeto do metrô é que saberemos de que forma tal interferência atuará no solo de Ipanema. Nele certamente haverá respostas às perguntas sobre as reais consequências da ação do Shield no bairro.
. De que forma essa ação pode interferir no cenário geológico do bairro?
. Será que a ação do Shiel afetará o lençol freático?
. Será que a cunha salina, a água do mar existente sob o solo, será atingida, perfurada?
. Em caso positivo, será que o volume e a força dessas águas, bombeadas dali para a construção do túnel, podem inundar a camada arenosa do solo?
. E será que uma possível inundação da camada arenosa do solo pode colocar em risco as estruturas dos prédios no entorno da área de perfuração?


Praça NS da Paz

Temos defendido a praça com base no decreto 23161 de 21/7/2003 - que no artigo 10 diz "Ficam tombados, definitivamente, nos termos do artigo 1o. da lei no. 166 de 27/5/1980, a Praça N.S. da Paz e o monumento a Pinheiro Machado" - mas agora, com esse aprofundamento das preocupações, lembremos.
O solo da praça tem sido estudado e analisado por empresas que nunca levaram adiante o projeto de construir ali uma garagem subterrânea. A razão da inviabilidade do projeto, tantas vezes anunciado, estará no diagnóstico geológico do lugar? Não tive acesso aos relatórios das empresas, sigilosos, mas temo que tenham alertado para o alto preço e a falta de segurança de tal obra.

O Estado ainda não tem licença ambiental para passar o metrô por Ipanema e nem para abrir uma estação na Praça NS da Paz. A Casa Civil diz que espera por ela em fevereiro, mas certamente confia na liberação, pois a data para o início das obras já foi marcada: 13 de fevereiro de 2012. E a divulgação dos estudos geológicos que dão suporte a tal projeto será feita em que data? Será feita? Lembro que o Clube de Engenharia, em matéria em O Globo de 13/09/2011, já pedia acesso aos estudos para entender o que levou o governo a optar pelo novo percurso projetado. Você sabe se eles tiveram alguma resposta? Acho que teríamos sabido pela imprensa, não é?

Enfim, estou apavorada. Não podemos ficar parados, temendo o pior. Temos que exigir que o governo aja com transparência e divulgue os estudos geológicos, não temos? Por favor, diga o que acha disso tudo, confio muito na sua opinião.


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Para o conhecimento de todos. O promotor Carlos Frederico Saturnino me mandou estas informações a respeito de nossa representação pedindo a intervenção do MP para que não seja construída a saída de metrô na Praça N. Sra. da Paz.
Ignez

Prezada Ignez,
agradeço os votos e desejo o mesmo para vc e sua família.
Não possuo conhecimentos específicos de geologia para acrescentar, concordar ou discordar da mensagem abaixo.
O EIA/RIMA, que foi disponibilizado nos últimos dias de dezembro, está sendo analisado pelos peritos do GATE/MP, que estão fazendo o máximo possível para emitirem um parecer antes da data da audiência pública, que provavelmente será realizada em janeiro ou fevereiro.
Caso vc ou qualquer pessoa queria ter acesso ao EIA/RIMA elaborado pelos empreendedores, o MP disponibilizou o arquivo no site http://rap.mp.rj.gov.br/viewtopic.php?f=5&t=47
Veja o último item, intitulado Novo Eia.
Lembro que todos os questionamentos e críticas poderão ser formulados por escrito ou verbalmente, por qualquer cidadão, na referida audiência pública.
Abs,
Carlos
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Sua ação , EXCELENTE !
Este é exatamente o X da questão, um dos argumentos em q mais me baseio : Até a estação Gal.Osorio - leia-se Sá Ferreira/Bulhões, toda
a obra foi realizada majoritariamente em terreno rochoso.
Dali p/frente o solo é majoritariamente AREIA.Tem um prédio sendo construído na Gorceix e acompanhei, em novembro/2011, o trabalho da prefeitura , para
colocação de novas tubulações naquela rua p/atender demandas da
nova construção.Logo abaixo da camada de asfalto - muita areia, olhando o buraco que cavavam , observei mais de 2 metros de profundidade de areia.Logo, todo o temor da sociedade ipanemense NÃO É INFUNDADO.Mais do que a questão do Tombamento temos que FOCAR nesse argumento do terreno arenoso.Não há - ATÉ AQUI - exemplo de
perfuração nesse tipo de solo.Não podemos permitir que ocorra aqui reedição do episódio do Palace II/Barra/Sergio Nahas.
Abço,
G


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