ALBERGUES EM IPANEMA

Albergues em Ipanema atraem cada vez mais jovens estrangeiros

Bruna Talarico,

Jornal do Brasil

RIO - Escondido por uma banca de jornal, o número 175 da Rua Barão da Torre, em Ipanema, revela uma vila particular. Das 20 casas, metade funciona como albergues, redutos da hospedagem barata e do convívio entre jovens de diferentes culturas.
Decorada com bandeiras de diversos países, a casa número três abriga um albergue colorido e cosmopolita. Indicações de programas ideais para cada tipo de clima são penduradas nas paredes do hall de entrada, onde jogos de tabuleiros servem de pretexto para a interação entre os hóspedes.
Os ingleses Mike Tetstall, Owen Chadwick e Patty Smith, todos de 19 anos, partiram de Londres há seis meses para uma viagem independente pelo mundo. Mesmo sem falar português, o grupo acredita que o espírito da cidade faz o trabalho de aproximação sozinho.
– As pessoas daqui são muito amigáveis, é incrível. Se você se perde e está com um mapa no meio da rua, por exemplo, alguém vem e te ajuda – diz Mike.
– Vamos à praia com pessoas que conhecemos aqui e temos amigos nos outros albergues da vila. Ter tudo perto ajuda muito.
De férias da faculdade de literatura, a francesa Claire Richard, 22 anos, reservou cinco dias no mesmo albergue dos ingleses para hospedar-se durante sua passagem pela cidade.
O preço baixo e a possibilidade de conseguir companhia para os programas noturnos foram decisivos na decisão pelo albergue da vila. Claire começou a viagem, que já dura cinco semanas, com uma amiga, mas a última parada, no Rio, é solitária.
– A opção é boa porque é barato – opina Clair, num português improvisado, tentando explicar a preferência por albergues. – E aqui há mochileiros de outros países. O bom do albergue é que você pode confiar nas pessoas.
Hospedado há dez dias no primeiro hostel da vila, o estudante alemão Christian Senninger, 22 anos, declara em bom português – que aprendeu com uma ex-namorada portuguesa – ser apaixonado por bossa nova.
O Brasil, para Christian, pode ser caracterizado facilmente pela associação de praia, samba, mulher e futebol. Quadrilátero centrado obrigatoriamente na cerveja. Para ele, a visita vai deixar saudade dos encontros nos banquinhos da vila.
– Pela minha experiência, percebi que as pessoas que estão viajando não têm vergonha, não são tímidas. A gente se encontra sempre do lado de fora do albergue – analisa, acrescentando que o bronzeado enaltece o alemão.
– Nos hostels, as pessoas acordam mais cedo que o normal para poder aproveitar a praia. Pegar sol e voltar para casa queimado é muito importante para o estrangeiro. Serei um herói quando voltar para a Alemanha.

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