SEMPRE EM IPANEMA

Manifestação reúne pessoas a favor do parto humanizado em Ipanema


Rio - Cerca de 100 pessoas, entre grávidas, parteiras, enfermeiras e médicos, fazem uma manifestação em Ipanema à favor do parto humanizado. O grupo saiu do Posto 9 e segue em direção ao 8. Os manifestantes tem como objetivo popularizar a causa e conscientizar que a gestante também pode ter o parto humanizado no ambiente hospitalar.

Durante o protesto, uma advogada, Maria do Carmo Alexandra, de 54 anos, começou a gritar que a causa é uma forma de legalizar o aborto, já que incentivaria a perda do bebê no parto. Ela foi vaiada pelas pessoas que participavam da manifestação.



CAMPANHA ELEITORAL


Campanha de candidato vira barraco na orla de Ipanema

Movimentação de cabos eleitorais em caminhadas com políticos irrita alguns cariocas. Ontem, universitário e tucanos se estranharam e quase teve briga

Rio - Nos fins de semana, os candidatos intensificam a agenda de atividades nas ruas e vale tudo para chamar a atenção dos eleitores: carro de som, panfletinho, corpo a corpo. São manifestações permitidas pelo TRE, mas a presença ostensiva dos candidatos e do burburinho que causam por onde passam anda incomodando cariocas. Ontem, a caminhada do candidato à Prefeitura do Rio Otavio Leite (PSDB) terminou em ‘barraco’ na orla de Ipanema.

Foto: Fabio Gonçalves/
Agência O Dia

Como aos domingos, a orla fica fechada ao trânsito e vira área de lazer, o universitário, José Sapir, 20 anos, aproveitou a manhã de sol para andar de freeline (uma nova modalidade de skate). Ao pegar velocidade, esbarrou em uma criança que estava no grupo de Otavio. O rapaz parou e pediu desculpas. Mesmo assim, foi xingado de “imbecil” por dois cabos eleitorais do tucano.

Reagiu: “Imbecil? Imbecil é o caramba. Esse monte de bandeira tirou minha visão e, por isso, não vi a menina passando. Isso aqui é uma área de lazer. Não estou fazendo nada errado. Se eles querem fazer campanha política, que se organizem e fiquem concentrados em um canto da pista pra não atrapalhar quem quer se divertir”, reclamou o estudante. Para acalmar os ânimos, o próprio Otavio se apressou para pedir desculpas: “Foi um mal entendido. Está tudo bem”, interveio o candidato, já no Leblon, onde a caminhada terminou sob chuva.

No sábado, na caminhada de Eduardo Paes (PMDB) pelo calçadão de Campo Grande, alguns moradores também reclamaram da confusão. “Isso é uma palhaçada. Só porque é político acha que pode passar aqui empurrando todo mundo? Não é assim, não. Se eu empurrar alguém no meio da rua vão logo me chamar de mal educada”, disse a dona de casa Dayane Pereira, de 23 anos, grávida de 5 meses. A xará, Dayane Viana, 22, grávida de 7 meses, também se assustou: “Vim fazer pesquisa de preço pro enxoval do neném e, de repente, a rua encheu e começou o empurra-empurra.”





SEVERINO ARAÚJO - MORADOR HÁ MAIS DE 50 ANOS EM IPANEMA

Morre o maestro Severino Araújo, da Orquestra Tabajara


O maestro Severino Araújo, de 95 anos, que durante 67 anos comandou a Orquestra Tabajara, morreu nesta sexta-feira no Rio, vítima de infecção urinária e consequente falência múltipla dos órgãos. Diabético, ele estava internado desde 20 de julho no Hospital Ipanema Plus, na zona sul. O enterro será sábado, ao meio-dia, no cemitério São João Batista, em Botafogo (zona sul).

Criada em 1933, a Tabajara é a mais antiga orquestra de baile do Brasil e continua em atividade. Severino deixou a orquestra em 2005, quando transferiu a função de maestro ao irmão Jaime, saxofonista, hoje com 87 anos. Nascido na cidade pernambucana de Limoeiro em 23 de abril de 1917, filho do professor de música e regente de banda Cazuzinha, Severino começou a estudar música aos 6 anos e logo demonstrou seu talento. Dono de "ouvido absoluto", aos 8 anos ele já ajudava o pai a dar aulas aos instrumentistas; aos 12 anos dominava instrumentos de sopro e compunha e aos 16 esboçou os primeiros arranjos.

Em 1933 a família se mudou para Ingá, na Paraíba, onde Severino começou a trabalhar profissionalmente como músico. Em 1936 ele foi convidado para tocar na Banda da Polícia de João Pessoa, e em 1937 foi contratado pela Tabajara, criada quatro anos antes. Em 1938 o regente da Tabajara e pianista Luna Freire morreu e Severino foi convidado para substituí-lo.

O maestro foi para o Rio em 1944, e no ano seguinte os demais músicos da Tabajara também se mudaram para a então capital federal, onde a orquestra começou a brilhar nas rádios e nos salões de baile. A Tabajara gravou mais de cem discos, acompanhou os principais artistas brasileiros (Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tim Maia), fomentou o talento de muitos músicos (o clarinetista Paulo Moura integrou seus quadros), tocou para presidentes da República (Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek) e teve crooners famosos como Jamelão e Elizeth Cardoso.



PRAIA DE IPANEMA

..Uruguaia faz da praia de Ipanema o seu escritório no Brasil


Por Rafaella Javoski (rafaella.javoski@oglobo.com.br)
Agência O Globo – 1 hora 12 minutos atrás....Email

Foi durante a ditadura no Uruguai que Gloria Falero saiu do país. Preso político, seu marido conseguiu vir para o Brasil, e, pouco tempo depois, ela embarcou rumo ao Rio de Janeiro com os dois filhos. Trinta anos depois, Gloria é uma das barraqueiras mais conhecidas do Posto 9, e seus sanduíches, de frango, carne e linguiça, são um sucesso.

Durante algum tempo, o casal contou com a ajuda da Organização das Nações Unidas (ONU), mas, após o período de ditadura, ao optar por permanecer na capital fluminense, não pôde mais contar com esse benefício.

O primeiro emprego do casal de uruguaios, que teve mais um filho no Brasil, foi numa churrascaria. Descontentes com os baixos salários, porém, ambos tomaram a iniciativa de trabalhar na praia. E estão no mesmo ponto desde então, muito satisfeitos.- No começo, poucas pessoas vendiam comida na praia e muitos estranhavam quando oferecíamos algo. Mas, aos poucos, conquistei os clientes e hoje conheço alguns pelo nome - conta Gloria.

Moradora da Tijuca, ela não esconde a paixão por Ipanema, para onde vai nos dias de sol. Com a experiência de anos de praia, a ambulante comenta a mudança no perfil dos frequentadores das areias.

- A faixa etária dos banhistas tem diminuído; o público fica cada vez mais jovem - compara a uruguaia, que já vem atendendo os filhos de muitos dos antigos clientes.

Com um sotaque que entrega a nacionalidade estrangeira, Gloria lembra que nos primeiros meses sentiu dificuldade com a língua, já que não conhecia o português. E a solidariedade carioca foi essencial para que, aos poucos, vencesse o obstáculo. Hoje ela conversa com facilidade, e admira a música brasileira.

- Adoro o Zeca Pagodinho, já fui a muitos shows dele - afirma ela.

O bronzeado, por razões óbvias, está sempre em dia, e o samba, na ponta da língua. Mas há ainda outra característica que faz essa gringa mais carioca do que muitas garotas de Ipanema: o know how para fazer caipirinha. Questionada sobre o segredo do preparo, ela disfarça:

- Gosto tanto daqui que aprendi rápido a fazer a caipirinha brasileira. Faço tudo com amor porque trabalho contente. Não dá para ficar aborrecida com essa vista.

Apesar da saudade dos que ficaram no Uruguai, ela garante que não deseja voltar a morar em seu país:

- Isso não. Sou feliz aqui.



..