FERIADÃO EM IPANEMA

Mães usam paus de barraca para proteger os filhos de princípio de arrastão em Ipanema

  • Incidente aconteceu no trecho da praia em frente ao Hotel Fasano, na tarde desta sexta-feira


CLEO GUIMARÃES E ISABELA BASTOS - COLUNA GENTE BOA (EMAIL
RIO - A cena foi assustadora. Mães que estavam na praia de Ipanema, em frente ao Hotel Fasano, no início da tarde desta sexta-feira, usaram paus de barracas para tentar defender seus filhos de um arrastão que começou no Arpoador e chegou até o Posto 8. A pouco mais de um mês para o início do verão, arrastões e roubos praticados por gangues, às vezes com até 20 pessoas, estão se tornando frequentes naquela área.
O trecho é de grande concentração de crianças pequenas, já que ali está instalado o IpaBebê, associação de mães e filhos da área, uma espécie de Baixo Bebê ipanemense. Uma das mães que estava na praia na hora do corre-corre contou à coluna Gente Boa como tudo aconteceu.
“Estávamos todos com as crianças na praia e começou aquela onda, onde todos levantam, correm, pegam as crianças e saem desesperados. Levantei peguei o cabo da barraca e mandei os pais fazerem o mesmo, não dava tempo para correr. Passaram por nós quatro meninos, roubando tudo, e eu dei uma barracada. Logo depois passaram quatro guardas municipais”, disse a moça.
Não é o primeiro episódio de violência na região nos últimos meses. No dia 24 de setembro, o cantor Felipe Dylon, de 26 anos, nascido e criado no Arpoador, foi assaltado por dez garotos na Rua Rainha Elizabeth, quase chegando à praia. “Eles me cercaram na calçada. Um deles agarrou a minha mochila e me empurrou”, contou Dylon à época. O cantor chegou a cair no chão e saiu deslizando e se ralando todo até o muro de um prédio. Levaram a sua bicicleta.
Como Gente Boa mostrou em agosto, o trecho que vai da Rua Francisco Otaviano até o Posto 8, onde ele foi assaltado, é considerado terra de ninguém porque fica numa “zona cega” entre as áreas cobertas por três delegacias: a 12ª DP, na Hilário de Gouveia; a 13ª DP, na Nossa Senhora de Copacabana; e a 14ª, no Leblon.
Em 20 de outubro, um domingo, frequentadores do Arpoador relataram outra tentativa de arrastão. Barraqueiros, precavidos, têm usado até mesmo uma uma tática para não deixar os ladrões fugirem: a cada grito de “arrastão!” eles se posicionam em linha, impedindo o avanço pela areia.
Outra vítima recente foi o cantor e compositor Jards Macalé, que teve uma correntinha de ouro arrancada com violência no calçadão no final do mês passado. O ator Marcelo Serrado também denunciou um ataque à sua sogra. “Sou morador do Arpoador e fui na cabine da PM que tem ali, pedi pra mandarem viatura para reforçar. Nada... Estão assaltando na frente dos policiais”, disse o ator à coluna.
Preocupadas com a onda de assaltos na Francisco Otaviano e arredores — um vídeo arrepiante que mostra um rapaz sendo assaltado e espancado por uma gangue à luz do dia pode ser visto na internet —, cinco diferentes associações de moradores e esportistas de Copacabana, Arpoador e Ipanema se reuniram com representantes dos batalhões da área para cobrar reforço no policiamento da região.
Na semana passada, em um único sábado de praia lotada, PMs deram plantão na esquina das ruas Bulhões de Carvalho e Joaquim Nabuco — o epicentro dos ataques. Levaram para a delegacia, em poucas horas, 21 suspeitos dos assaltos. Dezessete deles eram menores de idade.


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