METRÔ

Rio

Obras do metrô: lojistas reclamam de queda nas vendas

Comerciantes do Leblon criticam obstrução da passagem e falta de segurança e estacionamento.

Jornal do Brasil
Na época dos protestos, em junho do ano passado, comerciantes de Ipanema e do Leblon se queixavam, afirmando que as depredações e os protestos estavam causando prejuízo e afastando a clientela. Na ocasião, os black blocs eram os principais vilões, que poderiam até levar as lojas à falência. Hoje, quase um ano depois, está claro que o que realmente vem prejudicando os lojistas são as obras do metrô. 
Desde outubro de 2012, diante da instalação de tapumes para as obras do metrô no Leblon, os comerciantes da região enfrentam dificuldades para manter as vendas. Na Rua Ataulfo de Paiva, entre a Rua Afrânio de Mello Franco e a Avenida Borges de Medeiros, não há passagem de carros. Mais recentemente, o caminho dos pedestres que transitavam entre os bairros de Leblon e Ipanema foi transferido para a Avenida General San Martin.    
"As obras do metrô afetaram com certeza o movimento, que caiu por volta de 80%. Botaram cartazes para chamar atenção para as lojas, mas não notei nenhuma melhora. As pessoastêm medo de serem assaltadas quando fica escuro, por causa dos tapumes. O trajeto acabou virando uma contramão também", lamenta Mariana de Brito, vendedora da loja Mercado Casa, que ganha por comissão. A gerente de uma loja de acessórios para a casa também cita a sensação de insegurança como um dos motivos para a diminuição das vendas. "As obras acabaram com a gente. Meu público é classe A, e com todas as notícias sobre os assaltos, sobre a sujeira nas ruas, as pessoas têm medo de vir. Aumentou o número de moradores de rua também. Além disso, não tem onde parar o carro. Se tem shopping por que vai andar por aqui?", questiona.   
Comércio fica atrás de tapumes
Comércio fica atrás de tapumes
Fernanda Freires, vendedora da American Pet, revela que a loja não faliu por causa do serviço de entrega e da fidelidade de alguns clientes. "Se não tivesse o serviço de entrega, teríamos falido. Aumentaram a parcela das vendas por telefone, porque não tem mais onde estacionar. Não falimos porque tem o cliente fiel, que sabe que o preço é mais em conta. A passagem foi fechada e ficamos escondidos, o cliente não tem acesso. As vendas caíram bastante, uns 50% pelo menos", conta.   
Outra questão apontada foi a piora acentuada após o bloqueio da passagem de pedestres que caminhavam entre Leblon e Ipanema. "Houve uma queda muito acentuada, a partir do mês de janeiro, principalmente, que foi quando obstruíram a passagem entre Leblon e Ipanema até para os pedestres. Isso atrapalhou muito o fluxo, a queda nas vendas foi por volta de 40%", explica Oscar Ferman, dono da Ferman Tecidos. "Depois que conversamos com o Metrô para minimizar os transtornos, colocaram os cartazes com o nome das lojas e fizeram uma decoração para que ficasse mais harmônico, mais leve, mas isso não melhora nem piora as vendas", completa. Um funcionário da Adelart Móveis também observa uma queda ainda maior das vendas após as recentes mudanças. "Em 2013 a rua estava fechada, mas ainda tinha acesso para Ipanema. No início de 2014 bloquearam tudo, dificultando mais ainda. Os pedestres agora passam pela rua de trás", afirma.   
"O movimento caiu bastante. A maioria não tem como estacionar, reclamam que sempre que estacionam por aqui levam multa. As condições afastam o cliente, tem barulho, poeira e insetos como abelhas e moscas. Ninguém vai deixar de andar em uma avenida confortável para andar por aqui, porque incomoda. Travou o comércio", reclama Rosally Silva, vendedora da Casa Bonita. Timóteo Soares, gerente da ótica Master Glasses, utiliza um ditado para ilustrar o impasse. "Quem não é visto não é lembrado. Parou o fluxo, parou o movimento. As vendas caíram entre 50% e 60%", informa.   
Um dos locais de mais difícil acesso é o restaurante Gourmet, isolado no lado esquerdo da rua e escondido entre os tapumes. Se o cliente não está previamente decidido a fazer sua refeição ali, com certeza não o encontrará por acaso. "Eu tinha 60 empregados e passei para 20. Ainda vou ter que demitir mais gente. As vendas caíram para 20%. Quase ninguém vem mais aqui, a maioria que vem trabalha no metrô. Aí eu coloco placas indicando o restaurante e vem a Comlurb autuar", critica Afonso Brandão, sócio do estabelecimento.   
Restaurante Gourmet escondido atrás de tapumes
Restaurante Gourmet escondido atrás de tapumes
De acordo com a assessoria do Consórcio Linha 4 Sul, existe uma equipe em contato permanente com moradores e comerciantes da região afetada, com o objetivo de minimizar os impactos das obras. Afirmam que foram instaladas câmeras de segurança e que houve reforço na iluminação, além da instalação de uma sinalização especial para indicar a localização das lojas. Os tapumes, por sua vez, teriam sido modificados para permitir maior visibilidade.
As obras do metrô têm previsão para serem finalizadas apenas em dezembro de 2015. Até lá, os lojistas terão que continuar a enfrentar as consequências da intervenção.

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