BAGUNÇA NAS AREIAS DE IPANEMA

Próximos luaus na orla da Zona Sul terão vigilância

Moradores temem problemas com falta de estrutura para receber multidão à noite

O DIA
Rio - A Polícia Militar promete montar esquema especial de segurança para os próximos luaus previstos para a orla do Rio. Entre a noite de sábado e a madrugada de domingo, mais de seis mil jovens, principalmente da Zona Norte, lotaram as areias do Arpoador. A Associação de Moradores de Ipanema reclamou da quantidade de lixo deixada.
Apesar de não ter ocorrido nenhum problema, moradores do bairro temem que haja incidentes se não houve estrutura para receber tanta gente de noite. Segundo a Comlurb, 700 quilos de resíduos foram recolhidos após o luau. A presidente da associação, Maria Amélia Loureiro, fez críticas: “A gente não gosta de ver nosso bairro assim, sujo”, afirmou.
Luau na Praia do Arpoador entre a noite de sábado e a madrugada de domingo foi marcado nas redes sociais
Foto:  Osvaldo Praddo / Agência O Dia
Outra preocupação de moradores é em relação à falta de banheiros suficientes para tanta gente à noite, sem contar o risco de afogamento de participantes. Além do lixo, outra preocupação da prefeitura é quanto ao barulho. Guardas municipais teriam impedido o uso de alto-falantes. Segundo a assessoria de imprensa da Guarda Municipal, o primeiro passo da organização deve ser entrar em contato com a subprefeitura da região para conseguir autorização do evento. 
O Corpo de Bombeiros lembrou que os postos de salvamento só são ativados após as 7h30, ficando a cargo dos organizadores providenciar estrutura para segurança. 
Uma das organizadoras do evento, Thay Moreno garantiu que tomará providências. “Nós queremos autorização da prefeitura e também ajuda para montar nossa estrutura”, disse. “Nós mesmo criamos regras, como não deixar as pessoas usarem drogas para que tudo fique em ordem.”
Destinada inicialmente ao público LGBT, a festa foi marcada pelas redes sociais e recebeu o nome de ‘Luau sem controle’. De acordo com os presentes, a festa não foi tão descontrolada assim. “Não vi crime e nem homofobia, apenas as pessoas brincando e felizes por estarem em um lugar tão maravilhoso e que não costumam visitar”, disse o estudante Wellington Souza, 20 anos, que embarcou no trem em Inhaúma com mais nove amigos para curtir a festa até o dia seguinte.
Thay Moreno alega que os frequentadores foram vítimas de preconceito de moradores do bairro. “Veio gente de todo lugar. Quando passamos pelos restaurantes da orla percebemos os olhares e até gente escondendo a bolsa. Mas queremos mostrar que eles não precisam ter medo”, disse.
Segundo a organização, a próxima confraternização será à fantasia e ainda este mês, em local a ser divulgado na semana que vem pela internet.

Sociólogo compara aos ‘rolezinhos’
Sociólogo da UFRJ, Orlando Junior comparou o evento aos ‘rolezinhos’ que também foram convocados pela internet e reuniram muitos jovens de pouco poder aquisitivo. “Estes fenômenos expressam uma insatisfação com os muros invisíveis da cidade. A elite tem os seus espaços de sociabilidade, enquanto a periferia é segregada. É uma tentativa de dizer que a cidade também é deles”. Segundo o estudioso, isso desperta reações em parte da sociedade.
“A elite ainda é muito preconceituosa. Esse tipo de movimento social é importante para quebrar esses muros e gerar reflexão”, disse.
Reportagem de Lucas Gayoso