PARABÉNS AO GOVERNO POR SUA FISCALIZAÇÃO

Além de pichações, vândalos agora derramam óleo nas trilhas e escadas da Pedra do Arpoador

Famoso pelo pôr do sol, cartão-postal ficou ainda mais sujo no fim de semana. Moradores e frequentadores fazem manutenção

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Num dos lugares mais deslumbrantes do Rio, as pedras do Arpoador são alvo de pichadores e vândalos que derrubam óleo no local - Gabriel de Paiva / Agência O Globo
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RIO — Se existe um berço para a cultura praiana do Rio, ele se chama Arpoador. Foi lá que o biquíni fez sua estreia e onde surgiu a moda (antiga) de se aplaudir o pôr do sol. Mas essa relação afetiva com a cidade parece não ser suficiente para deixar a famosa e tombada Pedra do Arpoador com a melhor das aparências. Vândalos não desistem de pichar o local, que, no fim de semana, ficou ainda mais sujo devido a um estranho óleo negro jogado pelas trilhas, escadas e até sobre banquinhos. Um voluntário, no domingo, tentou limpar a pedra jogando areia sobre o produto. Na manhã desta segunda-feira, porém, rastros da ação de vandalismo ainda podiam ser vistos por cariocas e turistas que circulavam pelo cartão-postal.
O engenheiro José Conde, morador de Ipanema, indignado com a cena vista na manhã de domingo, fotografou trechos da pedra cobertos pelo óleo. O autor da ação não poupou nem as plantas.
— Parece que jogaram óleo de carro tanto nas pedras quanto na vegetação — afirma o engenheiro, dizendo que a Pedra do Arpoador vem sendo afetada pelo descaso também de banhistas. — Fazem tanto xixi ali que o ácido da urina deixa a pedra corroída, criando caminhos até o mar. Agora, jogar óleo foi exagero. Daqui a pouco vão tacar fogo na pedra. Falta fiscalização.
‘Fazem tanto xixi ali que o ácido da urina deixa a pedra corroída’
- JOSÉ CONDEmorador de Ipanema
Joel Rodrigues, frequentador do Arpoador e que atua como voluntário fazendo a manutenção da pedra, diz que há tempos a Comlurb não remove as pichações, que hoje ocupam, principalmente, as rochas que ficam de frente para o mar. Ele foi o responsável por tentar retirar o óleo no domingo, quando até mesmo os banquinhos do mirante mais alto amanheceram imundos.
— Há mais de dois anos que a Comlurb não retira as pichações. Desde os anos 90 que recolho o lixo e cuido das plantas. Quando vi o óleo, joguei areia para tentar removê-lo. Amo esse lugar, por isso dou essa moral — diz Joel, que trabalha na construção civil.
PICHAÇÃO A QUALQUER HORA
Nem todo mundo que vai ao lugar compartilha do mesmo sentimento de preservação. O policial do 23º BPM (Leblon) Bruno Oliveira, que trabalha há quatro anos no Arpoador, conta que no domingo retrasado prendeu em flagrante um homem que tentava pichar a pedra.
— Ele estava pichando de dia na parte de baixo da pedra, próximo à praia. Os vândalos arriscam em qualquer horário, mas agem mais à noite, quando o policiamento vai embora. É uma pena ver uma paisagem tão bonita toda rabiscada — lamenta Bruno, dizendo que, com a Operação Verão, quatro policiais agora fazem a segurança permanente e exclusiva da Pedra do Arpoador nos finais de semana.
Antes, a polícia que atuava no Arpoador se dividia entre a pedra e a areia, afirma o PM.
Para José Conde, uma solução para o problema seria a instalação de câmeras de segurança e placas avisando que a área está sendo filmada.
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COMLURB PROMETE REMOVER RABISCOS
A Comlurb, que não comentou a demora em remover as marcas deixadas por vândalos na pedra, informa que o serviço de retirada de pichações inclui o Arpoador numa programação especial de limpeza, que será promovida “o mais breve possível”. De acordo com a companhia, o trabalho requer material especial e equipes treinadas, devido ao fato de a área ser íngreme. A companhia afirma ainda que hoje conta com um novo sistema de limpeza diária, em dois turnos, no calçadão e na areia do Arpoador.
Sobre a segurança, a Polícia Militar diz, em nota, que não há uma ação de policiais específica para o combate a pichadores. Mas destaca que o monitoramento da orla conta agora — dentro da Operação Verão — com uma plataforma de observação elevada na Praia de Ipanema, próximo ao Arpoador. O equipamento vai ajudar na identificação de suspeitos e no rápido deslocamento de policiais. A operação ganhou o reforço de 710 policiais de vários batalhões. Segundo a Guarda Municipal, seus agentes encaminham os flagrantes de pichações e outros tipos de vandalismo para a polícia. A pichação, afirma a Guarda, é crime previsto no artigo 65 da Lei de Crimes Ambientais (lei nº 9.605/98).


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