ILEGAL

PM estoura bingo clandestino em Botafogo

Publicada em 21/12/2008 às 11h07m

Marcelo Dutra e Sérgio Ramalho

RIO - Homens do Serviço Reservado do 2º BPM (Botafogo) estouraram na madrugada de domingo um bingo clandestino que funcionava na Rua General Polidoro 298 A, próximo ao Cemitério São João Batista. Foram detidas 11 pessoas que estavam jogando no momento da operação policial e dois funcionários da casa. Foram apreendidas ainda 39 máquinas de jogos. O bingo funcionava numa casa de dois andares. A ocorrência foi registrada na 10ª DP (Botafogo).
A operação ocorreu depois de a reportagem de Sérgio Ramalho, publicada no GLOBO, mostrar que os bingos clandestinos proliferam pelo Rio, sustentados por jogadores e, em muitos casos, acobertados por policiais militares. A expansão do jogo ilegal pode ser medida pelo número de ligações registradas este ano pelo Disque-Denúncia: 344, de janeiro até o dia 15 passado.

Nas denúncias são citados endereços e detalhes do funcionamento das casas de jogos, algumas instaladas em endereços nobres da Zona Sul, como as ruas Barão da Torre e Visconde de Pirajá em Ipanema, passando pelo Centro, zonas Norte, Oeste e Baixada Fluminense. Em geral, as máquinas ficam em locais reservados, mas há casos como o do Restaurante Tocão, na Rua Lopes Quintas, no Jardim Botânico, onde no segundo andar é possível apostar em 16 máquinas.
Por duas semanas O GLOBO acompanhou o funcionamento de alguns desses bingos clandestinos, ouviu apostadores e ex-apostadores, que, atolados em dívidas, trocaram as máquinas de videobingo e caça-níqueis por reuniões dos Jogadores Anônimos. Para atrair apostadores, alguns bingos clandestinos oferecem transporte e bebidas aos jogadores. Reaberto no dia 4 passado, após ter sido fechado em outubro por policiais da 14ª DP (Leblon), o bingo do Edifício Kico, junto à Praça Nossa Senhora da Paz, ainda estava em obras na tarde de quarta-feira, quando repórteres estiveram no local. Apesar do barulho infernal vindo de uma serra elétrica, usada para dar acabamento a uma porta, três mulheres, com idade acima de 40 anos, apostavam em máquinas de videobingo.
Na sala fechada e enfumaçada, uma funcionária dava orientações sobre o funcionamento das máquinas, enquanto um garçom oferecia cerveja, refrigerante, café e água aos clientes: "É cortesia da casa", dizia. A movimentação é acompanhada de perto por três seguranças. Ao contrário do garçom e da funcionária, o trio é de pouca conversa. Atitude, por sinal, repetida pelos seguranças de outros 15 bingos clandestinos visitados. A presença deles é mais ostensiva em Vila Isabel. O bairro é recordista em denúncias de funcionamento dessas casas.

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