(Oglobo) Combater a narcomilícia na Rocinha é essencial



Hoje o jornal O Globo publicou a página 18 do Primeiro Caderno na coluna de Opinião um artigo muito interessante – “ Combater a narcomilícia na Rocinha é essencial”. Como o título já diz, por si só, a narcomilícia tomou o comércio informal daquela comunidade, estabelecendo taxas de ocupação, segurança, venda de água, gás, transporte etc. É negócio que chega a um bilhão de reais/ano.

Prezados Cel. Amendola e Comandante Tatiana,

Infelizmente não é só a Rocinha e nem mesmos outras comunidades que tem este terrível problema. Também os bairros formais estão fazendo parte deste leilão, macabro, que prospera no vácuo do poder público.

O Projeto de Segurança de Ipanema tem trabalhado à exaustão, para que esta realidade não se imponha ao nosso bairro. Sem muito sucesso.

1 -  Nossas ruas estão cada vez mais tomadas por ambulantes vendendo todo tipo de produto, sem nenhum tipo de fiscalização a respeito da origem dos mesmos. O máximo que a Guarda Municipal consegue, com muito esforço, diga se de passagem, fazer, é verificar se aqueles ambulantes são autorizados ou não.
Não adianta muito: a)-  cada vez mais autorizações são dadas pela Prefeitura
                                        b) – o fato de ser autorizado não quer dizer que a origem da mercadoria vendida é boa ou se é originária do roubo de carga, assaltos, contrabandos ou falsificações
                                        c) – também o fato de ser autorizado não impede que o vendedor deixe de pagar propina ao miliciano para ocupar aquele espaço público.
                
2 – Na  Praça N. Sra. da Paz que, quando abriu a nova estação metrô, há apenas dois anos atrás, só tinha um ambulante autorizado para trabalhar na esquina de Joana Angélica com Visconde de Pirajá – uma sra. que vende roupas. Hoje são mais de sete instalados diariamente vendendo, esfirras, churros, cachorro quente, coxinhas, flores, e roupas. Dentro de muito pouco tempo serão vinte e estaremos em situação igual à todas as outras saídas de metrô, aonde o usuário tem de abrir caminho entre os ambulantes que tomaram o espaço público. Me pergunto se o poder público considera esta experiência bem sucedida. Não é possível! É desordem e caos urbano!
Na mesma praça, se estabeleceu um cronograma de feiras, foras as duas tradicionais – feira livre e de orgânicos – que ocupam a praça durante alguns dias na semana e aos finais de semana. São feiras ditas “artesanais” mas aonde se encontra de tudo para comprar – comidas, bebidas, roupas, biquínis, bonés, chaveiros, cintos bolsas, roupa de criança e de adultos etc. etc.
A população gostaria que as nossas praças N. Sra. da Paz e Jardim de Alá fossem ocupadas, exclusivamente, por eventos culturais – apresentações de corais, música, danças, desfiles de moda, festas religiosas, leitura com as crianças, debates com adolescentes, etc.etc.

3 – As quentinhas são um caso à parte – elas proliferaram no bairro de tal modo que, segundo nossos cálculos mais otimistas , tem pelo menos umas sessenta pessoas vendendo comida para a população sem o menor controle sanitário, origem da matéria prima etc.

Neste momento, vimos pedir aos srs.,  gestores públicos sérios e responsáveis,  que ajudem a população.
Sabemos que a crise econômica está muito profunda, que o ambulante não é bandido, que as desigualdades sociais e o desemprego são chagas que temos carregado com vergonha, mas infelizmente a solução não passa pelo mecanismo simplista de deixar aumentar a informalidade. Este só leva a mais desordem e caos.  Sei de alguns vereadores que sugerem a criação de mais camelódromos, na ilusão de que poderia haver, desta forma, mais fiscalização. É renomada loucura, insensatez e populismo  puro e simples. A experiência nos mostra que o caminho tem de ser o contrário. O celular roubada da jovem que foi morta na Ilha do Governador, foi recomprado no camelódromo da Pavuna, o camelódromo da Uruguayna é controlado por grupos de bandidos milicianos e assim em todos os outros que existem na cidade. Será que as inúmeras experiências, amplamente divulgadas não ensinam nada?
A cidade precisa , ao contrário, se formalizar para criar renda e impostos.

Pedimos um esforço para que  a fiscalização em Ipanema se faça com rigor e de forma contínua.

Atenciosamente,

Ignez Barretto – coordenadora do Projeto de Segurança de Ipanema - 993984020