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Moradores de Ipanema pretendem entrar com ação contra empreiteiras da Linha 4

Encontro de moradores reuniu novas denuncias envolvendo as obras  de expansão do sistema metroviário

Jornal do BrasilCláudia Freitas
Os moradores e síndicos dos condomínios atingidos pelas obras do Metrô Rio no bairro de Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro, realizaram uma reunião emergencial na tarde deste sábado (17/5) para tratar de detalhes de uma possível ação cautelar que eles pretendem pleitear na Justiça contra o consórcio Linha 4, formado pelas construtoras Odebrecht Infraestrutura, Carioca Engenharia e Queiroz Galvão. Na madrugada do dia 11 de maio, uma cratera se abriu no meio da Rua Barão da Torre, em razão das obras de expansão do sistema metroviário. O afundamento provocou fissuras em prédios e levou pânico aos condômino, algumas famílias chegaram a abandonar temporariamente os seus imóveis. 
Obras de expansão do sistema metroviário podem trazer risco aos moradores de Ipanema
Obras de expansão do sistema metroviário podem trazer risco aos moradores de Ipanema
O encontro reuniu cerca de 80 representantes dos condomínios no auditório do prédio Cidade de Ipanema, que fica a 200 metros da cratera e foi um dos mais avariados. Segundo o engenheiro civil e de segurança no trabalho Fernando Azevedo, também morador da Rua Barão da Torre, vários aspectos da obra foram citados pelos moradores, que ainda relataram os recentes prejuízos com seus imóveis em decorrência do uso do 'tatuzão' (equipamento utilizado para escavação de túneis) pelas empreiteiras. Azevedo disse que medidas que o governo municipal havia prometido não foram cumpridas, especialmente as relacionadas ao perfil executivo do projeto, como a profundidade e velocidade das obras, que de acordo com ele está em um ritmo muito mais acelerado do que foi acertado com a comunidade. 
Os danos relatados pelos moradores no encontro demonstraram que a situação é mais grave do que parece, de acordo com Fernando Azevedo, que chamou a atenção para a quantidade de comentários sobre a forma que o acidente foi tratado pelo consórcio. "A cratera foi fechada rapidamente, para ninguém saber o que estava acontecendo ali. Na verdade, foi um acidente grave mascarado pelos seus autores. O cenário foi alterado, como fazer uma perícia eficiente?", questionou Azevedo. Moradores de imóveis localizados a poucos metros do buraco afirmaram que os funcionários das empreiteiras trabalharam durante toda a madrugada, fazendo muito barulho. 
Segundo Azevedo, a população que reside perto do canteiro de obras da Linha 4 afirma que há um mês observa uma constante trepidação nos imóveis, principalmente durante a madrugada. "Lustres, copos e outros objetos balançam dentro de casa. São muitos relatos desse tipo. Tem gente que nem consegue dormir e a preocupação é enorme para tudo mundo. Quando o morador vai reclamar no posto de atendimento na Praça da Paz ou através do teleatendimento, os funcionários do consórcio dizem que esse transtorno é normal e se quebrar qualquer coisa dentro de casa eles pagam. O que queremos é segurança, evitar acidentes. Quem vai imaginar que vão fazer uma obra dessa natureza na sua rua e arrebentar com seu apartamento?", desabafou Azevedo. O engenheiro civil enumera as reclamações dos condôminos após a cratera: são muitas fissuras e trincas em paredes, recalques em portarias e áreas de garagem.       
"Em função desses fatos, vamos entrar com uma medida cautelar pedindo a paralisação das obras, até que as causas do afundamento sejam completamente esclarecidas e as providências para segurança dos moradores sejam adotadas pelo consórcio.", afirmou Azevedo. Com a abertura da cratera, duas calçadas ficaram completamente destruídas. "Elas simplesmente foram engolidas pelo buraco e o acidente não foi mais grave porque aconteceu de madrugada e ninguém estava passando na hora.", disse o engenheiro. 
A preocupação dos moradores dos prédios que ficam no canteiro de obras da Linha 4 ainda não desapareceu. Durante a reunião, eles planejaram protestos que devem começar nesta segunda (19), com a exposição de faixas e cartazes nas janelas dos edifícios pedindo providências das autoridades e uma provável passeata pelas ruas da zona Sul, que deve acontecer no próximo sábado, após uma nova reunião geral dos síndicos com o jurista especializado na área civil e imobiliária. Esse encontro deve definir os primeiros passos para a abertura do processo na Justiça do Rio.
Geólogo alerta para riscos de desabamento
O geólogo Nilton Carvalho, integrante do Fórum de Mobilidade Urbana e voluntário no Projeto Segurança em Ipanema, alertou sobre os risco decorrentes das obras do consórcio Linha 4 no bairro carioca. Ele falou durante o encontro de síndicos e moradores neste sábado (17), detalhando pontos do planejamento da expansão do metrô no estado e afirmou que o surgimento da cratera na Rua Barão da Torres demonstra que a medida mais segura para a população é imediata paralisação das obras, para evitar um desabamento de algum edifício na região.  
Carvalho comentou que depois da licitação realizada no ano de 98 para a linha 4, muitas mudanças foram operadas, assim como em 2010 o projeto foi adaptado para as demandas da rede hoteleira e das Olimpíadas, deixando de fora o adequado planejamento do transporte urbano da cidade. Na avaliação do geólogo, a metodologia adotada para o projeto do Metrô Rio é inadequada. 
Há dois anos, Carvalho integrou o grupo de resistência à construção da estação na Praça da Paz, através do Projeto Segurança em Ipanema. Ele apresentou às autoridades e consórcio alternativas que, segundo o geólogo, teriam menos impacto urbanístico e social para o bairro, mas foram rejeitadas. "As obras foram evoluindo e o nosso grupo acompanhando. Eles [governo e consócio] prometeram não interditar as ruas principais de Ipanema, mas não cumpriram a promessa. E agora tem a cratera. Ou seja, tem todo um histórico esse projeto de expansão e os nossos pedidos sempre são ignorados.", afirmou o geólogo.  

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