UM DIA DEPOIS DA CONFUSÃO

Após confusão em Ipanema, barraqueiros reclamam de prejuízo


Vendedores dizem que tiveram perda de R$ 400 a R$ 1000.

Confusão teria começado após guardas reprimirem altinho.

Renata Soares

Do G1 Rio


Um dia após a confusão entre banhistas e guardas municipais na Praia de Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro, barraqueiros da orla reclamaram em entrevista ao G1, na manhã desta quarta-feira (10), sobre os prejuízos que tiveram com as cadeiras quebradas e bebidas não pagas. Segundo eles, muitas pessoas foram embora sem pagar o que deviam. A dívida de alguns chegou a até R$ 1000.


A confusão aconteceu no Posto 9, na localidade conhecida como Coqueirão, exatamente em frente a barraca “Celebridade 98”. De acordo com o dono da tenda, Zurrier Souza, de 28 anos, a cena foi ‘patética’ e ‘ lamentável’.


Barraqueiros tiveram cadeiras quebradas após briga na Praia de Ipanema (Foto: Renata Soares/G1)Qual turista vai querer voltar aqui depois de uma briga feia dessas?"Renato Rodrigues, barraqueiro“Foram 20 cadeiras quebradas, mais de 40 latinhas de cerveja que não foram pagas, fora os cocos também. Um grande desrespeito a todos nós que ficamos aqui nesta praia todos os dias debaixo de sol quente. Agora, eu só queria saber quem vai pagar todo esse prejuízo. Porque eu e meus amigos precisamos desse dinheiro”, relatou o barraqueiro, que trabalha na praia há 10 anos.

Ele acrescentou também que ainda não teve tempo de calcular o valor exato do prejuízo.

“Eu ainda tenho que colocar na ponta do lápis quanto em dinheiro eu perdi. Nem tive cabeça ainda para isso. A briga foi muito feia, só via as minhas cadeiras voando para tudo quanto é lado. Foi uma cena triste e assustadora. Aqui sempre rolam essas briguinhas, mas igual a de ontem, nunca vi igual”, completou.

De acordo com os barraqueiros, a briga teve início quando os guardas municipais tentaram proibir jovens de jogar altinho - brincadeira em que se forma uma roda e os participantes tentam não deixar a bola cair — na beira do mar. No entanto, eles relataram que um dos banhistas era um jovem que havia sido reprimido pelos agentes, na semana passada, por estar na praia com um cachorro.

“Na verdade, o altinho foi o motivo secundário. O principal mesmo foi essa rixa dos guardas com esse menino, que, por sua vez, também acabou se exaltando ontem. E aí, foi pancadaria, gritaria, cadeiras e cocos para tudo quanto é lado”, disse Zurrier.

Praia de Ipanema tem briga entre banhistas e guardas municipaisOutro barraqueiro de Ipanema, Renato Rodrigues, de 20 anos, contou que perdeu oito cadeiras e deixou de receber pagamento de 26 latinhas de cerveja, totalizando, segundo ele, o prejuízo de R$ 271.
“Foi tudo muito rápido. Não deu tempo de ver quem era e quem não era da minha barraca. Em questão de cinco minutos, só via minhas cadeiras indo parar lá do outro lado, na barraca do meu amigo. Na correria, os banhistas e muitos turistas que estavam aqui foram embora. É uma pena, porque além do prejuízo material, talvez a gente acabe perdendo clientes também. Qual turista vai querer voltar aqui depois de uma briga feia dessas?", lamentou.

Cadeiras foram quebradas durante a confusão em

Ipanema(Foto: Renata Soares/G1)Barraqueiro de Ipanema há mais de 13 anos, José Moraes, contou que após ter oito cadeiras quebradas e deixar de receber o pagamento de 31 latinhas de cerveja, a dívida chegou a R$ 1 mil.

"Essas confusões sempre acontecem aqui. É normal. Quase sempre pelo mesmo motivo, esse tal de altinho. Aí foi briga daqui, briga dali e eu só via minhas cadeiras indo parar na barraca lá do outro lado. Nessa brincadeirinha eu tomei um prejuízo de R$ 1 mil", contou.

A confusão também afetou os barraqueiros José Batista Filho, de 55 anos, e Reinaldo Silva, de 41. Ambos têm agora uma dívida de aproximadamente R$ 400.

Altinho divide opiniões

O altinho, jogo responsável pela briga entre banhistas e guardas, divide a opinião dos banhistas. Diferente do futevolei, o altinho acontece na beira-mar, o que, segundo a Prefeitura, é proibido das 8h até as 16h. "Eu canso de ver essas bolas batendo em idosos e crianças. Nunca aconteceu nada grave, mas os guardas não podem esperar que aconteça para proibir. Acho justo a atitude deles e acho que seria mais digno se esses jovens esperassem o horário da liberação do jogo", disse o aposentado e morador de Ipanema, Odair Simão, de 67 anos.

Já a professora Elisabeth Ilmar, de 43 anos, tem opinião contrária. "Está sol, quente, eles (jovens) não estão causando mal algum jogando ali na beira da praia. O lugar onde é liberado o altinho, além de ser quente, quase sempre está lotado de pessoas jogando o futvolei. Eles só querem se divertir. Acho, realmente, que os guardas deveriam ter uma postura menos agressiva", concluiu.
Guardas reforçaram o patrulhamento na praia, nesta quarta-feira (10) (Foto: Renata Soares/G1)Para ler mais notícias do G1 Rio, clique em g1.globo.com/rj. Siga também o G1 Rio no Twitter



Nenhum comentário:

Postar um comentário