INSEGURANÇA


Barraqueiros pedem segurança onde morador de rua foi agredido no Rio

Moradores de rua dormem na área onde homem quase foi enterrado vivo.
Vítima teve lesões e traumatismo no tórax; quadro de saúde é estável.

Káthia Mello Do G1 Rio


Morador de rua dorme em vegetação em Ipanema, na altura do Posto 10 (Foto: Káthia Mello/G1)Morador de rua dorme em vegetação em Ipanema, na altura do Posto 10 (Foto: Káthia Mello/G1)
Silêncio e desconfiança rondam o Posto 10, na Praia de Ipanema, Zona Sul do Rio, no trecho onde um morador de rua foi agredido e quase enterrado vivo por três jovens, na madrugada de domingo (1º). O G1 percorreu o trecho da praia nesta segunda-feira (2) e ouviu relatos de banhistas, funcionários e donos de barracas. Eles reclamam do aumento da insegurança e do número de moradores de rua na área.
No trecho, não existe um posto do Grupamento Especial de Praia (GEP), que faz o ordenamento na orla de Ipanema. A última barraca fica na altura da rua Garcia D'ávila, quase em frente ao Ceasar Park. De lá até o Posto 11, não há posto de policiamento.
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Barraca do policiamento de praia da Guarda Municipal montada na altura do Posto 9, em Ipanema (Foto: Káthia Mello/G1)Barraca do policiamento da Guarda Municipal (Foto: Káthia Mello/G1)
"Ipanema está sem policiamento. À noite, quem vem caminhar aqui na areia a gente orienta para tomar cuidado porque fica deserto e não tem polícia", diz Adaílza Maria de Jesus, dona de uma barraca que fica em frente do Country Club.
Segundo ela, havia uma barraca de policiamento no local que foi retirada em fevereiro de 2011. Adailza diz ainda que alguns moradores chegaram a fazer uma abaixo assinado para que o policiamento retornasse.
Os barraqueiros dizem que não conheciam o morador de rua agredido. "A gente nunca sabe quem são eles porque eles ficam um tempo e voltam. Às vezes eles somem e nem voltam mais depois de se meter em brigas", contou um comerciante, que preferiu não dar o nome.

De acordo com relatos de quem trabalha na praia, os moradores de rua preferem dormir na área de preservação ambiental que fica na frente do Country. "Eles chegam por volta das 22h e armam o colchonete em cima da vegetação. Saem cedinho e só voltam para dormir", conta Adaílza.
Na tarde desta segunda, o G1 flagrou um morador dormindo dentro da área de vegetação. Ao ser perguntado sobre a agressão, ele disse não saber do ocorrido e voltou a dormir.
Até a publicação desta reportagem a Guarda Municipal do Rio de Janeiro não o informou porque não existe uma tenda do grupo de ordenamento da praia no trecho onde houve a agressão ao morador de rua.
Vítima tem quadro estável
O morador de rua que foi agredido e quase enterrado vivo por jovens sofreu lesões e traumatismo no tórax e está com quadro de saúde estável, mas não tem previsão de alta hospitalar, segundo informou nesta segunda-feira (2) a assessoria da Secretaria Municipal de Saúde.

De acordo com informações da 14ª DP (Leblon), Paulo César Furtado da Silva, de 18 anos, e dois menores, de 15 e 17 anos, usaram uma pá para cavar o buraco na praia e um saco plástico para tentar sufocar a vítima. Policiais do 23ª BPM (Leblon) foram avisados por viram a ação e levaram os três para a delegacia.

O rapaz e os adolescentes disseram que o morador de rua teria estuprado a irmã de um deles e, por isso, tentaram enterrar o homem. No entanto, a Polícia Militar descartou essa hipótese, pois os autores moram em Itaipu e não conheciam a vítima, de acordo com o RJTV.

O morador de rua  seguia internado na tarde desta segunda-feira, no Hospital Miguel Couto, no Leblon. Ainda segundo a polícia, Paulo foi autuado por tentativa de homicídio e corrupção de menores. Os dois menores vão responder por fato análogo ao crime de tentativa de homicídio.

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