ATENÇÃO

Biólogos alertam que emissário de Ipanema pode gerar danos à biodiversidade

Tubulação tem servido de passagem para o despejo maciço de produtos de difícil decomposição ou altamente poluentes

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As Cagarras, que ficam perto do emissário: coletas do Projeto Ilhas do Rio indicariam queda de qualidade da água
Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo (28/07/2009)
As Cagarras, que ficam perto do emissário: coletas do Projeto Ilhas do Rio indicariam queda de qualidade da água - Custódio Coimbra / Agência O Globo (28/07/2009)

RIO — O fotógrafo Carlos Secchin tinha o hábito de mergulhar, dia e noite, nas imediações do emissário submarino de Ipanema, onde se acostumou a encontrar peixes como robalos, linguados e pampos. Registrou centenas de imagens de corais que cresceram ao longo da tubulação. Há seis anos, porém, ele se viu obrigado a abandonar o hobby: o mar ganhou aspecto turvo, impedindo qualquer contemplação marinha. Ele não é o único a notar essa mudança. Pesquisadores e ambientalistas alertam para os efeitos nocivos da grande quantidade de lixo que vem sendo despejada no oceano, atingindo a biodiversidade do Monumento Natural das Ilhas Cagarras.
Durante muito tempo, a tubulação teve um fluxo basicamente composto por matéria orgânica. Hoje, o emissário também serve de passagem para o despejo maciço de produtos agressivos ao meio ambiente, de difícil decomposição ou altamente poluentes.
— O mergulho cênico acabou — lamenta Sechin. — A qualidade e a transparência da água caíram muito desde 2008, quando parei de mergulhar em Ipanema. Por questões de segurança, eu não costumava ir até a boca do emissário, mas saía quase meio quilômetro mar adentro, a 20 metros de profundidade. Hoje não dá mais para fazer isso.
PESQUISADOR COBRA TRATAMENTO
Na avaliação de Paulo Cesar Rosman, coordenador do Programa de Engenharia Oceânica da Coppe/UFRJ, nada justifica a ausência de um sistema de peneiramento do material jogado nas redes de esgoto de 15 bairros, da Glória a São Conrado, que acaba desembocando no mar de Ipanema. Ele ressalta que qualquer objeto com diâmetro igual ou inferior ao de uma bola de tênis passa pela única grade instalada na tubulação.
— Do ponto de vista da engenharia, no caso específico de Ipanema, poderia ser dispensado o tratamento primário para se jogar esgoto no mar, pois a natureza, pela dinâmica do local, se encarrega de matar as bactérias. No entanto, a Lei estadual 2.661/1996 obriga a realização desse serviço. Até entendo que o poder público dê uma autorização especial para dispensá-lo, considerando a falta de espaço físico para a construção de uma estação de tratamento de esgoto. Mas não existir até hoje um sistema de pré-condicionamento do material despejado, um peneiramento progressivo, é algo inadmissível. Seria algo perfeitamente viável e barato. Infelizmente, os cariocas ainda jogam uma grande quantidade de objetos nos vasos sanitários — afirma Rosman.
Prestes a completar quatro décadas de funcionamento (foi inaugurado em 1975), o emissário de Ipanema atraía não só cardumes, mas milhares de cariocas e turistas. As dunas artificiais formadas durante sua construção, assim como um píer em frente à Rua Farme de Amoedo, acabaram se tornando pontos de referência cultural. Hoje, saiu de moda, mas não se pode dizer que está ultrapassado. Carrega 6.400 litros de esgoto por segundo (quantidade produzida por cerca de 950 mil pessoas), mas tem capacidade para suportar o dobro. Feita de polietileno e concreto, sua estrutura tem 3.600 metros de extensão submarina e mil em área terrestre. Os dejetos que recebe são jogados no mar por 180 difusores.
Supervisor de monitoramento do Projeto Ilhas do Rio, o biólogo Carlos Rangel defende a instalação de um sistema de tratamento primário como o do emissário da Barra, inaugurado no fim de 2006. Ele afirma que, em Ipanema, o esgoto afeta profundamente o Monumento Natural das Ilhas Cagarras. Segundo ele, 83% das coletas feitas pela equipe do projeto na região mostraram índices de oxigênio inferiores ao valor mínimo previsto pela resolução federal para águas destinadas à recreação e à proteção de comunidades aquáticas. Biólogos também detectaram a presença de metais pesados em aves e mexilhões.
— O esgoto cai a menos de dois quilômetros da ilha. Se o emissário fosse construído hoje, seria exigido um estudo de impacto ambiental — observa Rangel.
O presidente da Cedae, Wagner Victer, diz ser uma “total insanidade” pensar em fazer tratamento primário no esgoto que chega ao emissário de Ipanema:
— É mais fácil colocar uma usina nuclear em Búzios do que uma estação de tratamento de esgoto na Zona Sul. Além de despropositado do ponto de vista da engenharia, não temos espaço. Vamos colocar a estação no Jockey? Isso não existe. Aí sim, teríamos um impacto ambiental.
Victer afirma que há tratamento primário de esgoto no emissário da Barra porque sua construção ocorreu depois da legislação estadual sobre o tema. Ele diz ainda que, em dezembro, a Cedae divulgará um boletim sobre a qualidade de água no entorno da tubulação de Ipanema.
INFOGRÁFICO:


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BANDO

14/7/2014 às 19h13

Procon autua seis estabelecimentos e recolhe 49 kg de alimentos impróprios no Rio

 A falta de higiene foi um dos problemas detectados pelos fiscais nas cozinhas
Do R7
Produtos estavam sendo armazenados de forma erradaDivulgação/ Procon
O procon autuo seis estabelecimentos em Ipanema, zona sul do Rio, durante a operação Ratatouille, nesta segunda-feira (14). No total, foram descartados 3 litros e 630ml de água tônica e cerveja, um barril de 50 litros de chope, e mais de 49kg de alimentos impróprios para consumo.
O caso mais grave foi o do restaurante Brasileirinho, no qual os fiscais inutilizaram 17kg de feijão, frango, peixe e picanha sem informações sobre o prazo de validade. O estabelecimento foi flagrado armazenando alguns produtos de forma errada; perto da caixa de gordura e em contato direto com o chão. Além disso, os agentes encontraram instalações elétricas expostas, ferrugem na câmara frigorífica, e azulejos quebrados no chão e nas paredes. O restaurante tem um prazo de 30 dias para solucionar os problemas.
Veja a lista de estabelecimentos autuados pelo Procon:
1 - Satiricon (Rua Farme de Amoedo, 192/Ipanema): 800g de camarão sem especificação; 5kg e 100g de massa para casquinha de siri, 900g de doces finos, 2kg e 900g de caldas e 2 litros e 800ml de água tônica vencidos.
2 - Bazzar (Rua Barão da Torre, 538/Ipanema): 1kg de camarão seco, 1kg e 500g de cabeça de peixe, 1kg e 800g de sururu e 12 ovos sem especificação; 2kg e 500g de camarão seco, 500g de creme de leite, 500g de coalhada, 280g de queijo de cabra, 350g de cobertura de chocolate e 830ml de cerveja vencidos.
3 - Banana Jack (Rua dos Jangadeiros, 6/Ipanema): 1kg de queijo, 200g de morango e 200g de chantilly sem especificação; 1kg de café, 450g de contra filé e um barril de 50 litros de chope vencidos. O estabelecimento cobra R$30 para entrada sendo que R$20 são revertidos para consumação.
4 - Brasileirinho (Rua dos Jangadeiros, 10/Ipanema): 8kg e 500g de feijão pronto, 4kg de frango, 2kg e 150g de picanha, 1kg e 210g de peixe e 1kg e 200g de hambúrguer sem especificação. Alimentos armazenados perto da caixa de gordura e diretamente no chão. Chão, parede e ferrugem na câmara frigorífica. Instalação elétrica desprotegida. Dado um prazo de 30 dias para sanar as irregularidades.
5 - Casa da Feijoada (Rua Prudente Morais, 10/Ipanema): 1kg e 500g de palmito e 650g de molho madeira sem especificação; 450g de champignon vencidos.
6 - Felice Café (Rua Gomes Carneiro, 30): 1kg e 400g de tomate seco sem especificação; 1kg de quinoa, 500g de trigo, 500g de queijo minas, 250g de gengibre, 1kg de passas, 1kg de feijão de fava, 2kg e 250g de biscoitos e 1kg e 875g de molhos vencidos.