METRÔ

Obra do metrô no Rio faz morador tomar remédio para dormir: "Treme tudo"

  • Hanrrikson de Andrade/UOL
    Segundo Nélio Ferreira, as paredes de casa tremem toda vez que o tatuzão começa a funcionar
    Segundo Nélio Ferreira, as paredes de casa tremem toda vez que o tatuzão começa a funcionar
O morador de um dos prédios danificados pela cratera que se formou na construção do metrô da Linha 4 em Ipanema, na zona sul do Rio, no domingo (11), Nélio Ferreira, 70, afirmou aoUOL que, desde o começo da obra, só consegue dormir com a ajuda de remédios.
“Eles furam o solo de madrugada. Quando o tatuzão passa na rua, tudo treme. As paredes, os quadros, os móveis”, disse o idoso. “Não tenho outro jeito a não ser tomar tranquilizante para pegar no sono.”
A obra na rua Barão da Torre, onde ocorreu o acidente, teve início há cerca de um ano, relatam os moradores. Desde então, a vida nunca mais foi a mesma, segundo testemunho de Ronaldo Novaes. Em razão das crateras abertas no último fim de semana, ele diz estar sem luz, gás e sinal de TV por assinatura.
“Está muito difícil morar aqui. Há um ano, esta era uma rua tranquila. Mas toda noite, sempre depois de meia-noite, eles passam com o tatuzão, e aí tudo fica vibrando”, reclamou ele, que mora em um dos edifícios vizinhos à obra. “Os operários informam que não estão autorizados a falar. Ninguém se posiciona.”
“Você sabe o que é tortura chinesa? O que acontece aqui é pior do que terremoto. O terremoto vem e aspessoas correm”, afirmou a mãe de Novaes, que pediu para não ser identificada. “Aqui é todo dia. É aquela gota que fica caindo insistentemente e te torturando, sem te deixar dormir.”
Ferreira declarou ainda que, no domingo, teve o sono interrompido pelo estrondo do acidente. “Parecia uma explosão de fogos de artifício”, contou. Além das rachaduras formadas na entrada do prédio, o morador disse ter identificado pequenas rupturas no chão da garagem. A convite do idoso, a reportagem doUOL esteve no local e constatou que, de fato, rachaduras se formaram no solo a ponto de fazer com que o piso soltasse.
“A gente não se sente seguro aqui. Moro há mais de 35 anos neste prédio e nunca vi algo parecido. Antes, a nossa preocupação era com os assaltos na rua, quando descia o pessoal do Cantagalo [favela vizinha ao bairro, com um dos acessos pela rua Barão da Torre]“, afirmou. “Hoje não sabemos se vamos encontrar a casa de .”

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