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Polícia Civil desarticula quadrilha que fraudava compra de materiais na rede pública de saúde

Márcia Foletto, Taís Mendes, Ludmila Curi e G1


RIO - Policiais civis da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Saúde Pública cumprem nesta quinta-feira 15 mandados de busca e apreensão nas residências, consultórios e empresas de suspeitos de forjar documentos para justificar a compra de materiais que não eram usados em procedimentos cirúrgicos. A denúncia partiu de um funcionário do Hospital Municipal Salgado Filho, onde a quadrilha teria um contrato de R$ 6 milhões. O chefe da neurocirurgia da unidade participa do esquema. Além dele, outros envolvidos moram e trabalham em bairros nobres do Rio, como Ipanema, Barra da Tijuca, Lagoa Rodrigo de Freitas, São Conrado e Recreio.
Entre os materiais teoricamente comprados, estão espirais de platina, usadas em cirurgias para conter aneurismas cerebrais. Segundo o site G1 , a polícia informou que a quadrilha é formada pelo dono da empresa que representa o fabricante do material, o gerente geral da empresa, um médico responsável pelo controle de compras do hospital, um vendedor, o chefe e o assistente do setor de neurologia do hospital, entre outras pessoas. Na operação, as equipes da Polícia Civil cumprem mandado de busca e apreensão também em Itaboraí, onde mora uma gerente envolvida.
As empresas que fazem parte do esquema têm contratos de fornecimento de material cirúrgico com o governo federal, estadual e municipal no valor de R$ 120 milhões nos últimos anos, segundo o delegado Fábio Cardoso, que coordena as investigações.
- Nós já identificamos um contrato que alcança o valor de R$ 120 milhões. Todos esses documentos serão investigados para verificar a regularidade, não só com o Salgado Filho, mas com unidades estaduais e federais - disse o delegado Cardoso, em entrevista à Rádio CBN.
De acordo com o site G1, a fraude incluía falsificação de prontuários de pacientes que, por exemplo, se curavam naturalmente, mas teoricamente teriam recebido uma série de 12 espirais de platina - o número máximo que a prefeitura pode comprar sem licitação. Pelo menos três pacientes teriam passado por todo o procedimento cirúrgico, mas não receberam o material implantado.
A operação já passou na casa e no consultório do neurocirurgião Carlos Henrique Ribeiro, chefe do setor no Hospital Municipal Salgado Filho. Os policiais chegaram em sua residência, na Rua Barão da Torre, em Ipanema, nas primeiras horas da manhã, e deixaram o endereço com dois malotes e um computador. De lá, eles seguiram para a Rua Aníbal de Mendonça, na Galeria Ipanema 2000, onde também fizeram buscas. De 2006 a 2008, ele foi presidente da Sociedade de Neurocirurgia do Rio e ainda pertence ao conselho deliberativo da instituição.
A Polícia Civil também fez buscas na casa do empresário Jorge Figueiredo Novaes, dono de três empresas envolvidas no esquema de fraudes na rede pública de saúde. Segundo o delegado Fábio Cardoso, apenas uma delas está seu nome, a Station, que é fornecedora de material médico. As outras duas estariam em nomes de laranjas. Jorge Figueiredo mora no condomínio Golden Green, na Barra da Tijuca, de onde os policiais saíram com dois malotes de documentos, dois revólveres 38 e munição. Na sede da Station, que fica no Centro Empresarial BarraShopping, na Avenida das Américas 4.200, ele foi preso em flagrante por posse ilegal de armas. Segundo o delegado, trata-se de um crime afiançável.
A investigação começou em dezembro, após a polícia receber a denúncia de um funcionário do hospital. O neurocirurgião e os outros envolvidos simulavam ter usado mais equipamentos e medicamentos do que o realmente utilizado.
Em entrevista à Rádio CBN, o secretário municipal de Saúde, Hans Dormann, disse que não tinha conhecimento da investigação e nem havia recebido denúncias do caso, mas apoia a iniciativa.
- Estou tomando conhecimento desses fatos na manhã desta quinta-feira. Vou descobrir até que ponto posso colaborar com as investigações - declarou.
Quem quiser fazer outras denúncias, o número da ouvidoria da prefeitura é 2503 2213, e o e-mail ouvidoria_sms@rio.rj.gov.br.

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