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Faixas mostram medo de moradores após rua afundar com obra da Linha 4

Por   | Para: CBN Foz
Cartazes protestam contra obras do metrô em Ipanema, Zona Sul (Foto: Reprodução / TV Globo)Cartazes protestam contra obras do metrô em Ipanema, Zona Sul (Foto: Reprodução / TV Globo)
Moradores de Ipanema, na Zona Sul do Rio, espalharam faixas pelas janelas dos edifícios e pediram mais transparência nas obras da Linha 4 do metrô. Cartazes como "Obras metrô SOS." e "Estamos com medo" puderam ser vistas nesta terça-feira (20). O Consórcio da Linha 4 informou que a cratera que se abriu em Ipanema, no dia 11 de maio, foi ocasionada "por um comportamento anormal e pontual na face de uma rocha fraturada durante a escavação do túnel do metrô no subsolo da via". 
'Estamos com medo', diz cartaz (Foto: Reprodução / TV Globo)'Estamos com medo', diz cartaz (Foto:
Reprodução / TV Globo)
Em nota, o consórcio afirmou que a rocha se desprendeu e afetou outros blocos, ocasionando a descompactação do terreno.
Desde que o buraco se abriu na Rua Barão da Torre, em Ipanema, as escavações da Linha 4 do metrô estão suspensas e devem continuar paradas na Barão da Torre, local do afundamento, de 45 a 60 dias para tratamento do solo, segundo o gerente de produção da obra, Aluísio Coutinho Júnior. Ele garante que não houve erro na operação, e que o desprendimento de uma rocha dessas características nessa área, considerada de transição entre escavação de área sólida e de areia, é "anômalo".
"Esse método (escavação com o equipamento conhecido comoTatuzão) foi o que limitou o problema. Se fosse outro método de escavação a proporção seria maior. A probabilidade disso acontecer de novo é muito pequena, muito baixa, nos cerca de 20 metros de terreno de transição que ainda falta de ser escavado", explicou.

Ainda segundo Coutinho, aquele trecho da Rua Barão da Torre é de transição entre solo rochoso e solo arenoso. Para minimizar a diferença entre as características dos dois solos, foi injetado cimento no ponto de transição. Foi isso que, segundo ele, garantiu que o incidente fosse localizado. Ele destacou ainda que o traçado para escavação foi planejado para que, em terreno arenoso, o Tatuzão não passasse sob os prédios.
Para que as escavações sejam retomadas naquele trecho, o consórcio irá injetar mais cimento "por cautela, por segurança", ressaltou Coutinho.
Operários do consórcio Linha 4 do metrô trabalham na Barão da Torre em frente ao edificio 137 em Ipanema, onde um buraco se abriu na frente do prédio (Foto: Antônio Scorza/Agência O Globo)Operários do consórcio Linha 4 do metrô trabalham na Barão da Torre em frente ao edificio 137 em Ipanema, onde um buraco se abriu na frente do prédio (Foto: Antônio Scorza/Agência O Globo)
O vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura seção Rio de Janeiro(Crea-RJ), Manoel Lapa, considera que o incidente na Rua Barão da Torre foi, de fato, algo pontual. "Obra de túnel como essa é muito mais complexa que fazer uma ponte ou viaduto porque você trabalha com um material muito heterogêneo, que é o solo", avaliou.

Lapa considera ainda que são mínimas as chances de outros acidentes ocorrerem com a retomada das escavações. "A região crítica é realmente a transição da rocha para a areia. Dali [da Rua Barão da Torre] pra frente vão pegar só areia. A possibilidade de acontecer acidentes com o tatuzão daqui pra frente é muito menor", avaliou, garantindo que o Crea-RJ acompanhará de perto a continuidade das escavações.
Método ideial
O estudo mostrou ainda que quatro fatores foram essenciais para que o incidente tivesse sido localizado e restrito: o método de escavação empregado, o tratamento prévio do solo, o monitoramento da estabilidade do terreno e das edificações do entorno e a aplicação do Plano de Contingência e Emergência de forma eficiente.
O consórcio ressaltou que quando o primeiro desnível na superfície foi constatado, a área foi isolada, a escavação suspensa e verificou-se que não havia nenhum risco para as fundações dos edifícios do entorno, pois tratava-se de um evento localizado. Com a área isolada, os serviços de água e gás foram interrompidos e as cavidades, preenchidas com concreto.
Em uma obra deste porte, o consórcio informou que os imóveis do entorno das escavações dos túneis e estações são monitorados permanentemente. Os prédios receberam instrumentos que possibilitam o acompanhamento de como as edificações se comportam antes e durante as obras. Segundo os dados, todas as medições estão dentro dos limites esperados, sem risco para as edificações.
Os estudos de sondagens, investigações geológicas e ensaios de caracterização do subsolo que precederam a obra mostraram que o Tunnel Boring Machine (TBM), o 'Tatuzão', é o equipamento mais adequado e seguro para executar este tipo de obra na Zona Sul do Rio de Janeiro. Por este motivo, foi o método adotado e será mantido.
O Consórcio disse ainda que estudos identificaram a necessidade de fazer um tratamento prévio de solo na região da Rua Barão da Torre, por ser um trecho de desemboque na transição da rocha para a areia, com rochas fragmentadas e água – característica que não se repete nestas configurações ao longo do traçado do túnel. O Consórcio Linha 4 Sul injetou calda de cimento no subsolo antes de iniciar as escavações, para minimizar a diferença entre as características de materiais encontrados no terreno. Este procedimento contribuiu para que o incidente tenha sido localizado, como mostra o resultado da análise do assentamento de solo na Barão da Torre.
"Para retomar a obra de construção do túnel entre Ipanema e Gávea, o Consórcio vai iniciar nos próximos dias serviços que devolvam a coesão ao terreno. Serão feitas injeções de cimento no solo, além de adotadas outras medidas no processo de escavação para evitar novos incidentes, com o uso de polímero de alta densidade aliado a material selante", concluiu a nota.

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